domingo, novembro 28, 2004

Basta!

Mais uma derrota caseira que pode colocar o Belenenses junto a posições perigosas foi o resultado de mais um jogo "assim-assim", morno, sensaborão, de uma equipa que joga um futebol bonito mas estranho. Carvalhal tem de fazer alterações, pois o seu tempo de experiências tem de estar acabado e tem de começar a ter certezas. O discurso do futebol bonito e de ataque já está gasto, queremos é vitórias. E começa a ser preocupante a incapacidade desta equipa.

Há muitas coisas nesta equipa do Belenenses que, para quem não é um teórico do futebol, dificilmente são explicáveis. É uma situação que se arrasta desde o início da época, quando Brasília, um dos nossos melhores jogadores e com características únicas no plantel, nunca entrava nas contas do treinador. Zé Pedro, que me maravilhou na pré-época e em jogos do Boavista, da pré-época 2001/02, cada vez está mais apagado e parece um fantasma em campo, nem defende nem ataca. Marco Paulo igual a si próprio, Neca idem aspas e Juninho ontem andou apagado...

Assustador é insistir na mesma tecla jogo após jogo, jogar sem trinco (Andersson é médio-centro) e ser incapaz de suster o adversário, jogar sem alas e ser incapaz de chegar à baliza do adversário excepto nos rasgos do Antchouet, que falha golos como quem come azeitonas. É talvez o que mais me assusta nesta equipa azul, o total afunilamento do futebol para o centro, e aí desculpem-me, mas tem de haver ordens do treinador. Se até os laterais quando sobem convergem para o centro do terreno em vez de abrir espaços na linha lateral! Das poucas vezes que ganhamos a linha de fundo, invariavelmente o nosso jogador prefere "meter" a bola para dentro e tentar fintar o defesa para dentro da área... afunilar o jogo. Na única bola que cruzámos, deu golo. Podem dizer que não temos avançados para jogar em cruzamentos: é verdade. Mas a verdade é que se já fizemos metade do trabalho e ganhamos a linha, somos burros em desfazer isso para voltar a tentar entrar com a bola dentro da baliza pelo meio.

Estou farto, fartíssimo, deste futebol para entreter idosos. Quero futebol a sério, quero ver a equipa a defender, a atacar, a jogar com nervo. Quero lá saber da circulação de bola e da transposição defesa-ataque e ataque-defesa. Quero ver a equipa a jogar com um trinco nas costas do Andersson, com os laterais a subirem pelas laterais e não a entrarem para o meio, quero ver cruzamentos, remates de meia-distância, quero ganhar!

O futebol que praticamos já é pouco eficaz. Se pensarmos que semana após semana os adversários nos vão conhecendo melhor... defender contra nós é facílimo, 2 polícias em cima do Antchouet, outro fisicamente forte em cima do Juninho Petrolina. De resto, não são precisas preocupações com as faixas laterais (eles não cruzam bolas, eheheheh, dizem os adversários) e é preciso que o meio-campo defensivo caia muito em cima dos médios não lhes dando espaço para os passes a rasgar para Antchouet. Quanto a atacar, é simples: trocas rápidas de bola a meio-campo, pois o Andersson anda por lá sozinho e não aguenta quando lhe caem 3 adversários em cima (eles têm mais gente no meio-campo, mas fazem uma marcação à zona que é muito à zona, tipo 15/20 metros do adversário, para não estragar o espectáculo). Depois, deixando Andersson para trás, é fartar vilanagem contra os desgraçados dos defesas que nos apanham em grande velocidade. Aliás, até costumam dizer que a defesa azul é o ponto fraco da equipa... esquecem-se é que uma defesa começa no ataque e tem toda a preponderância o apoio do meio-campo.

Ontem foi um jogo muito mau. Como destaques positivos, Andersson (o pêndulo, mas sem apoio é impossível), Antchouet e Neca (pelo golo, porque de resto Antchouet falha mais 2 golos escandalosos e não aproveita uma situação interessante para ganhar um penalty forçando o choque com o guarda-redes. Quanto a Neca, uns furos acima do que tem vindo a fazer). Pela negativa, destaque a Rolando (um jogo cheio de disparates, aos 10 minutos já tinha feito 3 disparates arrepiantes, mas acontece, tem 18 anos. O penalty ridículo acabou por ser o culminar de uma noite para esquecer), Rodolfo Lima (muito apagado) e José Pedro (comprou lugar cativo na equipa? Se tivesse o cabelo curto alguém o veria em campo??? Só se fosse a perder bolas umas atrás das outras).

Quanto a público, muito pouco, cerca de 2.500 pessoas. E com tristes espectáculos destes, cada vez serão menos os que terão coragem de dispensar uma noite de Sábado para ver esta tristeza.

Quanto às declarações de Neca, que fala em ganhar os 3 pontos jogo a jogo e depois logo se vê se conseguimos ficar entre os 10 primeiros, estão em consonância com a mensagem que lhes é tranmitida. Infelizmente, ninguém se "manda ao ar" no Belenenses. Está semper tudo óptimo...

Quanto ao árbitro, esteve globalmente bem tirando um lance que passou despercebido no campo e até na TV, em que o guarda-redes Paulo Santos recolhe um lançamento em profundidade do Belenenses com as mãos, coloca a bola junto à relva, caminha uns metros com a bola e volta a agarrá-la. Livre indirecto e cartão amarelo para Paulo Santos que "passaram". Mas admite-se, pois foi uma situação rápida e em que o guarda-redes agiu com tamanha naturalidade que de certeza nem ele próprio se apercebeu do que acabara de fazer.

Em suma, Professor Carvalhal, surpreenda-nos. O futebolzinho bonito já conhecemos e dispensamos. Agora queremos o futebol a sério e total. Eu sei que é capaz, eu vi o Leixões jogar com o PAOK Salónica e vi uma equipa do outro mundo que jogava no Estádio do Mar. Por falar em Leixões, não há nenhum rapaz de lá que nos dê jeito mister? Estou lembrado de uns quantos...

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