quinta-feira, setembro 30, 2004

EVOLUÇÃO DO BLOG: Setembro

Estando a terminar o mês de Setembro relembramos as últimas melhorias que o Blog do Belenenses sofreu nos ultimos 30 dias.
- criação de uma nova rubrica "BELENENSES NO MUNDO"
- criação do quadro "CLASSIFICAÇÃO"
- criação do quadro "RESULTADOS/CALENDÁRIO"
- criação do quadro "MARCADORES"
- criação do quadro "DISCIPLINA"
- actualização da informação relativa ao "PLANTEL"
- actualização das fotos dos jogadores
- criação de banner especifico para "Blog do Belenenses no Egipto"

Os quadros resultados de "PRÉ-ÉPOCA" e "MERCADO" continuam disponiveis através de links.

Como será o mês de Outubro?

quarta-feira, setembro 29, 2004

A DÉCADA DE 70: PARTE II – A ÉPOCA DE 72/73


A parcial resolução do problema do Estádio, as receitas resultantes das boas assistências verificadas na época anterior (pelos motivos explicados no artigo da semana passada) e um bom trabalho nas camadas jovens de que se começavam a colher frutos, fez da época 71/72 um patamar de transição para anos bem sucedidos. De facto, repetimos a classificação da época anterior – um decepcionante 7º lugar – mas com mais pontos, maior proximidade dos primeiros, mais golos marcados, menos golos sofridos, menos “sustos” (nenhum, aliás...) e um plantel de indiscutível melhor qualidade. Para além do mais, teve o Belenenses ao seu serviço um treinador consagrado, Zézé Moreira, que, nomeadamente, treinou a selecção do Brasil vários anos - e por tudo isto, havia alicerces para o clube recuperar posições perdidas.

E assim foi, na época seguinte, 1972/73. Presidia ao clube o Major Baptista da Silva. Foi-se buscar para treinador Alejandro Scopelli, de quem já falámos num artigo a propósito do campeonato perdido a 4 minutos do fim em 54/55. Scopelli, um grande homem e um grande belenenses veio para o clube com Tárrio e Telechea mesmo final da década de 30, e este trio de argentinos deu um grande contributo para o progresso do futebol português. E, tantos anos depois, D. Alejandro Scopelli voltava ao Belenenses, agora como treinador, para o relançar para as posições cimeiras, que invariavelmente ocupava nos seus tempos de jogador.

Era um adepto do bom futebol. Lembro-me de um jogador do Belenenses (salvo erro, Quinito) relatar o seguinte: certo dia, num treino, um jogador desarmou um colega mas, logo em seguida, efectuou um passe inábil, que fez a bola sair do rectângulo. Scopelli interrompeu logo o treino e disse: “Senhor, o campo tem 110 metros de comprimento, 75 metros de largura. São mais de 8.000 metros quadrados! E o senhor, com tanto espaço, atira a bola para fora?!” (nota: de facto, na altura, e desde a fundação do estádio até meio da década de 90, o terreno de jogo do Restelo de jogo tinha aquelas dimensões, sendo o maior do país. Não me recordo se foi com Abel Braga ou João Alves que se encurtou mas o facto é que até esse destaque perdemos! Se por um lado se pode argumentar que, em nossa casa, onde em princípio atacamos mais, um terreno menor facilita o assédio à baliza adversária, o facto é que, por outro lado, os jogadores ficaram mais longe do público e do seu apoio). Mas Scopelli também sabia ser realista (como bom defesa que tinha sido...) e isso ficou expresso no grande número de empates que o Belenenses registou nessa época. Com as naturais excepções, num sentido ou noutro, a nossa carreira, basicamente, se traduziu-se em ganhar em casa e empatar fora.

Por outro lado, foram-se buscar uma série de bons jogadores, de que destacamos o médio (ou defesa? Já vamos falar nisso...) Calado, então internacional B, o excelente avançado centro brasileiro Luís Carlos e o magnífico paraguaio Paco Gonzalez. Este último veio para o clube via Real Madrid (que o levara para Espanha mas desistiu de o incluir no plantel), fruto das boas relações que então tínhamos, bem como do nosso prestígio e dos olhos abertos e atentos dos responsáveis. Como e por que é que se perdeu essa relação privilegiada com o Real Madrid? E, já agora, não seria melhor apostar em acordos dese género com clubes espanhóis e brasileiros, em vez de estarmos a receber emprestados do Sporting e do Benfica (para mais quando Rodolfo Lima se calhar podia ter vindo directamente para o Belenenses, e quando permitimos que se pemnse que o Benfica nos está a fazer um favor, quando somos nós que lhe estamos – mal! – a facilitar o pagamento de uma dívida)? NÃO ME CONSIGO CONFORMAR!

Adiante. Caso curioso, é que Calado era suposto jogar a médio mas Alejandro Scopelli, com o seu olho clínico, resolveu aproveitar a sua altura e poder de impulsão para o pôr a jogar a defesa central, adiantando, sim, para médio o até então defesa Quaresma (tio avô do Quaresma dos nossos dias). Alfredo Quaresma veio mais tarde a confessar que receou que ia ser queimado a jogar fora da posição habitual mas tal não aconteceu. Pelo contrário: fez grandes exibições, auxiliava a defesa e, ao mesmo tempo, “fartou-se” de marcar golos. Deste modo, chegou a internacional A, realizando vários jogos pela selecção nacional em 1973 e 1974.

Assim, a nossa equipa base durante a época foi a seguinte: Mourinho; Murça, Calado, Freitas e Pietra; Quinito, Quaresma e Godinho; Laurindo, Luís Carlos e Gonzalez. João Cardoso também jogou muito assiduamente. Note-se que, destes 12 jogadores, julgo que só 3 não foram internacionais A: Calado, Quinito e Luís Carlos – de qualquer modo, três excelentes jogadores. Também Carlos Serafim, internacional Esperanças e jogador com enorme futuro à sua frente (toda a gente dizia isso!), estava destinado a jogar com frequência. No entanto, em jogo particular com a CUF, a meio da semana, sofreu grave lesão que fez terminar a sua carreira. Novamente o azar a bater-nos à porta, depois de Vicente, Amaro, Pepe e vários outros!

O campeonato iniciou-se com uma vitória fora, no Barreiro, contra a CUF – então um adversário difícil para qualquer equipa (salvo erro, chegou a eliminar o Milão). Lembro-me do título da “Bola” no dia seguinte: “Será, Belenenses…?” (com o sentido: será que o Belenenses volta mesmo a ter uma grande equipa?).

No jogo seguinte, ganhámos ao Vitória Setúbal (então a viver a sua década de ouro) no Restelo, por 3-2, e o comentário da “Bola” (ainda me recordo)..., foi então: “Olá! Belenenses é mesmo verdade!”. Assisti a esse jogo no nosso estádio; lembro-me que fizemos uma bela exibição, sempre em vantagem no marcador (1-0, 2-0, 2-1, 3-1, 3-2) e com uma boa assistência, claramente mais de meia casa, isto é, cerca de 25 mil pessoas (uma fotografia desse jogo, e da assistência, pode ser encontrada no site oficial. Veja-se em Recortes, depois escolha-se Album de Recordações, depois jogos no Restelo. Então, no conjunto de fotos, é a 3ª. Já agora, veja-se a anterior. Para quem diz que o Restelo nunca encheu, talvez seja esclarecedor...).

Na jornada seguinte, confirmámos a nossa qualidade com um empate em casa do F.C.Porto (1-1), vencendo à 4ª jornada o União de Tomar por 2-0 (em jogo transmitido na Televisão, uma raridade naqueles tempos). E instalámo-nos no 2º lugar, a seguir ao Benfica, posicionamentos que se mantiveram até ao final.

Foi um belíssima época, em que me sentia autenticamente nas nuvens, com o “meu” Belenenses em 2ºlugar (e eu a sonhar que no ano seguinte era para sermos…Campeões). Houve apenas uma jornada de tristeza, a derrota por 5-0 na Luz, que me fez passar a noite seguinte em claro.

Nessa época, para o campeonato, assisti igualmente a um jogo com o Atlético (salvo erro, logo a seguir ao malfadado jogo da Luz), que vencemos por 3-2. Estariam no estádio, certamente, umas 20.000 pessoas... no mínimo (e tenho a impressão que não entrou assim muita gente depois de o jogo começar, por causa das bichas nas bilheteiras...)!

Presenciei também um jogo com o Boavista num sábado à noite. Estava, apenas, uma assistência mediana. Foi já na 2ª volta, numa fase menos boa, em que o Sporting, o Porto e o Setúbal se chegaram a aproximar do nosso 2º lugar. Empatámos 1-1, depois de termos estado a perder mas com um pormenor pitoresco: Tínhamos então um jogador chamado Ernesto, popularmente alcunhado de “cenoura” (por causa do seu cabelo ruivo). Habitual suplente (apesar de anos antes ter chegado a constituir uma grande promessa), nesse jogo, certamente por lesão de alguém, foi titular. Como as coisas não estavam a correr bem (estávamos a perder 1-0), a insatisfação corporizava-se no grito “tira o cenoura!”. E, de facto, Scopelli tinha a sua substituição preparada. Só que, entretanto, Ernesto, num remate de raiva, marcou um golaço, a alguns 30 metros da baliza. E saiu, sim, mas debaixo de uma forte ovação!

Vi, enfim, o último jogo, conta o Barreirense, que ganhámos 4-2, com uma primeira parte de luxo que terminou por 3-0. Sei que foram distribuídos postais autografados pelos jogadores, e também algumas bolas, e que estava uma excelente assistência, na festa do 2º lugar.

E como toda esta série de artigos começou com a questão das assistências, gostava de referir que, durante muitos anos, o Diário Popular publicava as receitas dos jogos de cada jornada, e a classificação das melhores receitas da época. Primeiro vinha o Benfica-Sporting, depois o Sporting-Benfica, e o Belenenses ficava invariavelmente com os 3º e 4º lugares, com as receitas relativas aos jogos com o Benfica e o Sporting (normalmente por esta ordem). O F.C.Porto vinha mais para trás, porque tinha uma grande número de sócios e poucos lugares (e bilhetes vendáveis) para não sócios. Os outros clubes estavam a larga distância. Acabe-se, pois, com o mito de que o Restelo esteve sempre às moscas - não é verdade! De que nunca encheu - não é verdade! De que nunca esgotou - não é verdade! De que mesmo as grandes assistências eram por causa de adeptos de outros clubes, porque só os do Belenenses não eram suficientes para tal - não é verdade!

E, já agora, uma das grandes enchentes no Restelo, a que assisti com os próprios olhos, foi o jogo, nessa mesma época, para a Taça de Portugal, com o Benfica. Que grande assistência e que grande proporção de belenenses! Perdemos por 4-2…mas fica a recordação de fazermos 1-0 logo no 1º minuto…No outro dia, na escola, ao encontrar o meu colega de carteira e de clube, tivemos em simultâneo a mesma exclamação: “E o primeiro golo? Foi o delírio!…”.

Como disse, esta foi uma época que acompanhei com grande alegria e empolgamento (não só no futeb ol, mas também no andebol, modalidade em que ficámos em 2º lugar, por pouco nos fugindo para o Sporting o título que, entretanto, conquistámos na época seguinte). E espero que compreendam a ternura com que olho para o que se reproduz nas gravuras aqui insertas: as folhas de um caderno em que eu – então um miúdo de 11/12 anos -, registava cuidadosamente (com a estranha letra da época...) os resultados no intervalo e no fim de cada jornada, os autores dos golos da nossa equipa, a classificação geral e, ainda, os melhores marcadores. Para mim, constitui uma autêntica relíquia, com quase 32 anos!

A terminar, cabe uma referência ao jogo que, em 14 de Dezembro de 1972, disputámos em Madrid. De facto, 25 anos depois de nos ter honrado com o convite para inaugurar o seu estádio, o Real voltou a convidar o Belenenses, agora para a festa de despedida de Gento (um dos maiores jogadores espanhóis de todos os tempos, e 5 vezes campeão europeu pelo Real Madrid). Um sinal do respeito que o Belenenses continuava a merecer. Perdermos por 2-1 mas, uma vez mais, com grande dignidade!


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terça-feira, setembro 28, 2004

75 anos de sócio

(Artigo de Eduardo Torres)

O nosso sócio mais antigo é Humberto Azevedo. Se a informação constante dos livros de Acácio Rosa está correcta, a sua filiação ocorreu em 1929. E, se assim é, completou 75 anos de sócio.

Setenta e cinco anos de sócio! O número diz tudo, vale mais que muitos milhares de palavras…

Entre alguns povos, chama-se reverentemente “O Velho” não apenas a alguém que é ancião mas, sobretudo, que merece respeito e reverência pela sabedoria, e que tem uma autoridade assente numa hierarquia natural.É nesse sentido que dizemos: parabéns ao mais “velho” de todos nós!

Nota do Blog do Belenenses:
Humberto Azevedo é, para quem não sabe, o filho do jogador internacional Eduardo Azevedo, que fez parte da primeira equipa do clune, na década de 20. Sócio muitíssimo dedicado ao clube, Humberto Azevedo ainda hoje se encontra ligado à actividade quotidiana do Belenenses, nomeadamente nas Relações Públicas.

Força Rapazes!


Ontem não estive na Amoreira. Outros compromissos, também ligados ao Belenenses, impediram-me de estar presente naquela bancada tão bem composta por sócios e adeptos azuís, que se fartaram de puxar pela equipa... Vi apenas os primeiros 25 minutos da primeira parte, no Núcleo da Ajuda/Belém, junto a outros tantos sofredores, todos eles cheios de vontade de sair a correr para o Estádio, mas sem possibilidade real de o fazer, por uma razão ou por outra.

Nos primeiros minutos vi um Belenenses um pouco mais fraco do que o habitual, pese embora depois do 1/4 de hora inicial o jogo tenha ganho equílibrio, com pelo menos dois bons remates para golo da nossa equipa (primeiro por Amaral e depois por Zé Pedro, dois bons rematadores da meia distância, nos quais deposito muita esperança).

Depois... depois fui à minha vida, e apenas às 23:30h consegui saber o resultado. Acabavamos de ceder a primeira derrota, a poucos segundos do fim, e depois de um jogo bem disputado e ainda mais equilibrado, durante o qual tudo deram os nossos jogadores. Fiquei triste, é um facto... mas tal como havia escrito aqui no blog durante a manhã, em futebol existem três resultados possíveis e todos temos de estar preparados para eles.

Não foi o facto de nos ter escapado o 1º lugar que me deixou frustrado. Foi não ter alcançado os 10 pontos e uma vantagem suficientemente confortável para ir ao Dragão "nas calmas...".

Carvalhal tem muito trabalho pela frente, mais psicológico do que técnico ou táctico. Segundo o jornal "A Bola" de hoje, o Belenenses até é a equipa portuguesa que melhor interpreta o sistema do losango a meio campo, e eu estou perfeitamente de acordo. É por isso que reafirmo: tão importante como preparar jogadas e combinações que surpreendam os campeões nacionais, a nossa equipa deve ser alvo de um trabalho de intensa preparação mental para um jogo que muitos proveitos no pode trazer.

O Porto joga amanhã um jogo importantíssimo para as suas aspirações na Liga dos Campões, e fisicamente isso paga-se. Estou certo que Carvalhal saberá tirar partido da situação. É que tal como na Amoreira, no Dragão existem TRÊS resultados possíveis e não apenas um ou dois. É possível trazer a vitória e seguir em frente a toda a velocidade.

Ainda a propósito do jogo de ontem, e porque a maioria de vós estavam no Estádio a apoiar o Belém, deixem-me contar-vos um episódio que se passou durante a transmissão da SporTV, durante os minutos iniciais: pouco depois da apresentação das equipas, o pivot de serviço afirma que se irão bater equipas com níveis diferentes de qualidade e pertencentes a dois campeonatos distintos. O comentador que o acompanhava, um tal de João Rosado, afirma que sim, acrescentando que depois do empate no Porto o estoril seria uma equipa com outras responsabilidades... Era perfeitamente lógico que o pivot se referia à teórica superioridade do Belenenses, e por isso calou-se durante alguns segundos, sem saber muito bem o que dizer.

Enfim, mais uma para acrescentar às muitas "bocas" e "faltas de atenção" que a SporTV dispensa ao Belenenses.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Sobre a partida de hoje...

O que para muitos seria impensável no início da temporada está mesmo a acontecer: ao 4º jogo oficial da época o Belenenses pode igualar o Benfica no primeiro lugar da tabela classificativa, à frente do Campeão Europeu FC Porto e bem longe do Sporting, que se encontra no fundo da tabela.

Para o efeito, a nossa equipa terá de suar bastante no jogo desta noite frente ao Estoril, na Amoreira. É que o Estoril tem uma equipa bastante forte, e mesmo sendo na minha opinião bem inferior à do Belenenses pode muito bem superar-se (como aconteceu no Estádio do Dragão) e pôr em causa as nossas aspirações.

Importa aqui relembrar o último confronto oficial entre as duas equipas, ocorrido nos 1/4 de final da Taça de Portugal, no ano passado. No Restelo disputou-se uma eliminatório extremamente desiquilibrada, mas a favor dos estorilistas, que mandaram no jogo e que acabaram por ser infelizes.

As equipas mudaram, e este ano existe muito mais qualidade na nossa equipa. Todos reconhecemos que existem mais soluções de ataque, mais solidez defensiva e um meio campo de fazer inveja a alguns auto-proclamados candidatos ao título. Isto para além de Carvalhal, claro!

Pelo seu lado, o Estoril perdeu por exemplo Carlitos (uma jogador que sobressaia na equipa da linha, mas que se está a perder no plantel do Benfica) e viveu um início de época perturbado pela substituição do treinador...

Logo há noite tudo se decidirá dentro das 4 linhas, e com 11 contra 11. Existem três resultados possíveis, e devemos estar preparados para todos porque afinal isso é que é o futebol. Mas de que a nossa vontade é chegar ao 1º... disso ninguém duvide!

domingo, setembro 26, 2004

O Belenenses na América do Norte

O Blog do Belenenses recebeu um surpreendente e comovente contributo de um azulão fixado na América do Norte, que nos acompanha via internet e que não perde uma oportunidade para ver o nosso clube sempre que a televisão lhe dá essa chance, o Sr.Alfredo Costa.

Leitor habitual dos blogs azuís, e conhecedor do empenho do Blog do Belenenses na divulgação da história do clube, Alfredo Costa enviou-nos uma imagem de um magnífico emblema de lapela que comprou há 60 anos... Segundo este nosso amigo, este emblema acompanhou-o num jogo ainda nas Salésias em que Matateu meteu dois golos ao Sporting.



Ao Alfredo Costa, jovem de 76 anos, visivelmente apaixonado pelo seu Belenenses, aqui fica um muito obrigado e um convite para participar mais neste e noutros blogs, que vão contribuindo para a valorização e divulgação deste enorme clube da Cruz de Cristo!

O 1º Mergulho 2004, no CF "Os Belenenses"

Artigo publicado no BLOG AQUÁTICO

O complexo olímpico de piscina do Restelo acolheu ontem de manhã o "1º Mergulho" da Temporada, evento inserido no 85º aniversário do Belenenses, clube histórico da natação e do pólo-aquático de Portugal.

A prova não competitiva marcou o inicio da época aquática do clube, pese embora as suas equipas de competição já tenham recomeçado os treinos no início de Setembro, depois de um mês de merecidas férias. Recorde-se que as equipas competitivas do Belenenses disputam todos os anos ao mais alto nível as provas do calendário nacional, na natação e pólo-aquático.


Complexo Olímpico do Restelo

O Blog Aquático assistiu ao "1º Mergulho" com emoção. Desde logo porque não escondemos que o Belenenses é o clube do nosso coração, e aquele pelo qual torcemos, dentro dos limites do que é saudável e aceitável.

E foi ao assistir às primeiras braçadas das crianças que se iniciam na natação pura ou no espectacular desporto colectivo aquático que é o "Water-Polo" que nos recordámos de páginas de ouro escritas pelo nadadores azuís, desde os idos anos 20.

A natação no Belenenses é praticamente um dos desporto fundadores do Clube. Assim, o baptismo de água teve lugar a 23 de Setembro de 1923, na doca de Belém, pelas 13 horas, numa prova inserida no calendário das festividades do então 4º aniversário do Belenenses! Este interesse dos azuis pelos desportos de água não será alheio ao facto de Belém ser a freguesia ribeirinha por excelência em Lisboa, toda ela voltada ao Tejo, então um rio limpo e convidativo.

Em 1926 disputava-se a primeira partida de pólo-aquático com a participação de uma equipa belenense. O jogo colocou frente a frente os azuis e a equipa dos "Vendedores de Jornais". Pelos de Belém jogaram Joaquim Vaz, Eduardo Serra, Licínio Vaz, Delfim da Cunha, João Dário, João da Silva Marques e Libertino Bastos.



E porque é justo lembrar aqui os grandes campeões belenenses, importa destacar os nomes de Delfim da Cunha, João da Silva Marques e Mário da Silva Marques, primeiro nadador olímpico português.

Delfim da Cunha foi um grande nadador de longas distâncias, em mar aberto. Em inúmeras provas de 8 e 12 quilómetros, Delfim da Cunha fazia valer a sua força e abnegação, vencendo as longas travessias de rios mais ou menos gelados, como o Tejo e o Douro...

João da Silva Marques era um nadador mais fino, de piscina. Foi campeão nacional e recordista de Portugal... Atleta de excepção, simultaneamente nadador e jogador da equipa de pólo, nadando muitas vezes provas em pontos diferentes do país no mesmo dia, João da Silva Marques é provavelmente uma das maiores lendas do clube.

Depois da década de 20, o Belenenses conheceu outros momentos de glória e nadadores excepcionais. Na sector feminino destacou-se por exemplo Ana Linheiro, atleta dedicadíssima ao clube, e que ainda hoje tem responsabilidades no Museu/Sala de Troféus do Belém.

Hoje o Belenenses é proprietário de uma piscina olímpica, bem como de outros espaços ideiais para a aprendizagem da natação e do pólo-aquático. Encontram-se reunidas as condições para que o clube estabilize a posição que lhe é devida, entre os primeiros lugares da modalidades aquáticas, quando não no primeiro dos primeiros! Criaram-se as infraestruturas - ou seja, as bases essenciais para a promoção das modalidades - e os resultados desportivos têm aparecido com frequência nos últimos anos.



85 anos depois da fundação do clube e 81 anos depois do 1º Mergulho azul, o Blog Aquático envia o grande abraço a todos os nadadores e jogadores da natação e do pólo-aquático belenense, a todos os técnicos e dirigentes. A todos, de 1923 até aos dias de hoje, pois as medalhas e recordes conquistadas neste novo século são o resultado da semente lançada à água pelos iniciadores dos desportos aquáticos no clube.

sábado, setembro 25, 2004

Convívio de Bloguistas Belenenses

Depois de um ano a conviver diariamente à distância de um clique, os bloguistas azuis realizaram o seu primeiro convívio, precisamente no nosso querido complexo desportivo do Restelo. As imagens do Convívio encontram-se disponíveis em site criado para o efeito, com o endereço http://osbelenenses.no.sapo.pt.

Relativamente ao encontro importa assinalar dois aspectos essenciais: por um lado a importantíssima componente de convívio entre pessoas que, apesar de se conhecerem relativamente bem, não se conheciam em muitos casos pessoalmente; por outro lado, o facto deste convívio ter incentivado ainda mais todos aqueles que dedicam grande parte do seu tempo livre ao Belenenses, no sentido de continuarem este trabalho importante, de discussão dos problemas do clube, divulgação e valorização do Belém!

Um nota ainda para o Paulo Jesus, que há muito tempo vinha propondo este encontro, e que finalmente o viu concretizado: recebe do Blog do Belenenses um grande abraço azulão, de amizade e de ânimo para as duras batalhas que se aproximam...

sexta-feira, setembro 24, 2004

Sobre os convidados de ontem...

Belenenses e Benfica empataram ontem a duas bolas, no jogo que marcou o ponto alto do calendário desportivo das comemorações do 85º aniversário do Belenenses. Sobre o jogo já muito se escreveu, mas não faz mal nenhum voltar a repetir que a nossa equipa demonstrou uma vez mais carácter, alegria, fio de jogo e sobretudo uma atitude competitiva de excepção. Por duas vezes estivemos a perder e por duas vezes chegámos à igualdade... mais 15 minutos e a vitória seria bem provável. Os 15 minutos à Belenenses voltaram. Ainda bem!

Todavia, este texto destina-se a levantar algumas questões acerca do assunto que “aqui e ali” vai sendo discutido, algumas vezes com argumentos sólidos, outras vezes com apontamentos de humor que não escondem o mal estar que este jogo com o Benfica gerou entre uma parte dos sócios do nosso clube.

As relações entre Belenenses e Benfica viveram ao longo da história momentos de tensão. Alguns desses episódios já foram lembrados aqui, no Blog do Belenenses, e todos temos com maior ou menor conhecimento de causa, noção perfeita deles.

Esta tensão histórica sempre resultou do facto de nós sermos considerados pela generalidade dos benfiquistas como um género de pedra no sapato, verdadeiro entrave a uma dominação por parte do clube da Luz da cidade de Lisboa. Assim, se relativamente ao Sporting existe por parte dos da Luz uma atitude de doentia competição, no que diz respeito ao Belenenses a atitude é bem mais de irritação e má convivência.

Vem isto a propósito da polémica que constituiu o convite que foi endereçado pela direcção do Belém ao Benfica, para o jogo do 85º aniversário azul. É certo que este convite tem origens noutras guerras – também elas geradas pelo Benfica, como bem sabemos -, mas um convite para um aniversário é algo especial...

A pouca afluência de belenenses ao jogo de ontem prova que os nossos sócios e adeptos não têm memória curta. E é um sinal que deve ser entendido pela direcção do clube. Atenção: não discordo pessoalmente do reatamento de relações com os encarnados, até porque um dia isso teria de acontecer. Mas uma coisa é reatar relações... outra bem diversa é dar-lhes a honra que não merecem: a de comemorar os 85 anos do Clube de Futebol “Os Belenenses”.

Prova disso foi o comportamento dos adeptos do Benfica ao longo dos 90 minutos do jogo. De tudo se ouviu ontem no Restelo: cânticos de apoio ao Atlético, os “Parabéns” cantados em coro depois do 1º golo dos visitantes, em jeito de provocação, e mensagens do mais ofensivo possível dirigidas ao nosso clube (cujo conteúdo não coloco aqui por educação e desprezo). Tudo isto na nossa casa, caros consócios...

Senti-me como o dono da casa que vê um estranho pousar os pés em cima da sua mesa. E logo no dia do seu aniversário...

Pela minha parte foi o último jogo amigável a que assisti com o Benfica. Pelo menos enquanto a atitude dos benfiquistas perante o Belenenses continuar a ser tão hostil como patética. Jogos amigáveis disputam-se com clubes amigos... e o do ontem... amigo não é.

PALAVRAS QUE FORAM DITAS 23: Um Quarto de Hora à Belenenses


No Suplemento ao nº 66 do jornal portuense «O Az», de Julho de 1932, encontra-se uma CARTA ABERTA ao Clube de Futebol «Os Belenenses», que aqui reproduzimos, pelo testemunho imparcial (perante o qual, respeitosamente nos inclinamos) que constitui de um grande feito do Belenenses:

“Nunca o ‘AZ’ foi uma publicação que se preocupasse com manifestações de bairrismo inferior, porque o nosso conceito filosófico de vida social nos ensina que os homens são todos iguais à face da lei comum da natureza, tenham eles nascido no Porto ou em Lisboa, em Paris ou na Alemanha.

Nesse momento em que vós, peitos a descoberto e um formoso ideal no cérebro, ides encontrar-vos com a aguerrida e simpática equipa do Futebol Clube do Porto, o nosso desejo que triunfeis, não nasce das circunstâncias de temos nascido em Lisboa, como vós, mas assim da estupenda admiração do vosso feito, nesse mesmo campo de Coimbra realizou em 3 de Julho provocou no nosso coração de desportistas.

Depois do que por vós foi feito, ninguém mas absolutamente ninguém com mais direito do que o Clube de Futebol ‘Os Belenenses’ pode ostentar nesta época, o título de Campeão de Portugal!

O que vós fizesteis em 3 de Julho, deste nunca esquecido para os desportistas de Lisboa ano de 1932, foi qualquer coisa de assombroso, surpreendentemente, quase inverosímil pela fé indomável que pusestes na luta, pela energia fantástica de que destes cabalíssimas provas, pela alma generosa e brava que foi posta nesse combate titânico e extraordinariamente belo que tivestes de sustentar contra o público na sua maioria hostil mas que, por fim, foi forçado a reconhecer o vosso formidável valor de rapazes e desportistas!

E esse foi sem dúvida, o vosso maior e mais indesmentível triunfo! Entraste nessa tarde em campo em condições de inferioridade notáveis: público, estado físico dos jogadores, forçados por duros «matches» que o adversário não teve, ambiente desfavorável e até mesmo a sorte do jogo que vos foi adversa logo de início.

Começando o ‘match’ a toda a velocidade, o Porto consegue, em rápidos minutos, o seu primeiro golo. Vem logo após outro e quando o primeiro tempo termina, vós, cansados e esgotados por mil e um factores, tendes em desvantagem dois golos. Para ganhardes, preciseis de conseguir três pontos.

É difícil, quase impossível…

O público do Porto delira, o entusiasmo chega ao paradoxismo. É impossível a vitória para os rapazes de Belém. O Porto tem o campeonato de Portugal nas mãos…

Que é de Belém? Que é feito do Belém?
Apagou-se, esmagado pela fortíssima vantagem do Porto? Parece que sim, porque aos dez minutos desta parte vem o terceiro ponto dos Campeões do Norte. 3-0!

Que formidável punição para o vosso brio de homens do desporto, em que confiavam os que estavam em Lisboa lendo assiduamente os placards dos jornais, ou ouvindo, emocionados, os relatos da T.S.F.!

Mas este ponto acorda-vos as energias e desperta-vos o sentimento do dever. Decorrem oito minutos. E oh! Augusto Silva, o vosso o nosso Augusto Silva, num golpe assombroso de energia marca o ponto de honra. Supõe-se que é o ponto de honra… Palmas aos lisboetas.

3-1. Mas é tão pouco… Nada vos livra da derrota. Pinga acaba agora mesmo de marcar o quarto golo do Futebol Clube do Porto… É o fim. Os «belenenses» estão perdidos, sucumbidos, e têm de deixar fugir o título máximo para o Porto.

O público de Lisboa descrê.

Faltam só 15 minutos para o jogo terminar. A vitória do Porto é inevitável. Os portuenses rejubilam, delirantes, embriagados pelo triunfo que é certo, certíssimo, fatal como o destino.

Mas, eis que se opera o milagre!

E vós, jogadores de Belém, jogadores de Lisboa, vontade, energia, alma brio, valentia, ralé, essa vossa sagrada e bendita ralé, tudo amassado no mesmo cadinho de fé e de valor, sois sacudidos por um empurrão violento de dignidade, de consciência da responsabilidade que sobre vós impede!

Um alto e nobre sentimento de luta leal e digna sacode-vos dos pés à cabeça!
Vamos a isso rapazes!

E foi belo, e foi bonito, e foi comovente até às lágrimas!

Todos vós como um só, porque uma vontade vos absorvia e embriagava, vos lançastes nesse glorioso prélio desportivo, não disposto a vender cara a derrota, mas antes, com o terrível handicap de três golos, dispostos a vencer, vencer, vencer!

Luta homérica, foi essa, em que todos nós emocionados, olhos brilhantes, escaldando de febre, doidos, apopléticos, assistimos a esse espectáculo até então inédito nos anais da história do desporto português.

E de 1-4, triste record que vos era legado por um team que não merecia tanto, veio o 2-4, 3-4 e 4-4, e só não veio a vitória almejada, porque uma infelicidade cruel e caprichosa a impediu.

Desde esse momento solene o grandiloquente, o Clube de Futebol «Os Belenenses», merecia, sem nenhuma espécie de favor, o título de Campeão de Portugal!

Isto que vós fizestes, foi escrever a mais linda e embriagadora página de que se pode orgulhar o desporto português.

Nunca ninguém o tinha feito!

Nunca ninguém, a não ser vós, o poderá repetir!

Essa maravilhosa página que escrevestes nos faustos do vosso Clube, e na História das nossas lutas desportivas, foi a razão desta carta que, supomos interpretar os votos de quarenta, de cinquenta mil desportistas de Lisboa!”

Refere-se este texto à final do Campeonato de Portugal de 1931/32. Em jogo com o F.C.Porto, depois de estar a perder por 4-1, o Belenenses recuperou espectacularmente no último quarto de hora, e empatou por 4-4. Na finalíssima, duas semanas depois, perdemos por 2-1. Mas, no ano seguinte, recuperámos o título, batendo o Sporting, na final, por 3-1 (o mesmo Sporting que, naquela época de 31/32, batêramos nos oitavos de final por 6-0 e 9-0)!

quinta-feira, setembro 23, 2004

PALAVRAS QUE FORAM DITAS - 22 - Artur José Pereira e a Fundação do Belenenses



Passam hoje, dia 23 de Setembro, 85 anos de vida do Belenenses! É uma data que nos enche de júbilo e comoção, que nos evoca incontáveis êxitos e desventuras, tormentas e conquistas: uma história de paixão e resistência!


“SOMOS TODOS DE BELÉM, PORQUE HAVEMOS DE JOGAR PELOS ‘OUTROS’?”, perguntava Artur José Pereira, o principal fundador do Belenenses, com a sua férrea vontade de autonomia, inconformado por não haver um clube verdadeiramente belenenses. Um havia acabado (a União Belenenses), o outro (o Sport Lisboa) acabara por se fundir com um outro, de Benfica.

Mas, Artur José Pereira, que já depois da sua morte era ainda considerado “o maior futebolista português de todos os tempos” (entre outros, por Cândido de Oliveira), persistiu e acabou por cumprir o seu sonho – UM SONHO QUE NÃO PODEMOS DEIXAR MORRER NEM SEQUER MENORIZAR-SE. Devemos-lhe isso. Estou certo de que, SE ELE ESTIVESSE ENTRE NÓS, HAVERIA DE LIDERAR A LUTA POR UM BELENENSES FORTE E ALTANEIRO, QUE A NENHUM OUTRO CLUBE OU PODER SE SUBALTERNIZASSE.

Acácio Rosa, na sua história do Belenenses, escreveu muito sobre Artur José Pereira. Citamos aqui dois excertos muito significativos:


“ (…) O drama deste genial futebolista, a quem o desporto-rei ficou tanto a dever, que teve o infortúnio de viver em épocas de profissionalismo pecaminoso, consumiu os mais vigorosos anos da sua vida em empregos que nada lhe diziam… Deveria ter nascido quarenta ou mesmo sessenta anos mais tarde? Talvez. Mas também nos ocorre perguntar: se tal tivesse acontecido, o futebol português seria tão cedo adulto sem a sua presença?

Já no ocaso da sua carreira, tinha uma mágoa que consistia no seguinte: Belém, o seu bairro amado, berço de tantos futebolistas de valor e que criara o Sport Lisboa… Belém da ‘Cruz de Cristo’ não tinha, agora, um clube desportivo à altura do valor da sua juventude. Quando da fusão do Sport Lisboa com o Grupo Sport de Benfica, isto em 1908, Artur vaticinara na ocasião que o velho Sport Lisboa iria desaparecer com a absorção do outro bairro, ficando o novo clube para sempre com o nome de «Benfica». E assim sucedeu. Quem nos anos vindouros recordaria que Belém teve maior peso e número de valores do que o Benfica? Este bairro deu, sim, um contributo importante… Qual? O campo desportivo da Quinta da Feteira.

Finda a época de 1918/19, Artur José Pereira teve um encontro com Jorge Vieira, então soldado do Batalhão de Telegrafistas e sondou-o sobre a sua saída do Sporting: «Ó Jorge, achas que o Chico Stromp se zanga comigo se eu sair do Sporting para ir fundar um clube aqui em Belém?» - Jorge Vieira abordou o antigo capitão «leonino», outro grande desportista e figura moral do nosso desporto, ao que Stromp, de coração ao pé da boca lhe respondeu: ‘ Olha Jorge, diz a esse gajo que vá à merda e que funde o tal clube de Belém’.

A ideia jamais deixou de se avolumar até que numa noite de fins de Agosto desse ano, num banco de jardim da Praça Afonso de Albuquerque, Artur José Pereira, seu irmão Francisco Pereira, Henrique Costa [o sócio nº 1 e outro grande dinamizador], Carlos Sobral, Joaquim Dias, Júlio Teixeira Gomes, Manuel Veloso e Romualdo Bogalho lançaram os alicerces para a formação de um novo clube. O dr. Virgílio Paula e o engº. Reis Gonçalves [este, o 1º Presidente do clube] foram as primeiras individualidades a serem consultadas a tal respeito e a darem o maior apoio à iniciativa.

E, assim, do quase já esquecido Sport Lisboa renasceu, em Belém, o Clube de Futebol «Os Belenenses».

(...)

Quando morreu em 6 de Setembro de 1943, com 53 anos, fora a tuberculose que o destruíra. Mas o sr. Manuel acrescentou: ‘O Artur morreu tuberculoso, mas não culpemos o futebol. Quem o matou foi o Amor, o Amor que ele, ao longo da vida, nunca deixou de procurar…’”.


Noutra parte do seu livro, escreve Acácio Rosa, reproduzindo uma ilustre opinião:

“Artur José Pereira morreu. Aquele que foi o maior de todos, no futebol português, deixou a vida ao alvorocer do dia 6 de Setembro de 1943, numa casinha humilde do campo, situada num vasto panorama de terras e flores, tendo a seu lado a sua dedicada esposa e uma sobrinha que era todo o seu enlevo. Porque Artur José Pereira atravessou a vida com uma grande ternura. Na competição do futebol dava-se inteiramente à luta, com paixão, e por vezes com excessivo vigor físico. Mas ninguém tinha como ele o culto da camaradagem e o sentido de protecção do mais fraco.

Multiplicava-se em campo para não serem notados os erros ou as fraquezas dos seus companheiros. Era um homem.

Quem o visse entrar um dia no terreno do jogo, desgrenhado, com o cabelo levemente descaído para a testa, balouçando o corpo no ritmo sempre igual, forte e vigoroso, e o visse depois, mais tarde, intervir nas jogadas, não só em habilidade, como em força e por vezes em violência, julgaria estar em presença de um homem em estado primitivo, duro e incapaz de amar ou de se enternecer.

Nada mais Falso. Artur José Pereira era de sensibilidade agudíssima. A infelicidade ou tristeza dos outros comoviam-no profundamente. O seu coração sangrava e sofria, no contacto com a vida. Um corpo forte com a alma de uma criança!’
Eu conheci o Artur há muito tempo, na convivência quasi diária do “Martinho’. O maior jogador jogador português despedia então os últimos golpes, preparando-se para arrumar definitivamente, sem dúvida com tristeza, as botas que melhor souberam repelir e acariciar a bola de cautechu.

Mas a sua figura enchia ainda o futebol. E de tal forma que os jogadores novos, principalmente os de teams escolares, tinham a preocupação de imitar o inimitável player, no seu modo de andar, na forma de chutar, na colocação do terreno e noutros pormenores que davam à sua figura um estilo inconfundível.

Não há dúvida. Artur José Pereira, que nunca estudou o jogo pelos livros ou pelo ensino do treinador, conhecia o jogo como ninguém. Ele foi o precursor do jogo moderno, adivinhando, por intuição e instinto, tudo quanto dizia respeito a táctica e sua execução.

Artur José Pereira foi jogador, treinador e árbitro. Começou na praia, nas terras do Embaixador, como todos os rapazes do seu tempo e do seu sítio, fazendo habilidades com a bola de trapo.
(…)
Como árbitro ainda e jogador conseguiu afirmar-se. Mas onde os seus conhecimentos de jogo se puseram em destaque foi exercendo o lugar de treinador. Desempenhou esse cargo, durante muitos anos, no Belenenses, não citando já o seu concurso à Selecção Nacional, na companhia do seu grande amigo Cândido de Oliveira, com a maior das proficiências e completa dignidade. O Belenenses, que ele fundou, era a grande paixão da sua vida. Pertencia àquele tipo de treinadores que transformam cada jogador num amigo. Os jogadores obedeciam-lhe cegamente porque ele sabia mandar, não deixando de o fazer, por vezes com dureza. Fez assim alguns jogadores, alguns deles de grande renome. O público conhecia essa sua tarefa. E dizia-se: ‘Naquele vê-se o dedo do Artur’;’Este foi o Artur que o fez’. E estes que o Artur tinha feito respeitavam-no.

(…) o seu último jogo oficial foi a 22 de Março de 1922.

Ainda novo, com cinquenta e dois anos, morreu Artur José Pereira. O seu enterro pode classificar-se como uma manifestação grandiosa de solidariedade desportiva, a um tempo de carinho e de homenagem, que transcende a cor clubista. Nem de outra forma podia ser. Enterrou-se a 8 de Setembro o maior jogador português de todos os tempos”.

ARTUR JOSÉ PEREIRA, UM NOME E UM EXEMPLO A NUNCA ESQUECER!

Mas continuemos. Nasceu pobre, o Belenenses, num jardim da Praça Afonso de Albuquerque. Os jogadores equipavam-se… em casa de Artur José Pereira. Num simples quarto, era a sede do nosso clube. Mas havia uma grande alma… Um imenso amor ao Belenenses… E rapidamente o clube se impôs!

Na edição do Jornal do Belenenses de 27 de Setembro de 1956, há um longo artigo de Ramiro Farinha, com o título “Página da História dum Grande Clube”. Vamos transcrever algumas passagens:

“Começara o campeonato de Lisboa (…) Na primeira jornada, em 28-XII-1919, o Belenenses derrotou o Internacional por 3-2 e um mês depois venceu o Benfica por 2-1. Esta vitória, como atrás dissemos, constituiu a primeira ‘coroa’ de glória do clube.

A propósito desta vitória sobre o Benfica, Francisco José Pereira, irmão do saudoso Artur José Pereira, descreveu-nos, há tempos, essa inesquecível jornada, ainda com certa emoção:

- Foi uma alegria doida! – disse-nos. E acrescentou:

- Quando chegámos a Belém, tivemos, por parte da população, uma carinhosa recepção. À noite formou-se um cortejo à frente do qual seguia a banda da Sociedade ‘Alves Rente’. Esse cortejo dirigiu-se a minha casa, onde meu irmão, pela fama e prestígio de que gozava, e também porque tinha sido o inspirador e principal obreiro do nosso clube, foi alvo de uma grande manifestação.

Disse-nos ainda Francisco José Pereira.
- Nessa noite, em minha casa, chorou-se de alegria. O nosso querido Belenenses, em cujo êxito quase ninguém acreditava, acabava de dar um exemplo do seu grande valor, valor que havia de perdurar até aos nossos dias e que perdurá sempre para honra da gente de Belém e do Desporto Nacional.

Merece a pena referir a circunstância do Belenenses ter vencido o Sporting por 1-0 no primeiro jogo em que defrontou a turma ‘leonina’. O facto deu-se nas meias finais do já referido campeonato de Lisboa, na tarde de 18 de Abril.

A final deste campeonato disputou-se em dois jogos entre Benfica e Belenenses, no velho campo de Palhavã.

O entusiasmo provocado por estes encontros foi indescritível. Basta dizer que a Associação de Lisboa conseguiu que dez camionetas fizessem carreiras consecutivas com partidas do Rossio”.

No mesmo jornal, há uma entrevista a Joaquim Dias, sócio nº 13 do clube. Dela, também retiramos alguns excertos:

“A verdadeira primeira sede foi ali – e Joaquim Dias apontou-nos o seu quarto de dormir -, era onde as reuniões se faziam e a minha saudosa mãe passava a ferro e tratava dos equipamentos dos nossos jogadores (…)

- Já deve ter, quem ao desporto dedicou toda a sua vida, alguns momentos dos maus e dos bons. Quer dar-nos um exemplo de cada um?

- Bom, sempre que ganhamos e, especialmente, quando conquistámos o Campeonato de Portugal e a Taça.

- E dos maus?

- A morte de Pepe, em que infelizmente fui eu, na qualidade de director nessa altura, incumbido de fechar a porta da sede, quase tendo sido esmagado pela avalanche do povo que pretendia ver o seu ídolo pela última vez.

- Agora que falámos do passado, que me diz da obra erigida no Restelo?

- Apenas uma palavra, a qual julgo chegar para demonstrar sobejamente a alegria que me vai na alma: admirável! Esta afirmação não receia desmentido para quem, como eu, leu, em letra de forma, a opinião dada por Cosme Damião, a nosso respeito, na altura da fundação: ‘O Belenenses, como qualquer outro clube que se forme, não durará mais de três meses’.

- Afinal, concluiu Joaquim Dias com satisfação, tudo saiu ao contrário’”.

Cosme Damião foi o grande artífice do Sport Lisboa e Benfica. Joaquim Vieira, um dos fundadores do Belenenses, expressa claramente a luta de sempre do Belém para não ser esmagado… resistir… ter o seu espaço… crescer livre, independente e orgulhoso… e obter as suas conquistas!

Com o devido respeito por quem já morreu, efectivamente Cosme Damião enganou-se. Passámos os três meses… e cá estamos há 85 anos! E prontos para os próximos 85!!!

quarta-feira, setembro 22, 2004

A DÉCADA DE 70 - PARTE I – A MINHA PRIMEIRA VEZ


Durante muitos anos, o meu pai trabalhava aos fins-de-semana, os jogos eram quase sempre ao Domingo (contavam-se pelos dedos de uma mão os jogos, incluindo todas as equipas, que não o eram, durante uma época inteira), não morávamos perto de Belém, e, por isso, a primeira vez que fui ao futebol com plena consciência foi no fim de Setembro ou princípio de Outubro de 1970. Tinha então 9 anos. Lembro-me muito vagamente de ter ido alguns anos antes ir ver um jogo com a Académica…mas era muito pequenino, e só me recordo de que um jogador da Académica fez um auto-golo, o que me causou muita confusão: “então se foi um da Académica que ‘meteu’ a bola na baliza, como é que é golo do Belenenses”?

De modo que, a minha verdadeira primeira vez a ver um jogo do Belenenses, foi à 4ª jornada da época 70/71, num sábado à noite, em desafio com o Tirsense.

Estávamos no início da década de 70 mas permitam-me fazer um rápido resumo da década de 60, da qual as minhas memórias pessoais são esbatidíssimas, pelo que me vou cingir a factos e números objectivos.

Foi uma época dominada pelo grave problema com o Estádio, com todas as consequências daí advenientes (e a que já me referi em outros artigos). Face ao dramático problema económico e financeiro, a competitividade do Belenenses decaiu, e começou a haver uma décalage face o Benfica e o Sporting (e, embora menos, para o F.C. Porto, que também não viveu grandes dias. Por exemplo, na época de 69/70, ficou em 9º lugar, duas posições atrás do Belém). Esta nossa crise de resultados veio numa péssima altura, com o boom das competições europeias, da televisão, dos meios de comunicação… Já falámos disso noutros contextos.

Mas não se pense que o Belenenses perdera o seu peso específico. Era um clube “respeitado de chapéu na mão”. Toda a gente falava, SEMPRE, nos 4 grandes. Em qualquer coisa em que houvesse símbolos clubísticos, um deles era o Belenenses. Sempre! Podíamos ter feito um péssimo campeonato numa época que, no início da seguinte, o Belenenses não deixava se ser referido como um dos candidatos ao título. E tínhamos dirigentes que sabiam e faziam questão de manter essa imagem de prestígio do clube.

Repare-se que os anos 60, em termos desportivos até começaram da melhor maneira. Em 1960, ganhámos a Taça de Portugal, batendo o Sporting, na final, por 2-1. No campeonato de 59/60, ficámos em 3º lugar, infringindo a única derrota ao campeão Benfica, em pleno Estádio da Luz, na última jornada (já agora, recordo que na época anterior, a de 58/59, lutámos até ao fim pelo título com o Benfica e o Porto, apenas 3 pontos de diferença nos separando…apesar do célebre caso do golo de canto directo que nos daria a vitória contra o Benfica e foi estupidamente anulado, em jogo no Restelo, QUE ESGOTOU. Disso haveremos em breve de falar nas “Palavras Que Foram Ditas”. Ainda em 1960, vencemos a então prestigiosa Taça de Honra da AFL, vencendo o Benfica na Final por uma goleada: 5-0. Vale a pena frisar que no mencionado campeonato de 59/60, contra os nossos 3 rivais de então, em casa, empatámos 0-0 com o Benfica e ganhámos 1-0 tanto ao Porto como ao Sporting; fora, ganhámos 2-1 ao Benfica e 3-2 ao F.C.Porto. Já agora, ganhámos ao Boavista por 8-0 no Restelo e por 1-0 no jogo “fora”…

Mesmo nas épocas seguintes, a prestação da equipa, não tendo sido boa (face ao nosso historial de então), manteve-se dentro de padrões de competitividade.

Por exemplo, na Taça de Portugal, estivemos 5 vezes seguidas nas meias final. Na edição de 60/61, perdemos com o Leixões (que veio a derrotar o F.C.Porto, na final no Estádio das Antas): em Matosinhos, por 3-2; e no Restelo, por 1-2; pelo caminho deixáramos, por exemplo, o Beira-Mar, com vitórias por 4-1 em Aveiro e 7-0 no Restelo.

Em 61/62, fomos afastados pelo Vitória de Setúbal, com quem perdemos por 1-0 no Bonfim e empatámos a zero no Restelo. Nos quartos de final, havíamos eliminado o Sporting (nesse ano campeão nacional), após um despique espectacular: e emocionante: ganhámos 4-3 no Restelo; perdemos 3-2 em Alvalade e vencemos por 2-1 no desempate. Grande Belenenses! Como éramos fortes então!

Em 62/63, novamente nas meias-finais, perdemos 3-1 em Guimarães; neutralizámos a desvantagem na 2º mão, vencendo por 2-0 no Restelo; mas voltámos a perder 3-1 no desempate. Antes, nos quartos de final, afastáramos o F.C.Porto, vencendo por 3-0 no Restelo e perdendo por 1-0 nas Antas.

Em 63/64, pela 5ª vez consecutiva nas meias-finais, baqueámos ante o Benfica por 3-0 e 3-1. Nos quartos de final ganháramos ao V.Setúbal por 2-0 no Restelo e por 2-1 no Bonfim.

Mesmo em 64/65, embora sendo afastados nos quartos de final, tal só aconteceu após novo despique cerrado com o Sporting, bem demonstrativo da rivalidade de então: 0-0 em Alvalade; 1-1 no Restelo; 1-3 no desempate.

Voltemos ao Campeonato Nacional. Em 60/61 e em 61/62, ficámos em 5º lugar (sendo Yauca, com 21 golos, o 2º melhor marcador, com 21 golos, menos 2 que Azumir, avançado portista); em 62/63, conquistámos um 4º lugar, “colados” ao Sporting; em 63/64, ficámos em 6º, mas com os mesmos pontos do 5º e apenas a 4 pontos do Sporting, 3º classificado.

Gostava ainda de lembrar que, em 1961, nos estreámos na antecessora da Taça Uefa, ou seja, a Taça das Cidades com Feira, em que marcámos presença até à época de 64/65. As nossas participações foram um resumo do que viria a ser muito do percurso vindouro do Belenenses: um misto de infelicidade e de falhanços… quando menos se espera.

Assim, na 1ª participação, empatámos 3-3 na Escócia, frente ao Hibernian (que, atenção, detêm 4 campeonatos da Escócia!). Foi em 6 de Setembro de 1961. Tratou-se de um excelente resultado, com 1 golo de Yauca e 2 de Matateu, que realizou extraordinária exibição. Mas, 3 semanas depois, no Restelo, perdemos 3-1 (mais um golo de Matateu)… e fomos eliminados!

Na época de 62/63, a sorte foi-nos duplamente madrasta. Começou no sorteio, que nos ditou o Barcelona (o que se viria a repetir em 76/77 e 86/87; demos sempre muita réplica e fomos sempre muito desafortunados…). Empatámos 2-2 no Restelo e 1-1 em Barcelona. O jogo de desempate (como era uso na época) foi em Barcelona. E perdemos por 3-2…

Em 63/64, começámos por eliminar os jugoslavos do Tresnjevka: ganhámos por 2-0 em Zagreb e, na 2ª mão, no Restelo, vencemos novamente, agora por 2-1. Na eliminatória seguinte, novamente o sorteio nos foi aziago, ao pôr-nos no caminho a poderosa equipa do Roma. Na 1ª mão, em Itália, perdemos por um promissor 2-1, que nos deixava boas esperanças de recuperação no Restelo. Mas, na 2ª maão, em casa, as coisas não correram bem, e perdemos por 1-0.

Finalmente, em 64/65, 2saiu-nos” o Shelbourne, da Irlanda: empates no Restelo por 1-1 e na Irlanda por 0-0 e novamente o desempate em casa do nosso adversário, em Dublin – derrota por 2-1. E foi a despedida até 1973/74, como contaremos no próximo artigo.

A partir de então, i.e., do meio da década, de facto, os resultados deterioram-se. Assim, em 64/65, já nos quedámos num 8º lugar. Pior ainda foi em 66/67, com um 11º lugar, então a pior classificação de sempre (embora com larga distância sobre o 1º lugar de despromoção e, note-se, tendo ganho ao campeão Benfica por 2-1). Não obstante, o Belenenses continuava cheio de alma e uma prova disso foi a vitória por 4-0 sobre o Sporting, em 67/68, numa altura em que os 2 clubes estavam de relações cortadas por causa do célebre “caso Carlitos”. O Restelo ficou ao rubro, com uma grande assistência, e o Sporting começou aí a perder o campeonato desse ano!...

Voltemos agora ao ano do tal Belenenses-Tirsense. Nessa época, o treinador do Belenenses foi (ou começou por ser) Joaquim Meirim. Era um treinador que havia obtido grande sucesso na CUF e no Varzim, clubes que conduziu às melhores classificações de sempre (curiosamente, no ano anterior, no comando do Varzim, passou um mau bocado no Restelo, pois os adeptos azuis haviam ficado indignados com uma sua afirmação. Interrogado acerca da sua previsão do jogo, respondeu: “Jogo?! Não? Vai ser um simples treino!” O Belenenses ganhou por 1-0). J.Meirim tinha métodos muito peculiares de treino, e jogava muito com a psicologia de jogadores (próprios e adversários) e do público. Para o bem e para o mal… Era meio génio, meio louco, passe o exagero em ambos os sentidos, e sem nos querermos pronunciar mais, até por respeito a quem já morreu.

Ele chegou ao Belenenses prometendo que o ia voltar a fazer campeão (aliás, também já dissera que, se fosse seleccionador, Portugal seria campeão do mundo). Obviamente que, nas condições em que o plantel foi constituído, tal era completamente impossível. Foi buscar uma série de jogadores a clubes secundários (nota: num tempo em que nestes havia total amadorismo, e condições muitíssimo precárias, coisa bem diferente da actualidade), dos quais só um realmente se aproveitou (e, justiça seja feita, aproveitou muito bem): João Cardoso. Contratou-se, salvo erro à CUF, o Guarda-Redes Vítor Cabral, titular da então chamada Selecção de Esperanças, que eram os sub-23 (não obstante, Vítor Cabral foi suplente de Mourinho) e nada mais, que me lembre…

No entanto, o facto é que a euforia que rodeou o Belenenses no início de época foi verdadeiramente espectacular, e demonstrativa da força e popularidade de que o clube então dispunha. Não vi o 1º jogo, que ganhámos em casa, face ao Vitória de Guimarães, por 3-1. Mas lembro-me de ler na “Bola” que o estádio estava praticamente cheio (repito: praticamente cheio) de adeptos do Belenenses e que, quando chegámos aos 3-0 (depois o VG reduziu), o público pedia mais um golo para o Belém “ficar, JÁ, em 1º lugar” (sic)… que é como quem diz: no fim vamos ser campeões mas queremos liderar logo a partir da 1ª jornada!...

Seguiram-se derrotas fora com o Porto e o Farense, ambas por 1-0. Mas o entusiasmo à volta do Belenenses mantinha-se. Recuperara-se a posse do estádio! As celebrações dos 50 anos haviam sido em grande! Sonhava-se novamente com o título de campeão… Era uma autêntica euforia azul!

Permita-se-nos ilustrar algo disto com palavras de Meirim. Entrevistado por Santos Costa, no Record de 5 de Setembro de 1993, dizia ele:

“O Belenenses estava a passar desportiva e economicamente por um momento terrível. Fui contratado e o clube catapultou-se como o primeiro clube nacional nesse ano, resolveu todos os seus problemas económicos, os cofres vazios passaram a estar a abarrotar de dinheiro [exagero, claro!], resolveu todos os seus problemas menos o do treinador, que se expôs demasiadamente na defesa de um projecto, na defesa de um clube que não deu a devida projecção e rectaguarda de apoio ao seu técnico (…)

Joguei tudo no Belenenses (a voz tremeu-lhe um pouco) e não me deu a rectaguarda com a eficiência de que eu precisava (…) O Belenenses é um clube muito especial, tem a simpatia de quase todos os adeptos, como primeiro ou segundo clube, é um campo de trabalho difícil para muitos grandes treinadores internacionais, como Fernando Riera, Helénio Herrera, Otto Glória e muitos mais. O importante é que, para o Belenenses, foi uma época extraordinária de vitalidade, porque ressurgiu do ocaso e só resistia pela força de Acácio Rosa, Gouveia da Veiga e outros (…)

- Qual foi a sua ideia ao voltar a jogar com os equipamentos originais do Belenenses?

- Às vezes é preciso mudar tudo, é necessário ser radical. O Belenenses, para manter a sua identidade nacional como clube, tinha de regressar às suas origens e foi aquilo que eu fiz. O reencontro com os associados deu-se rapidamente. Fomos às Antas e este estádio encheu-se com milhares e milhares de adeptos do Belenenses. Era uma loucura nacional a presença do Belenenses e isso nunca mais se conseguiu em Belém”.

Apesar das derrotas contra o Farense, o Belenenses nesse jogo com o Tirsense estava ainda em estado de graça. Era um Sábado à noite, repito, mas o estádio estava quase cheio. Cerca de 30.000 pessoas! Repito: cerca de 30.000 pessoas, contra o Tirsense, num sábado à noite…

Tal era a vitalidade do clube – que era um clube grande e um grande clube – que, no Intervalo, desfilavam centena de pessoas à volta do terreno de jogo, ou seja, na pista, com bandeiras e pendões do Belenenses, bem como cartazes, entre os quais me recordo de uma frase: “Meirim, o mago que mudou o futebol do Belenenses”! (o culto da personalidade dá sempre mau resultado…).

Do jogo em si, pouco me lembro. Saldou-se por um empate 0-0. Sei que, já na 2ª parte, nos foi anulado um golo – não faço ideia se bem ou mal e muito menos porquê. Lembro-me que foi um remate de cabeça, que toda a gente se levantou, e eu não, e que o meu pai quase me pegou ao colo…Depois os protestos… e é tudo…

Tenho sim, bem viva, a sensação de uma noite encantada…ir ver ao Estádio o meu querido Belenenses! A caminho do estádio, no carro, ali nas ruas entre a Ajuda e ao Restelo, eu tremia de emoção – isso também me recordo.

Igualmente me lembro – já o contei, mas a vale a pena repetir – da entrada das equipas em campo. A última a entrar, foi a do Belenenses, debaixo de ma ovação estrondosa! Mas antes, quando o Tirsense surgiu em campo, surpreendi-me de ver o meu pai, como outros belenenses, o aplaudirem, embora de forma diferente daquele incentivo tributado à nossa equipa. Habituado a ver na televisão as equipas forasteiras a ser assobiadas quando entravam em campo, inquiri o meu pai. E ele deu-me a resposta, que nunca esqueci nem esquecerei, e que, para mim, é não só uma lição de belenensismo mas também de desportivismo e, mais que tudo, de humanismo e respeito: “aplaudimos, para agradecermos [o facto de] eles virem jogar connosco. Já viste, se não, jogávamos sozinhos… Eles são adversários, não são inimigos. O futebol não é uma guerra…”. Por isso, permitam-me dizer: GUARDEMOS AS FORÇAS PARA APOIAR A NOSSA EQUIPA, EM VEZ DE A DESPERDIÇARMOS COM INSULTOS QUE SÓ FICAM MAL A QUEM OS PROFERE.

A partir de certa altura, nessa tal época de 70/71, o Belenenses começou a cair na classificação e Meirim saiu, com a despromoção a ameaçar. O treinador foi então…Homero Serpa (o grande belenenses Homero Serpa! 1000%!) coadjuvado pelo Guarda-Redes Mourinho – sim, o pai do actual treinador do Chelsea. Só perto do fim se desvaneceu o pesadelo da despromoção (lembro-me que, na altura, um grupo de sócios ofereceu… um pente a Mourinho, dado este usar o cabelo comprido, facto muito raro na época. Podemos oferecer um ao Neca, se ele este ano marcar 10 golos!...). Foi o primeiro grande susto, embora tenhamos acabado em 7º lugar, com os mesmos pontos do 6º, o Boavista, que pela primeira vez se classificou à nossa frente.

Sobre esta época, gostaria apenas de fazer um comentário: foi pena que ao entusiasmo se não tivesse somado a competência. Espero que, no futuro, com o espírito das épocas gloriosas do futuro, mass obviamente com os métodos adaptados ao nosso tempo, se unam rigor e paixão – e sejamos, enfim, e de facto, NOVAMENTE CAMPEÕES!

85º aniversário - Uma festa em família

Foi num ambiente de confiança no futuro e orgulho pelo passado que se comemorou, na noite passada, o 85º aniversário do Clube de Futebol "Os Belenenses" no Casino Estoril.

Naquela que foi uma oportunidade óptima para sócios anónimos,figuras públicas e atletas se reunirem em confraternização, os convivas foram presenteados com um jantar magnífico e um espectáculo de elevado nível estético, tal como o Casino Estoril tem vindo a habituar os seus frequentadores ao longo dos anos.

Para os interessados, a ementa do jantar consistia em: "Selecção de camarões marinados em suco de lima com frutos tropicais" ; "Medalhões de lombo de porco preto com castanhas" ; e "Tarte de maçã com leite condensado".

O espectáculo apresentado, "Fruta cores", foi do agrado da assistência e concluiu uma noite muito bem passada, no seio da nossa família, a família do Belenenses.

Destaque para as intervenções pós-jantar, numa pequena cerimónia apresentada por Miguel Barreiros. Em primeiro lugar, uma curta intervenção do Presidente da Confederação do Desporto de Portugal, que salientou a importância do Belenenses para o desporto em Portugal e recordou os seus tempos de atleta do clube. De seguida, um Vereador da Câmara Municipal de Lisboa realçou a importância do Belenenses como elemento veiculador do desporto na cidade de Lisboa.

Seguiu-se então a entrega dos prémios de melhor jogador da época (Marco Aurélio) e melhor jogador no campeonato (Antchouet). Se Antchouet agradeceu de forma simples o prémio atribuído, pela dificuldade com que se exprime em português correcto, já Marco Aurélio, justamente apelidado de "Imperador" pelo apresentador, teceu palavras elogiosas e sentidas para com o nosso clube, que é sem qualquer dúvida também o seu.

Foi então que o Presidente, Sequeira Nunes, tomou a palavra, para relembrar a obra magnífica que tem vindo a ser executada no complexo desportivo, o melhor de Portugal. Foi também dado especial ênfase ao ecleticismo do clube, e é importante referir que não foi esquecido o pesadelo da temporada passada (os Homens assumem os seus erros), mas que tudo está a ser feito para que não voltemos a passar por situações complicadas. Mas, o momento mais importante do seu discurso foi a informação de que 5ª feira, 23 de Setembro, será lançada a primeira pedra de um memorial a Artur José Pereira, no Estádio do Restelo.

Seguiu-se a chamada ao palco de um grande senhor de Portugal e um grande Belenense, Raúl Solnado, que começou por lamentar a grave situação de saúde do consócio Francisco Nicholson, pedindo uns momentos de silêncio à plateia, como forma de todos juntos lhe desejarmos rápido restabelecimento. De seguida, iniciou uma rábula que levou à plateia momentos de bom humor, no seu timbre único e fenomenal.

É então chegado o momento do homenageado da noite, Fernando Ferrão, actor reconhecido, e um Belenense da cabeça aos pés. Não deixou, também ele, de lamentar a penosa situação de Francisco Nicholson, e concluíu agradecendo e revelando que faz o que pode por espalhar o nome do Belenenses onde quer que vai, pois sente que assim "mostra" o clube. Um pequeno percalço fez saltar mais umas gargalhadas da assistência, quando Fernando Ferrão deixou caír a simbólica recordação que lhe foi oferecida e o inimitável Raúl Solnado se apressou a gritar: "Penalty, Penalty!!!"

Foi uma grande noite para todos os presentes, que têm vontade que o próximo convívio não fosse só daqui a um ano. E depois desta noite, nada melhor que a conclusão a que chegou o meu grande amigo Pedro Cruz: "Nós não somos grande, nós somos enormes!".

Tenho uma grande honra de pertencer a esta família.

terça-feira, setembro 21, 2004

FRANCIS OBIKWELU, TAÇA INTERTOTO E OPÇÕES A TOMAR

Há dias, na sequência de artigo publicado no site oficial, reconheceu um jornal desportivo que o Belenenses já ganhou uma competição europeia de futebol, mais propriamente, a Taça Intertoto. Penso que valeu a pena termos insistido nesse ponto, que nos credita algo de importante. Não devemos desprezar a relevância desses marcos, quando às vezes damos tanta importância aos factos, lamentáveis, sim, mas comparativamente menores, como por exemplo fazer uma crítica injusta a este ou aquele dirigente ou praticante do nosso clube. Dizermos que nos encontramos no lote restrito dos clubes portugueses que já ganharam uma Taça europeia, contribui para aumentar o peso específico do clube, o seu prestígio, a sua força atractiva.

Actualmente, face à realidade do mundo do futebol, é quase impossível o Belenenses aspirar à conquista de uma Liga dos Campeões ou até de uma Taça Uefa, em futebol. Oxalá a médio prazo as coisas sejam diferentes e que, a curto prazo, regressemos às competições europeias.

Mas... e noutras modalidades? No Andebol é difícil, no Basquetebol muitíssimo difícil. Também por via dessas modalidades, a conquista de uma taça europeia se afigura algo de muito complicado.

No entanto, não seria assim no caso do Hóquei em Patins. Dada a força de Portugal nessa modalidade, é perfeitamente possível, sem orçamentos gigantescos, pensar-se nessa hipótese. Por esta razão, sempre fui defensor de uma maior aposta do Belenenses nesta modalidade e sempre estranhei que tal nunca tivesse acontecido...mais a mais quando o maior jogador de todos os tempos, António Livramento, era assumidamente belenense! , como é óbvio, fiquei triste quando se acabou com esta modalidade no clube, pelo menos em termos de competição.

Face ao exposto, contudo, volto a colocar a questão: não seria de recomeçar, não seria de encaminhar as cisas para, dentro de 4 anos estarmos numa competição europeia, com possibilidades de a ganhar?

A questão é complexa. Haveria custos mas, como sempre, é uma questão de opção: onde gastar? Onde poupar? Reconheço que as outras modalidades de pavilhão e de alta competição têm razões de ser muito fortes: o Andebol e o Basquetebol têm fortes tradições no clube, e já nos deram vários títulos, principalmente o primeiro (enquanto o segundo nos encheu a “alma” na época passada); o futsal é uma modalidade com um potencial de popularidade muito grande, e nenhum de nós deixará de a querer ver na 1ª Divisão, já para o ano; o próprio arranque do voleibol feminino é francamente de saudar. Ainda assim, acho que a questão do Hóquei em Patins merece uma atenta e cuidada ponderação.

Hoje, mais do que nunca, a imagem do clube é da máxima importância. E há que a pensar ao milímetro e ao grama. Veja-se o caso de Francis Obikwelu: a festa da sua medalha foi feita... em Alvalade. Nós, belenenses, sabemos quem acolheu aquele jovem, quem o acarinhou, quem o incentivou, quem o lançou para o sucesso, em alternativa a um caminho bem difícil. E, só por isso (e por tantas coisas semelhantes!), o Belenenses é enorme e digno do maior respeito, mesmo por parte dos que são adeptos de outros clubes. Mas, apesar de algumas notícias televisivas, a maior parte da população portuguesa desconhece o que o Belém fez por Francis Obikwelu...

Ignoro quais as condições que o levaram para o Sporting e que o Belenenses certamente não terá podido acompanhar. Não estou a criticar ninguém. De maneira nenhuma! Mas, já agora... não era bom que um atleta azul ganhasse uma medalha nos próximos jogos olímpicos? Também aqui, há que pensar muito bem e fazer escolhas. Não é impossível e o Belenenses bem o merecia, pelos grandes serviços desportivos prestados à população, e que são objectivamente mensuráveis nos 7.000 praticantes que o clube tem neste momento!

segunda-feira, setembro 20, 2004

ILEGAL!

Na época passada, o 1º jogo da temporada do Belenenses, ante o Estrela da Amadora, foi adiado e jogado umas semanas depois, com o Belenenses a vencer por 4-0. A questão que se colocou foi simples: o Belenenses contratou um Brasileiro chamado Leonardo, que foi inscrito uns dias depois da data da 1ª jornada. Por esse facto, e apesar de aquando da realização do jogo referente à 1ª jornada o Leonardo já se ter estreado oficialmente, foi impedido de jogar o tal jogo, tendo sido invocado pela Liga que o jogador não nos pertencia quando o jogo deveria ter tomado lugar.

Perguntam agora vocês: "Mas porque raio é que ele se foi lembrar disto?"

Simples, meus amigos. Porto e Luís Fabiano são os vilões e a União de Leiria a vítima! Luís Fabiano foi inscrito a 31 de Agosto, o mais cedo ao fim da tarde de dia 30, e a 1ª jornada, a tal que foi adiada, tinha lugar a 28 de Agosto... tirem as vossas conclusões. Estranho ninguém se ter ainda lembrado do assunto, não? Ou há dois pesos e duas medidas, conforme os intervenientes? JUSTIÇA! Será que a Comunicação Social pretende fazer o "joguinho" do Porto, que precisa do Fabiano como de pão para a boca? Será que o Leiria fica calado, na esperança que o Porto não deixe de lhes contratar jogadores? Estou atento!

Mais uma, 7 pontos!


- Há um Belenenses novo, descobri hoje, ao chegar a casa e dizer à minha namorada: "Jogámos mal." Ela perguntou-me se tinhamos perdido, e aí fez-se luz! Caramba, não jogámos assim tão mal, e GANHÁMOS! Ainda o ano passado pura e simplesmente não jogávamos, hoje tivemos pura e simplesmente um jogo menos conseguido, mas houve uma equipa. Centrais sólidos, meio campo agressivo, ataque móvel. Os sectores pontualmente falharam, em especial o lado esquerdo da defesa (há que encontrar uma solução... Gonçalo Brandão?), mas houve equipa.

- A arbitragem foi muito má, ao que parece um fora-de-jogo mal tirado a Krpan prejudicando o Leiria (e não um golo anulado, como parece que quer ser veiculado), mas uma série de erros na amostragem dos cartões e uma "mesquinhice" terrível para apitar por tudo e por nada, onde nos podemos queixar mais que o opositor.

- Temos 7 pontos, cumprimos a obrigação até agora, o primeiro jogo com distinção, o segundo com garra e o terceiro com responsabilidade. Confio que no 4º também traremos pontos para casa.

- Por último, gostava de referir um ponto importante: a entrada no Estádio. Podem-me dar a desculpa de ter chegado em cima da hora ou que havia muita gente. OK, é verdade. Mas há que tomar medidas, havia muita gente a ir embora e outros que foram lá hoje pela primeira vez em muito tempo e não vão voltar. Estive 30 minutos para conseguir comprar bilhete, porque muitos vão aos balcões de venda de bilhetes comprar quotas. Tudo se resolvia com um ou dois balcões simplesmente para vender bilhetes aos sócios com as obrigações em dia. Senão, passo a pagar as quotas mês a mês, demoro o mesmo tempo para entrar. E o clube perde uma receita antecipada. A rever, mas com urgência.

domingo, setembro 19, 2004

O nosso adversário

A União de Leiria tem, nos últimos anos, conseguido atingir algum estatuto na Superliga, estatuto esse fruto de uma gestão rigorosa (muitas vezes rígida) e de uma visão interessante do futebol, única forma de um clube praticamente sem uma base sólida de suporte em termos de adeptos atingir o patamar elevado que tem atingido.

O seu treinador tem uma filosofia de jogo interessante, muito de acordo com as linhas condutoras do clube nos últimos anos, com uma defesa sólida e um ataque móvel e que priveligia as alas. Aliás, vários foram os jogadores atacantes que têm abandonado Leiria nos últimos anos, todos eles das alas: Maciel, Derlei ou Douala, ou até mesmo Jacques, que prometeu muito mas desiludiu na Madeira.

Assim sendo, vamos a uma análise mais pormenorizada da equipa Leiriense:

Baliza - Hélton, internacional brasileiro, capaz do melhor e do pior. Aliás, é nos jogos de menor pressão que normalmente falha. Tem uma lacuna grave em termos de jogo com os pés, uma vez que alia a uma técnica medíocre uma "loucura" que já têm custado vários golos e pontos à União de Leiria.

Defesa - Laranjeiro na direita tem-se vindo a afirmar, e cuidado com a sua meia distância. No lado oposto, Edson é um "craque" perdido no Lis, perigosíssimo nos remates de longe e livre directos, onde é preciso especial atenção àqueles descaídos para a linha lateral, que muitas vezes são rematados directos e não cruzados. No eixo, o capitão João Paulo é seguro, apesar de ainda precisar de burilar alguns aspectos específicos. Ao seu lado, deverá jogar Renato, muito experiente, mas que sempre foi algo lento

Meio-Campo - Otacílio é o trinco de serviço, o típico trinco que também é central, eficaz sem ser brilhante. Nas alas Fábio Felício e Alhandra deverão dar água pela barba ao nosso lado esquerdo, mas do lado direito Amaral chega para as encomendas. No meio, Paulo Gomes será o elo de ligação entre a defesa e o ataque e Caíco é o homem que tentará com a sua técnica furar a nossa rectaguarda.

Ataque - Em princípio jogará Freddy, muito rápido e possante, mas não nos podemos esquecer que os alas, em especial Fábio Felício, rasgam muito bem as diagonais e podem causar grandes dificuldades.

Destaque ainda para as ausências de Hugo Cunha e Gabriel por lesão, e para outros jogadores, como Fangueiro ou Torrão que deverão começar no "banco".

sábado, setembro 18, 2004

Há confiança!

Hoje, véspera do embate com a perigosa equipa da União de Leiria, respira-se um ar de tremenda confiança no Restelo. Vários são os jogadores que referiram que amanhã a vitória é o resultado a alcançar com um sorriso estampado no rosto, como por exemplo Marco Aurélio, Rolando ou Amaral. A equipa parte para estágio hoje às 15:30.

Por outro lado, destaque para o boletim clínico do clube, que está neste momento limpo, só com Sousa condicionado durante alguns meses. Mangiarrati e Eliseu estão recuperados, nas palavras do médico do clube.

Uma nota também para a franca recuperação do histórico João Silva, que teve alta hospitalar ontem (encontrava-se internado há alguns dias no Hospital S. Francisco Xavier), suspeitando-se de um leve acidente vascular cerebral.

Por fim, a nota negativa do dia, o porteiro de serviço, nas suas palavras por ordens superiores, não permitia a entrada a viaturas de sócios, nem mesmo aqueles que iam em serviço do Jornal do Belenenses. Pormenores...

Começar de Novo

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Todos nós, individual e colectivamente, criamos hábitos. Alguns são puramente inúteis ou até nocivos; outros constituem factores positivos e indispensáveis. Mesmo entre estes, porém, há os que se tornaram desnecessários, cristalizações que nos cegam e nos aprisionam a visões e a maneiras de fazer que estão já ultrapassadas, sem que tenhamos reparado (às vezes até pensamos que são avançadíssimas…). Quando tal acontece, então, questionarmo-nos, rever ideias, objectivos e formas de pensar ou de actuar – enfim, COMEÇAR DE NOVO -, torna-se realmente indispensável.

Sim, às vezes, é tempo de repensar tudo, sensata mas ousadamente. É tempo de voltar a sorver ar que não esteja já contaminado. É tempo de redescobrir horizontes. É tempo de fazer novos projectos, construir novos modelos, formular novas exigências, encontrar novos equilíbrios, trazer novas gentes e novas ideias – despertar a criatividade!

Hoje, uma vez mais, o Belenenses está numa encruzilhada: entre um declínio irreversível a possibilidade de um ressurgimento em força. É nestes momentos que tudo se pode ganhar ou que tudo se pode perder… Mas entre o aventureirismo inconsequente e o conformismo cinzento, não haverá o justo caminho intermédio?

COMEÇAR DE NOVO! Não é enterrar o passado: é renascer mais pujante! Tempos há em que o fruto tem que cair, e apodrecer, para que da semente – daquele fruto e daquela árvore, e não de outros! – algo brote revigorado. Trazendo toda a experiência herdada do passado e toda a potência a manifestar no futuro!

sexta-feira, setembro 17, 2004

Pratique desporto no Restelo

O Blog do Belenenses, cuja principal missão é contribuír para o engrandecimento do nosso clube, tem o maior prazer em publicar a seguinte mensagem a pensar em todos aqueles que nos leem e também nos seus filhos ou netos, para que possam ter um crescimento harmonioso e saudável no seio da "nossa" família:

O Pentatlo Moderno (PM) é um desporto Olímpico constituido por cinco disciplinas combinadas:
natação, corrida, tiro, esgrima e hipismo.
É a sua diversidade que torna o PM num dos desportos mais completos, fazendo com que contribua simultaneamente para um desenvolvimento motor e psicológico equilibrado do jovem praticante.

No CFB pode contar com uma equipa de Técnicos credenciados e com experiência na modalidade (2 monitores são ex-campeões da Europa) que adaptarão a actividade às diferentes etapas de crescimento dos jovens.

O Pentatlo Moderno é o desporto ideal para o desenvolvimento do jovem atleta como pessoa, pela sua diversidade de disciplinas e pelos valores incutidos nos jovens. O auto-controlo, a responsabilidade e o espírito de grupo são só alguns desses valores...

Qualidade de ensino:
Actividade adaptada às diferentes fases de crescimento dos jovens
Monitores credenciados com o curso da FPPM
Monitores principais são atletas da selecção nacional

As melhores instalações:
Instalações de um grande clube
- o Clube de Futebol “Os Belenenses”

As melhores condições:
5 disciplinas diferentes
Os melhores preços...

Secção de Pentatlo Moderno
Estádio do Restelo
Complexo Olímpico das Piscina
1449 – 015 LISBOA
Tel. 21 301 11 43

Nota: estão programadas aulas com corrida e com hipismo uma vez por mês
Por motivos de força maior a programação poderá ser alterada
nas aulas de esgrima são feitos alguns exercícios e jogos de corrida

Preços:

Inscrição - 31,5€
Turma Sábado - 35€
Turma Semanal - 45€
Turma 3 x semana - 70€
Número de alunos:

Para inscrição é necessário:

Idade entre os 7 e os 15 anos
ser sócio do clube (1 foto)
1 foto (outra)
atestado médico (obrigatoriamente em impresso do CMD)
preencher ficha filiação FPPM
preencher autorização Encarregado Educação

De Outubro a Junho, encerrando nos feriados
Coordenador - André Pereira - 96 555 96 87

Belenenses no Mundo

Continua a ter uma boa aceitação esta iniciativa do Blog do Belenenses, estando já várias fotos "prometidas" para o regresso de férias dos "Bloguistas". Para já, podemos dar um "pulinho" rápido até ao antigo Estádio José de Alvalade e encontrar os conssócios José Ferreira da Silva e Mariana. Aliás, José Ferreira da Silva é sócio do Belenenses (nº 28428) e do Núcleo Ajuda/Belém (nº 70). Continuamos à espera da vossa valiosa colaboração.


José Ferreira da Silva e Mariana

Estádio José de Alvalade, jogo Belenenses-Slaven Belupo, Taça Intertoto

quinta-feira, setembro 16, 2004

Uma equipa... ou um conjunto de bons jogadores

Artigo da autoria do nosso treinador Carlos Carvalhal, publicado no seu Site Oficial, e recomendado pelo "bloguista" Carlos Costa e Silva:

No dia seguinte ao jogo disputado com o Rio Ave, e depois da habitual noite muito mal dormida após jogo, dou comigo a concluir um conjunto de ideias.

Defrontamos uma verdadeira "equipa" e empatamos o jogo porque fomos também uma Equipa na verdadeira acepção da palavra.

O Rio Ave, honra ao seu treinador Carlos Brito, é uma equipa muito bem organizada. Possui um jovem treinador, muito metódico, com uma forte personalidade e que tem uma ideia de jogo (modelo de jogo) muito bem definida. A sua ideia assenta em princípios de jogo muito bem esclarecidos e assimilados pelos seus jogadores, com a vantagem de estar a trabalhar há muito tempo com estes.

É claro para mim, ao estudar previamente esta equipa do Rio Ave, as dificuldades que iríamos encontrar no jogo. Não tem nomes sonantes, mas o Rio Ave, sob as ordens de Carlos Brito, tem feito contratações (dentro dos limites orçamentais) muito acertadas, de forma a colmatar a perda de jogadores (poucos) que saem do clube.

Por falar em jogadores que se valorizam e saem para clubes melhores, é um caso clássico de jogadores que se valorizam, porque a equipa no seu todo funciona. "Um bom solista, evidencia-se muito mais numa boa orquestra do que numa má".
Este um bom exemplo a seguir pelos clubes. Um bom treinador, metódico, com tempo para trabalhar... tem resultados.

O nosso Belenenses deu uma prova de grande maturidade e ambição. Fomos uma Equipa, os que jogaram de início, os que entraram, os que sofreram no banco e de certeza aqueles que por este ou aquele motivo não foram convocados.

Estou muito orgulhoso pelos meus jogadores, pela nossa Equipa. Que grande carácter, que personalidade individual e colectiva... Acreditar até ao final, lutar até à exaustão, até ao limite das capacidades... cumpre o Homem através do desporto uma das maiores virtudes da sua essência, o conhecimento dos seus limites, a superação...

Independentemente do resultado final, a satisfação seria enorme, com aquele final é uma realização momentânea... é que vem aí outro jogo no domingo.

quarta-feira, setembro 15, 2004

A DÉCADA DE 80 (Continuação) - PARTE V - CONCLUSÕES - SECCÃO IV – Outros Problemas e Algumas Soluções



Depois de termos visto, nos três artigos anteriores, os grandes problemas fundamentais emergentes durante os anos 80 (esfriamento da paixão clubística, perda de identidade, falta de ambição e orgulho), vamos concluir estas reflexões com alguns outros problemas e, também, com a referência aos aspectos bons que a mesma década teve.

Entre os problemas, eu gostava de destacar a estagnação ao nível das instalações. Fez-se pouco. As piscinas continuaram paradas. O estádio recebeu as primeiras cadeiras (nos sócios com lugar cativo) a meio da década, a melhoria da iluminação imposta pelo regresso às competições europeias, algumas obras nos balneários… e pouco mais. Sobretudo, muito pouco para uma década inteira. O espaço do Restelo tinha muitas vezes um aspecto desleixado, quase desolado, estranhando eu porque, ao menos, não se limpavam certas zonas. Neste contexto, é justo destacar o que se fez nos últimos anos. Sequeira Nunes e Cabral Ferreira estão de parabéns! O complexo desportivo actualmente existente no Restelo, com a ampliação, renovação e atenção que lhe foi dada, é um património magnífico – para o Belenenses, para a cidade, para o país. O clube tem hoje 7.000 pessoas a praticar desporto…é obra! Um motivo de grande orgulho!

Também não houve, na 2ª metade da década de 80, uma correcta aposta na formação. Tome-se o exemplo do futebol: tirando Rui Gregório (que pode ter passado ao lado de uma grande carreira…), praticamente mais ninguém chegou a jogar com um mínimo de regularidade na equipa principal. Vale a pena aqui lembrar que, no ano terrível de 1982, Acácio Rosa trouxe Carlos Queirós para coordenar as camadas jovens do clube, em termos financeiros muito vantajosos para o Belenenses. Foi, posteriormente, dispensado! Não estou a endeusar Carlos Queirós – nunca o fiz, nem sequer é figura que me seja especialmente simpatia – mas tal dispensa foi uma decisão muitíssimo infeliz!

Outro aspecto, que já referi em anteriores artigos, foi a despreocupação com a diminuição das assistências, que já se começava a notar. E, aqui, faço um parêntesis para me congratular por – finalmente!!! – o assunto estar na ordem do dia e a merecer a atenção que a importância e a urgência do problema justificam. Ainda há três meses, quando neste blog comentei que aumentar as assistências era talvez a maior prioridade para a nova época, recebi uma resposta irónica! Ainda bem que pessoas como o Nuno Gomes e o Pedro Patrão insistiram e “obrigaram” a que o tema fosse mesmo objecto de atenção séria. Claro que, na década de 80, as assistências no Restelo deviam ser, em média, 3 ou 4 vezes superiores às actuais (veja-se fotos dos “Momentos” e outras publicadas nesta série de artigos). Mas eu já notava o problema que se ia gerando.

Lembro-me de, em conversas nos treinos, perguntar porque não se distribuíam convites aos jovens das escolas, sobretudo as das zonas envolventes de Belém; porque nos jogos europeus, ocasião privilegiada para projectar o clube, se punham preços tão caros e proibitivos; porque não se reduziam proporcionalmente os preços dos bilhetes para as bancadas inferiores do estádio, para este não parecer vazio (e permitir a presença de pessoas com menos posses); porque não se apoiavam mais as claques (na altura, só uma) e não se colocava gente azul em lugares que precisavam de ser animados, etc, etc, etc. Deparava-me com uma total indiferença… Hoje, o resultado dessa indiferença está à vista. Foi preciso esperar quase 20 anos para se tomarem medidas. Medidas que hoje serão bem mais penosas: era muito mais fácil atrair público quando o Belenenses tinha jogadores como um Mladenov, ganhava a Taça de Portugal, andava nas competições europeias, estava no pódio do campeonato… (devo contudo referir que as assistências, no Restelo, quando aumentam é menos por causa de boas classificações e sim, principalmente, por se “puxar” pela alma, pela garra, pela raça do clube. Gostava de enfatizar este ponto!)

Finalmente, quero referir um certo novo riquismo que então se instalou no Restelo. Tomaram lugar alguns dirigentes de plástico, tão preocupados com a sua imagem como despreocupados com a do clube. Noutro artigo, mencionei a ausência de reacção de certos dirigentes quando o clube era atacado ou menosprezado; mas eram esses mesmos dirigentes que não se esqueciam de reagir se a sua imagem pessoal era beliscada… De resto, vem a propósito referir os dias inteiros em que o Restelo parecia uma “quinta sem dono”. Parecia não haver por ali um único dirigente. Penso que, por vezes, faltou dedicação. Sei do que falo quando me refiro a dedicação graciosa. No entanto, se graciosamente não se consegue assegurar todo o constante acompanhamento contínuo de que o clube precisa, então, que se ceda ao pragmatismo, profissionalizando o que necessita de ser profissionalizado. E, então, tem que haver muito rigor e exigência de serviço!

Bom, mas os anos 80 também trouxeram coisas boas!

Em primeiro lugar, a capacidade de o clube ressurgir da crise que o fizera cair na 2ª Divisão. Poderia ter sido um afundamento definitivo! O Belém reagiu como só os grandes sabem reagir.

Depois, houve, durante anos, até à conquista da Taça de Portugal, a construção coerente de uma equipa: a criação de uma espinha dorsal, mantendo-se o que era de manter, e melhorando-a todos os anos com 2, 3, 4 jogadores! Há que dar esse mérito a Mário Rosa Freire e, entre outros, a José Silva, Carlos Silva e Barcínio Pinto. É justamente o que, em meu entender, devemos fazer nos próximos anos. Temos esta época uma base de jogadores de muito razoável qualidade. As contratações de Amaral, Juninho, Zé Pedro, por exemplo, foram excelentes. Há que assegurar a manutenção dos jogadores que interessam (salvo se surgir alguma muito boa proposta de clube estrangeiro), ir acrescentando 3 ou 4 jogadores de verdadeira qualidade cada temporada (desde logo, claro, para as posições mais carenciados), acabar de vez com jogadores emprestados por nossos rivais, lançar progressivamente jovens vindos da nossa formação ou de um trabalho de prospecção, estabilizar um modelo de jogo (falei disso num artigo chamado “Perfis” e fico contente de ver o Carvalhal, em entrevista ao jornal do Belenenses, dizer isso mesmo). Assim, iremos “lá”; e espero que, contrariamente ao que aconteceu há 15/18 anos atrás, haja a ambição de chegar sempre mais longe!

Ainda nos anos 80, conseguiu-se uma boa fonte de receitas, com a sala do bingo. Pena foi que, durante anos, o clube se tenha encostado a isso, também nesse aspecto não procurando novas formas, meios adicionais, soluções complementares.

Também é de elogiar o ressurgimento do jornal do Belenenses, salvo erro em 1987. Anos depois, como se sabe, veio um interregno e só mais recentemente o retorno. Esperemos que, desta vez, para não mais parar e, sim, para se ampliar e melhorar sempre mais!

Termino aqui a longa alusão à década de 80. Os próximos artigos serão sobre a década de 70. Depois, virá um balanço final sobre o passado a que assisti e, em seguida, o direccionamento para o futuro!

Palavras que foram ditas 21 - O Regresso de D. Sebastião Lucas da Fonseca Matateu



Em Abril de 1987, Matateu voltou, enfim, a Portugal (vindo do Canadá) e à casa Belenenses, fazendo jus ao seu nome – Sebastião. Encheu-nos de alegria, especialmente aqueles que o reencontravam, o puderam tratar familiarmente por Lucas, os velhos belenenses que assistiram aos seus temos de glória, quando era o terror dos guarda-redes adversários (incluindo um que, provocantemente, em vésperas de um encontro, dissera que não conhecia quem era o Matateu, e ainda não era volvido um minuto de jogo, já tinha dentro da sua baliza um golo à Matateu…).

Em termos mais públicos, Matateu esteve presente no Restelo em dois jogos, um contra o Farense, o outro para o Benfica (este com uma assistência fantástica!) e acabou por aceitar, com relutância, ir a um programa televisivo, pondo como condição que também estivesse presente Ângelo, antigo defesa do Benfica, e seu marcador (ás vezes com bastante dureza) em tantas pugnas…

E, a partir daqui, passamos a citar Neves de Sousa:

“Então, nesse momento de novo duelo, Matateu atirou, com o seu português sempre muito complicado:

- Ora conta aí, seu Ângelo, todas as porradas que você mi deste, pá!

Ângelo embatucou, [Ribeiro] Cristóvão sorriu, Matateu rasgou a boca. O mesmo sorriso, destapando dentes tão brancos como (afinal) a alma ainda pura do futebolista que marcou uma bela etapa de todo o futuro verde-rubro. A saudade que persiste ainda num Belenenses que, ao tombar do alto areópago [1º descida de divisão], provocou lá longe muita tristeza:

- Foi, mas não conte para ninguém. Chorei muito’”.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Guerreiros!


Esta noite assistimos a um óptimo jogo de futebol, não muito bem jogado, mas com vontade de fazer golos de parte a parte. Pela parte do Belenenses, excelente final de partida, cheio de querer e vontade, de uma equipa que não se deixou abater pelas adversidades.

Estava o jogo morno, iniciado há uns minutos, quando um remate de Gama da esquerda tabela em Rolando (que o comentador da SporTV insistia em chamar Ronaldo, enfim...) e Marco Aurélio defende a custo. Na recarga, 1-0 para o Rio Ave, por Saulo. A equipa não se deixou abater, pegou no jogo e "caiu em cima" dos Vilacondenses. Antchouet tem uma perdida inadmissível num ponta-de-lança (pareceu demonstrar medo de ir isolado, procurando um companheiro que resolvesse) e o Rio Ave, num lance de cabeça, originado numa das mil falhas de Cristiano, podia ter dilatado. Mas até à meia hora de jogo, o Belenenses já merecia o empate. De repente, aos 30 minutos, o 2º do Rio Ave num pontapé de fora da área de Zé Gomes que tabela em Zé Pedro, desviando a bola de Marco Aurélio. Seguiu-se um período menos conseguido, com o Belenenses a acusar o golo, porém sempre a tantar mudar a sorte do jogo.

No reatamento, Carvalhal tira Marco Paulo e Rodolfo Lima, muito apagados, e faz entrar Lourenço e Brasília, que se tornou no homem do jogo, pelos 2 golos apontados. O Belenenses entra melhor mas, num contra-ataque, novo golo para o Rio Ave, com culpas para a nossa defesa. Parecia o fim, a equipa perdeu-se por uns 5 ou 10 minutos, mas voltou à carga, cada vez mais intensa, até que a 15 minutos do final Brasília na esquerda ganha espaço, remata, a bola tabela em Franco e ilude Mora. O Belenenses galvaniza-se, parte para cima do Rio Ave e Carvalhal troca Petrolina (apagado) por Neca, que viria a deixar o seu cunho no jogo. A 5 minutos do final, Neca leva a bola para o ataque, entrega atrás para Zé Pedro que marca um golo de bandeira. Por essa altura, há que dar mérito ao Rio Ave que sempre procurou o 4º golo, mesmo quando o Belenenses reduziu para 3-2. Marco Aurélio susteve uns remates perigosos dos atacantes do Rio Ave e, na última jogada do desafio, um jogador azul sofre uma falta a uns 30 metros da baliza. Brasília remata, não muito forte, a bola passa por entre um amontoado de jogadores sem tocar em ninguém e Mora, parecendo esperar o desvio da bola, atira-se tarde demais e fica com culpas no lance.

Destaque pela positiva no Belenenses para Brasília, Neca e Andersson e pela negativa para Marco Paulo, Amaral e, fundamentalmente, Cristiano. Uma menção honrosa para Pélé, que passou o jogo todo a fazer de central e lateral-esquerdo, pois Cristiano andava desaparecido em campo.

Em suma, uma exibição positiva da nossa equipa, apesar das vicissitudes do encontro. Souberam sempre levantar a cabeça e lutar. Está de regresso o quarto de hora à Belenenses!

Momentos...

Hoje, dia em que se joga a 2ª Jornada da Superliga 2004/05, o Blog do Belenenses recupera uma rúbrica iniciada no início do Verão, onde se pretende mostrar momentos marcantes do nosso clube. Por questões de racionalizar o espaço disponível, apresentamos uma foto directamente no Blog, estando as outras disponíveis através do link em página própria. Vejam as fotos e "galvanizem-se" para logo à noite. Os nossos agradecimentos a Eduardo Torres e João Gouveia pela disponibilização das imagens.


Imagens da vitória do Belenenses sobre o Benfica na Final da Taça de 1989


A Festa de despedida do nosso Feliciano. Na foto, dois outros grandes nomes do futebol português: o benfiquista Rogério (que teve a sua despedida na mesma foto), e Travassos, do Sporting. Note.se o ar digno e nobre de Feliciano. E veja-se nesta imagem uma realidade: O Belenenses em pé de igualdade com os seus dois rivais de Lisboa


A equipa que, no Restelo, iniciou a 2ª mão da eliminatória da Taça UEFA, contra o Bayer Leverkusen. Com duas vitórias por 1-0, o Belenenses afastou os alemães, vencedores da edição anterior. 17.000 pessoas no Restelo


O Restelo quase cheio (mais de 35.000 pessoas) num jogo contra o Benfica. Fazendo uma grande exibição, o Belenenses foi infeliz, e perdeu na transformação de um penalty escusado – que, como se vê na imagem, Jorge Martins quase defendia


Meia final da Taça de Portugal 88/89. O Belenenses bate o Sporting por 3-1, perante mais de 30.000 espectadores


O jogo contra o Mónaco no Restelo, na Taça das Taças, em Setembro de 1989. Presentes cerca de 15.000 pessoas, apesar de transmissão televisiva


Desafio Belenenses Benfica em Janeiro de 1990. Empate a zero. Juanico, em livre directo, vai rematar à trave. Veja-se a bancada do lado Tejo: cheia!


Jogo Belenenses – Benfica na época 89/90. Os capitães Juanico e Veloso cumprimentam-se. Assistência: 35.000 pessoas


Vitória 1-0 contra o F.C.Porto, até então invicto, na época 89/90, perante 25.000 espectadores. Na foto, Chiquinho é derrubado na grande área sem que nada fosse assinalado – uma constante contra certos clubes


O Estádio do Restelo, na década de 70, antes de um jogo grande. Ainda há gente nas ruas para entrar mas o Estádio já está quase totalmente cheio. Repare-se, nomeadamente, na enchente na bancada dos sócios