sábado, julho 17, 2004

Interrogações

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

É já na próxima 4ª feira que o Belenenses disputa o primeiro jogo da nova época futebolística, frente ao Olhanense, e em Santiago do Cacém – na sequência das diligências feitas por dedicados adeptos azuis que ali residem.
 
Trata-se apenas de um jogo, para mais particular e de preparação; todavia, como primeiro da época ele suscita uma especial curiosidade.
 
Não podemos, certamente, embandeirar em arco se as coisas saírem bem ou desesperar se forem ao contrário. Entretanto, este jogo pode dar algumas indicações para responder às dúvidas que subsistem. Na verdade, apesar de o plantel ter sido considerado como fechado (estará mesmo, quer nas entradas, quer nas saídas?), subsistem muitas interrogações importantes e interessantes. Por exemplo:
 
* Que sistema de jogo privilegiará Carvalhal? Um mais ou menos linear 4-4-2? Um 5-3-2, a defender, transformado em 3-5-2 a atacar (e vice versa) com três centrais e dois jogadores nas laterais, a fazerem tanto de defesas como de médios-ala (talvez Amaral + Brasília ou Eliseu, em vez de Sousa + Cristiano, hipóteses prováveis no primeiro sistema)? Ou apostará num sistema com 3 atacantes, numa base de 3-4-3 (a atacar) e 5-2-3 (a defender), neste caso precisando de dois médios muito consistentes e rigorosos? Ou, ainda, ficará num muito português 4-2-3-1 (improvável, pois temos poucas soluções para trinco)?
 
* Que aposta haverá em jogadores jovens formados em Belém, como Gonçalo Brandão e Eliseu?
 
* Que valem jogadores que a maior parte de nós nunca vimos jogar? Refiro-me naturalmente a Amaral e a Sandro (devo dizer que estou optimista quanto a este, achando que, se a qualidade se confirmar, então devemos aceitar com naturalidade os seus 31 anos. Neste momento, não temos hipóteses financeiras de adquirir um jogador de verdadeira qualidade muito mais jovem; por outro lado, um defesa tende a “durar” mais do que, por exemplo, um centro-campista).
 
* Será que o Rodolfo Lima confirma as expectativas de muitos (não as minhas, confesso)? É que, além do mais, e apesar de tudo, a nossa camisola pesa mais que a do Alverca. E porque no plantel há 3 avançados de características semelhantes – Antchouet, Lourenço e R.Lima?
 
* Será desta que o Neca consegue explodir de vez? O Andersson poderá jogar no seu lugar natural? O Pelé será utilizado a trinco ou a defesa?
* Que “onze” tem o treinador na cabeça? Claro que isto depende muito da primeira questão. Estou curioso porque, neste momento, por uma série combinada de razões, só dou o Marco Aurélio como titular de caras. Talvez também o Lourenço (pena ser emprestado... e pena, dessa forma, poder tapar o Eliseu), o Sandro (se for o que julgo) e... não sei mais. “Aceitam-se apostas...”
 
Hipóteses de onzes titulares:
 
Em 4-4-2... M. Aurélio; Sousa, Sandro, Mangiarratti e Cristiano; Pelé, Andersson, Zé Pedro e Eliseu (ou Neca e Zé Pedro); Antchouet e Lourenço.
 
Em 3-5-2 / 5-3-2.... M.Aurélio; Mangiarrati, Sandro, Cristiano; Amaral, Pelé, Andersson, Zé Pedro e Brasília (Eliseu?); Antchouet e Lourenço.
 
Em 3-4-3 / 5-2-3.... M.Aurélio; Amaral, Mang, Sandro, Cristiano e Brasília; Pelé e Andersson; Antchouet, R.Lima e Lourenço. Acho esta a hipótese mais improvável; acho que Carvalhal não deixará de apostar em Zé Pedro.
 
Em 4-2-3-1.... M.Aurélio; Sousa, Mang, Sandro, Cristiano; Pelé e Andersson; Zé Pedro, Neca e Lourenço; Antchouet (mas lá estaria o Andersson a trinco... a não ser que o Tuck fizesse o lugar, avançando Andersson para o lugar de Neca...).
 
Enfim, são meras conjecturas do que o treinador pode ter na ideia. Mas, pessoalmente, gostava muito que o Gonçalo Brandão, o Eliseu, o Neca e o Ruben Amorim se impusessem como titulares...
 
Finalmente duas ou três observações:
 
Como já várias vezes disse e expliquei, sou contra o recurso a empréstimos de jogadores de outros clubes portugueses (salvo numa situação de reciprocidade); mas não tenho nada contra os jogadores que são objecto desse empréstimo, conquanto honrem a nossa camisola. A minha posição é de princípio: e, por isso, independente de, a título imediato, ficarmos, por exemplo, em 4º lugar a contar do cimo, ou 4º lugar a contar do fim da tabela. É uma questão de identidade clubística, de marcação do nosso espaço, e de horizontes para o futuro.
 
Apesar de ter feito uma má época o ano passado, Verona dava um toque de classe à equipa. Ainda tinha futebol para dar e todos os jogadores têm uma época menos boa. Não veio ninguém com as suas características. Acho que foi mal dispensado. E também não sei se foi bom deixar sair o Hélder Rosário. Tinha uma boa margem de progressão.
 
Continuo a achar que o lado esquerdo da defesa deveria ter um lateral de raiz e que precisamos de um jogador alto como referência na área. Até porque, para diferentes situações, necessitam-se diferentes soluções. E, também, porque os treinadores podem ficar anos, meses ou até semanas... Oxalá o Carvalhal fique muitos anos bem sucedidos no Belenenses. E oxalá esta seja uma época de transição para nos aproximarmos de um Belenenses forte e à altura da sua história!

Sem comentários: