quarta-feira, dezembro 29, 2004

Guerreiro no meio-campo

Eis que ao chegar a casa, esperando discutir no Blog o interesse ou não na contratação do jogador, que soube hoje havia rescindido com o Guimarães, tenho mais uma boa notícia, a que o Belenenses me tem habituado nesta quadra festiva.
Parece que a SAD, o treinador ou o Presidente, alguém ouviu os meus lamentos (e de outros bloguistas) sobre a necessidade de reforçar o meio-campo defensivo, e parece-me claro que Rui Ferreira é uma boa aposta.

Este ex-jogador vimaranense, tenho de ser sincero, é um jogador que nunca gostei de ver jogar enquanto adversário. Muito duro, por vezes em excesso, é daqueles que tiram a paciência a um Santo que seja adepto do adversário. Ora como eu nem sequer santo sou, o homem já ouviu uns bons impropérios mais ou menos contidos nas bancadas, ou alto e bom som frente ao ecrã (pelo menos se estiver sozinho)!

Agora que equipará de azul, lá lhe irei perdoando os excessos (mas não abuses, o Belenenses é um clube de gente séria, dá umas traulitadas, mas com juizinho) e espero ver-lhe a eficácia que tenho registado nos últimos anos.

Chegamos a 2005 com um plantel sem dúvida mais equilibrado, Pelé (o patrão da defesa) volta a jogar a central (ou muito me engano, ou a médio prazo as propostas tentadoras começarão a surgir no Restelo por este excelente central), Andersson terá companhia a meio campo e temos extremos, uma vez que entrou Paulo Sérgio e a entrada de Catanha pode libertar Lourenço para as alas.

Por último, duas curiosidades:
- há uns bons anos que o Rui Ferreira não marca um golo. Isso é tradição para ser quebrada
- em 94 Rui Ferreira jogava no Lourosa. Não foi nessa época que fomos eliminados da Taça pelo Lourosa?

terça-feira, dezembro 28, 2004

Parabéns ao Portal Oficial


O Blog do Belenenses tem o maior prazer em felicitar o Site Oficial do Belenenses pela distinção de que foi alvo por parte do jornal "O Jogo", que o considerou o melhor site dos clubes nacionais.

De facto, aquilo que tem vindo a ser uma evidência para todos os "internautas azuis", é agora valorizado pela comunicação social. Bem sei que o Site Oficial é fruto da colaboração desinteressada de muitos Belenenses e que, portanto, o objectivo é promover o clube e não receber distinções. Mas estas distinções são importantes para que estas pessoas que dão uma boa parte do seu tempo livre (e também do que não é livre) tenham alento para continuar este excelente trabalho.

Fica aqui um abraço muito especial ao Miguel Barreiros, pois é a face mais visível de toda a equipa que tanto trabalha para o sucesso do Site Oficial. É importante todo este dinamismo do Belenenses na Internet, com o melhor Site Oficial e o clube com mais Blogs com reconhecido mérito.

E mais importante ainda, entre todos estes veículos de comunicação on-line não há qualquer rivalidade, antes uma sã e amigável convivência que visa unicamente o engrandecimento do clube. Curiosamente, cada veículo tem vindo a trilhar o seu caminho, conseguindo o seu espaço, não sendo meros espaços repetidos de discussão estéril e perfeitamente inútil, como a maioria destes espaços dos clubes portugueses.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Quero lá saber da idade!

O Belenenses contratou o Catanha, provavelmente o segundo melhor jogador que passou pelo Belenenses nas últimas décadas (porque Marco Aurélio, o Imperador, é e será sempre nosso). Catanha fez-me sonhar durante largos anos, nos poucos meses com a nossa camisola e enquanto acompanhei a sua carreira em Espanha. Quando, ao chegar a casa, me deparei com esta notícia, tenho de admitir que me emocionei.

Afinal, é o regresso de um grande jogador à casa onde nasceu, pois veio do CSA, de Alagoas, e o Belenenses mostrou-o à Europa do futebol. Jamais esquecerei um dos momentos mais mágicos que vivi no Restelo, com o Catanha na bandeirola de canto a dar uma, perdoem-me a expressão, "cueca" de calcanhar no Mozer e da linha de fundo a colocar a bola na barra de um Preud'Homme completamente batido.

Mas também não esqueço esse azar do destino, aquela bola sobre a linha de golo em Guimarães, a 6 ou 7 jornadas do fim, com o Belenenses a lutar pelos primeiros lugares, que Catanha empurrou com o pé esquerdo contra a canela da perna direita, e tomou o sentido oposto da baliza. Foi o início de uma derrocada até ao fim da temporada. E se alguém não merecia aquele azar era este grande jogador.

Catanha volta ao Belenenses. Tem 32 anos, quase 33. QUERO LÁ SABER! Os génios são imortais! Mesmo que não marques nenhum golo Catanha, que sejas uma decepção e daqui a uns meses te ache um jogador acabado, obrigado por esta noite que, de certeza, não conseguirei dormir descansado. Porque poucos jogadores me fazem sonhar, e tu foste um deles.

Catanha de volta!

Notícia de última hora:

Segundo o site oficial do clube, o jogador Catanha - que já antes representou o Belenenses - vai assinar por época e meia com o clube.

Fonte: site oficial

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Feliz Natal

Venho por este meio desejar um Feliz Natal a todos os amigos azuis que vão sofrendo com as derrotas e vibrando com as vitórias através do ecrã do computador, a meu lado. Os votos são também extensíveis a todos os Bloguistas e Blogueiros que nos gostam de visitar. Desejo um Natal cheio de Paz e Amor para todos e que 2005 se revele um ano bem mais positivo para o Belenenses.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Mercado a abrir, trinco do lado de fora da porta

É hoje publicado na imprensa que o Belenenses está próximo de assegurar o concurso de Paulo Sérgio durante a próxima época e meia e está interessado em Maciel, do Porto. Se quanto ao primeiro já muito foi discutido pelos adeptos azuis (que no entanto o possível empréstimo por ano e meio pode vir lançar novos argumentos para a discussão), o segundo já havia sido ventilado e parece-me, à primeira vista, muito mais interessante. No entanto, e a imprensa faz a ressalva, o jogador aufere no Porto qualquer coisa como 70.000 Euros por mês!
Sem qualquer dúvida que Maciel seria um jogador interessante para o Belenenses, nomeadamente para jogar na ponta direita. Já deu provas do seu valor e, jogando muito ou pouco, é campeão europeu, tem 27 ou 28 anos e está no pico da carreira. Agora, como é que é possível que um jogador que sai do Leiria para o Porto passe a ganhar 70.000 Euros por mês??? Como é que é possível os clubes terem a situação financeira estável com estas “enormidades”? Maciel fez meia dúzia de jogos pelo Porto, provavelmente até ao fim do contrato poucos mais fará, no entanto terá sempre a haver 70.000 Euros por mês…

Mas isto não acontece só nos grandes. Repare-se na situação, já muito debatida, do nosso jogador Mauro, esta época emprestado ao Estrela da Amadora. Por ter marcado 3 golos ao Sporting há uns anos, e ser filho de um antigo jogador azul que havia deixado saudades, pagámos 60.000 contos por um jogador em final de contrato (posso não comentar?), com 29 anos, com uma carreira que incluía já passagens por 9 clubes (porque seria?) e que na sua melhor época havia marcado 12 ou 13 golos, na 3ª divisão. Esse jogador assinou pelo Belenenses um contrato milionário (para a nossa realidade, claro está) e ainda hoje é um “peso morto” na nossa folha salarial e será até ao final do contrato, pois como é óbvio ninguém lhe oferecerá as condições que nós oferecemos. Sabendo que o Presidente do Estrela da Amadora disse no início da época que não pagavam mais de 800 contos por mês, é fácil perceber quanto o Belenenses despende com um suplente do Estrela da Amadora…

Mas voltando ao assunto inicial, se Paulo Sérgio parece ser uma entrada praticamente consumada, então para quê o interesse em Maciel??? Entre os dois, preferia obviamente o Brasileiro, mas não pagando, sequer, um quarto do ordenado. Ora então, e se estivermos interessados nos dois? Será então o Maciel o “caixote” para a área? Começo a ficar preocupado. Afinal, ainda há dias houve declarações que deixaram claro que não se ia buscar jogadores à 2ª Liga porque eram caros. Se o Maciel é barato, nem quero imaginar quanto custa um jogador do Maia ou do Portimonense…

E o trinco senhores, e o trinco?

terça-feira, dezembro 21, 2004

O pouco justo descanso

Estão de férias, meus caros, estão de férias! Pagos a peso de ouro, capazes de prestações profissionais que em qualquer outra profissão daria despedimento com justa causa, os futebolistas da Superliga estão de férias! Mas o que me preocupa realmente são os do Belenenses, porque nem me importava que os outros fossem de férias e os nossos ficassem a trabalhar. Lá vão eles para as suas cidades, os seus países, para 15 dias de férias pagas e bem pagas, comer filhós, rabanadas e troncos de chocolate…

Depois, no regresso, os incontáveis casos que ocorrem época após época, de jogadores que regressam aos trabalhos com excesso de peso, de outros que demoram ou nem regressam (e temos um no plantel que costumava comer muitos ovos moles, e ficava esquecido pelo Brasil) e de uma falta de concentração gritante.

A somar ao mês e meio de férias de Verão, surgem agora mais 15 dias… ou seja, em cada ano de trabalho, 2 meses de férias. Nos restantes 9 meses, fazem 40 jogos de hora e meia (60 horas), e se considerarmos que fazem 300 treinos (por excesso) de uma hora, mais 300 horas. Ou seja, trabalham 360 horas/ano, uma hora por dia! Um trabalhador normal, que trabalhe 8 horas por dia, trabalha 40 por semana, 160 por mês, 360 horas em 2 meses e uma semana. Ou seja, o tempo que eles têm de férias é todo o tempo que o comum mortal tem para trabalhar o mesmo que eles trabalham num ano inteiro!!! E estamos a ser simpáticos nas contas.

A minha questão é: será que o dinheiro para pagar principescamente a estes jogadores nasce do chão? De que vivem os clubes durante as “férias” para lhes pagarem??? Faz algum sentido, num Inverno ameno como o Português e numa altura de bolsas cheias (ou menos vazias, sejamos realistas) não se aproveitar para chamar adeptos aos Estádios? Serei eu que sou louco, ou será o futebol português uma verdadeira palhaçada?

Já agora, e para acabar, porque raio é que os jogadores estrangeiros têm mais dias de férias de Natal que os Portugueses? Enquanto a brasileirada já se “pôs a mexer”, outros há que por cá continuam. Ora aí está uma boa proposta para apresentar aos jogadores: meus amigos, quem quiser vai de férias, quem quiser fica e tem treinos normalmente. Obviamente, quem ficar chega aos jogos de Janeiro em forma, quem for nem por isso. Era uma escolha pessoal, cada profissional que decidisse. Parece-me uma boa proposta… havia de ser bonito, vermos quantos verdadeiros profissionais tínhamos.

Estão já todos nas praias brasileiras, e nós por cá a trabalhar, para não sair muito tarde e ainda arranjar tempo para ir comprar prendas para os “atafulhados” Centros Comerciais. Maldito joelho que me traíste, podia estar eu hoje também de férias!

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Boas saídas e melhores entradas

Mangiaratti e Sandro deixaram o Belenenses, mas quer um, quer o outro, acabam por deixar boa impressão, apesar de Mangiarrati não ter feito sequer uma mão cheia de jogos e Sandro nem se ter estreado a nível oficial. Ambos foram profissionais de corpo inteiro e respeitaram, e respeitam, o emblema azul que serviram durante alguns meses.

Sandro, de contratação sonante da pré-temporada, rapidamente passou a não convocado, fruto da ascensão de um jovem de apenas 19 anos chamado Rolando, que apesar de erros próprios da idade é um dos jogadores mais promissores da Superliga. Ficaram assim por provar as qualidades que levaram Sandro a jogar tantos anos ao mais alto nível no Brasil, chegando mesmo a capitão do histórico Botafogo.

Mangiaratti carregou durante meses a esperança dos adeptos azuis de que fosse capaz de potenciar as qualidades que evidenciou aquando da sua chegada. De facto, à primeira vista, parecia não ser um central do outro mundo, mas que podia perfeitamente ser jogador para agarrar o lugar. As sucessivas lesões obrigaram, no entanto, ao apagamento do Suíço, e a verdade é que os adeptos azuis nunca chegaram a poder comprovar o seu real valor.

No primeiro jogo da pré-época, diante do Olhanense, em Santiago do Cacém, pude ver em acção uma dupla de centrais composta por estes jogadores recentemente dispensados. E foi para mim evidente, a partir desse dia, que Rolando tinha todas as condições para ser titularíssimo do Belenenses. De facto, após na primeira parte terem jogado de forma imperial Rolando e Pele, ao intervalo entraram Mangiaratti e Sandro, e a 2ª parte foi uma tremideira permanente, com o Olhanense a marcar 2 golos. No entanto, havia que dar, obviamente, o desconto de ser uma dupla composta por dois estrangeiros, um deles acabado de chegar e outro a regressar após paragem prolongada. Não mais pude ver os 2 jogadores em acção, mas se de Mangiaratti, a nível individual, vi nesse jogo a entrega do costume, a Sandro foi detectada uma boa capacidade para sair a jogar e um passe longo preciso. Mas ficámos por aí…

Importa agora analisar o plantel e as alterações que estas saídas implicam. Para já, contamos com Rolando, Wilson, Gonçalo Brandão e Pele, sendo que este último me parece que “tem” de jogar no meio-campo defensivo, não por falta de qualidade a central (onde é imponente e para mim um dos melhores centrais da Superliga), mas por falta de soluções no plantel para o meio-campo defensivo. Assim sendo, ficamos com 3 centrais disponíveis, pelo que me parece importante a contratação de, pelo menos, mais um defesa-central. Ou então, um trinco de qualidade que possa fazer com que Pele recue novamente para central. De facto, apesar de ter sido por vezes bastante criticada esta dupla de centrais, nunca me pareceu que o problema dos golos sofridos estivesse na sua prestação. Para mim, facto evidente desde o início da época, as poucas falhas que manifestaram deviam-se maioritariamente à falta de apoio a meio-campo (os adversários aparecem N vezes por jogo com 2 médios completamente soltos à frente dos nossos dois centrais, bastando para tal fazerem um 2 para 1 com o Andersson, e passando por ele é “fartar vilanagem” por ali fora) e ao problema que fomos tendo com o lado esquerdo da defesa.

Fala-se também, na imprensa, que há interesse num avançado. Não me cansei de repetir na pré-época que era disparate dispensar o Ceará, apesar das suas limitações. Isto porque era o único verdadeiro ponta-de-lança de que dispúnhamos, e dispensá-lo é quase o mesmo que dispensar o único guarda-redes do plantel porque ele é fraco… ouvi falar num internacional comunitário que é seguido pelo Belenenses. Será Anastasiou, o avançado grego que em Janeiro dizia a SAD que tinha tudo acertado (uns dias depois, como o empresário não telefonava, não sabiam como estava a situação) e apareceu a jogar (e marcar) 2 semanas depois no Ajax? Após ter marcado meia dúzia de golos na 2ª metade da época passada, parece que este ano está com vida difícil, pelo que gostava de o ver no Restelo…

Mas acho que se está a trabalhar no Restelo. As renovações que foram encetadas desde o início da temporada, a recente renovação com Carvalhal (independentemente de achar isto ou aquilo do treinador, acho importantíssimo saber aquilo com que contamos, para não chegar um “para-quedista” no início da época, dispensar meio plantel, porque tem um projecto para colocar o Belenenses na rota do êxito e o trabalho já feito não lhe dá garantias) e os elogios, vindos dos mais diversos quadrantes, às qualidades de Rui Casaca, deixam-me esperançado para o futuro. Espero não me enganar.

sábado, dezembro 18, 2004

Natação: equipa feminina no pódio.

A equipa feminina de natação do Clube classificou-se hoje no 3º lugar do Campeonato Nacional de Clubes, a disputar-se este fim-de-semana em Cantanhede.

Nesta prova destacaram-se, para além do colectivo, as nadadoras: Patrícia Conceição, que bateu novamente o seu recorde dos 50 metros livres; Ana Rita Santos, que nesta fase do campeonato terminou os 200m estilos no 2º lugar; e Sara Freitas, segunda nos 200m livres.

A estafeta de 4x100m livres foi primeira classificada, não se sagrando todavia campeã nacional uma vez que a prova se inseria na fase de clubes (ou seja, contribuiu para a classificação final com os pontos correspondentes ao 1º lugar, mas não alcançou ainda o título). Nos 4x100m estilos, as nossas nadadores alcançaram o 3º lugar.

Nos masculinos, a jovem equipa do clube manteve-se na 2ª divisão, esperando-se o salto nas próximas épocas para a divisão principal.

Os Campeonatos - na sua vertente individual - prosseguem amanhã.

Às nossas equipas de natação - feminina e masculina - o Blog do Belenenses envia os parabéns e um forte abraço!

Sobre a psicologia e o desporto, novamente!

Muitos de vós conhecem a minha cruzada pessoal relativa ao aumento das condições competitivas das equipas do nosso clube por via do desenvolvimento de um trabalho de fundo ao nível do treino psicológico. Muitos dirão que me limito a defender a minha dama, numa perspectiva corporativista, mas de facto assim não é. Sou psicólogo, mas não do desporto. Todavia, por curiosidade e até experiência pessoal, uma vez que fui atleta de alta competição durante cerca de 8 anos no Sport Algés e Dafundo, creio conhecer a importância da psicologia na preparação dos atletas individualmente considerados e das equipas como um todo...


1.
Porque é tempo de ir concretizando ideias, e não apenas deixar no ar meia-dúzia de intenções (boas, com certeza, mas pouco eficientes), aqui deixo algumas propostas que poderão merecer da parte de quem decide pelo menos um momento de atenção.

É sabido que ao longo dos últimos anos o desporto conheceu um impulso fortíssimo ao nível do treino científico. Este processo de desenvolvimento de novas concepções de treino, e em particular do treino adaptado às necessidades e/ou objectivos dos atletas/equipas, teve início na antiga URSS e conheceu grande desenvolvimento nos países de Leste. A isso se deve grande parte do sucesso das equipas destes países, durante quase todo o século XX.

Hoje, os métodos científicos do treino estão disseminados por todo o mundo e, de forma mais ou menos evidente, demonstram-se imprescindíveis na preparação de atletas e equipas para a competição.

Em Portugal, o treino científico dá os primeiros passos. Quando nadava no Algés, em meados da década de 90, iniciou-se um projecto interessante (liderado pelo actual presidente da FPN), mas que morreu por si, talvez por falta de dinheiro ou mesmo por falta de paciência de todas as partes envolvidas.

Foram criadas estruturas, mas a casa foi construída a partir do telhado. Assim, em vez de se incentivar o treino científico nos clubes, através de formação específica para os técnicos ou da criação de protocolos com as Universidades e pólos de investigação, optou-se pela criação de um pomposo Centro de Alto Rendimento, o qual se encontra segundo parece mais ou menos parado.
O segredo encontra-se no treino diário, e esse faz-se nos clubes.

Ora, é esse o trabalho que eu gostaria de ver iniciado, de forma estruturada, no Belenenses. E quando digo estruturado refiro-me à criação gradual e baseada em trabalho de terreno de uma estrutura de apoio aos técnicos e atletas do clube. Alvo verdadeiramente inovador, numa estrutura tão grande como a do Belenenses... Mas do meu ponto de vista tão importante quanto inevitável.

Mais tarde ou mais cedo TODOS os clubes vão apostar em estruturas do género. E nessa altura quem irá à frente são os clubes que se anteciparam, aqueles que olharam para a frente quando todos olhavam apenas para o umbigo.


2.
O nosso clube tem condições únicas para se desenvolver como uma grande casa do desporto, capaz de criar grandes desportistas, mulheres e homens. Desde logo porque a sua concepção do desporto é de natureza diametralmente oposta à concepção que outros clubes têm.

O Belenenses tem criado as estruturas que lhe permitirão no futuro dar o salto por todos ambicionado. A modernização do seu complexo desportivo, longe de constituir um fim, foi (e é) um passo essencial nesse sentido. Por outro lado, existe uma aposta séria ao nível da constituição de equipas técnicas capazes, com natural impacto ao nível dos resultados desportivos das equipas de competição.

E se neste momento a prioridade é, de certa forma, dar mais consistência e estabilizar as estruturas criadas, não será possível ignorar por muito mais tempo a necessidade de partir para voos mais altos. Nomeadamente no quadro competitivo.

Os nossos atletas e equipas competem hoje ao mais alto nível, nacional e internacional, muitas vezes contra adversários que contam com condições de treino muitíssimo melhores. E quando correm ou nadam lado a lado, são essas condições que fazem a diferença de décimos de segundo que dão e retiram títulos...


3.
Assim, e tendo em conta a crescente importância do treino mental na preparação dos atletas, o que gostaria de ver equacionado era a criação de um "Gabinete de Apoio ao Treino" no Belenenses, constituído por uma equipa multidisciplinar que trabalhasse diariamente com as equipas do clube, no sentido de contribuir para fazer a diferença...

É possível, na minha opinião, criar uma estrutura assim sem grandes custos para o clube. Até porque há um campo a explorar que se encontra neste âmbito praticamente virgem: o dos protocolos de cooperação entre clubes e instituições de ensino superior.

Porque não avançar com uma experiência piloto ao nível das equipas de competição de duas ou três modalidades, nos escalões etários mais baixos, alargando (ou não) o âmbito de actuação do GAT de acordo com a avaliação do trabalho e dos resultados obtidos?

É tempo de avançar por mares nunca antes navegados, como os argonautas lusos, saídos da praia de Belém...

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Declarações do ex-Belenense Sandro

Não posso deixar de publicar uma noticia da Agência Placar, que foi anunciada na Mailing List do Belenenses.

Depois de acertar a contratação do atacante Vinícius, a diretoria do Sport anunciou que o zagueiro Sandro também está confirmado para a temporada 2005. Ele chega à Ilha na próxima segunda-feira.

Sandro estava jogando no Belenenses, de Portugal, depois de atuar por vários anos no Botafogo. Ele começou a sua carreira no próprio Sport. "Será um prazer voltar a jogar no clube onde eu iniciei minha carreira, ainda mais no ano de centenário. Vou mostrar a mesma garra e determinação de sempre", disse e acrescentou "Não fui feliz em Portugal por manifesta falta de adaptação. O nível de vida lá é caro e a minha família sentiu muito a falta do Brasil. No entanto não posso esquecer a forma competente e profissional como os dirigentes e o treinador do Belenenses me trataram. A solução encontrada foi a melhor para mim e para o clube. No Belenenses vivi algo invulgar na minha carreira. Sempre pagaram em dia. Nunca os esquecerei e desejo-lhes todo o sucesso do mundo".


Agenda do fim-de-semana


17/12/2004 - 6ªFeira

19:15 - Basquetebol
Pavilhão Acácio Rosa
Liga TMN: 11ª jornada
Belenenses x Benfica



18/12/2004 - Sábado

15:00 - Rugby
Estádio Nacional
I Divisão: 10ª jornada
Belenenses x Agronomia

17:00 - Andebol
Pav. Maximinos
Campeonato Profissional - 2ª jornada
Manabola x Belenenses

21:30 - Futsal
Pavilhão Acácio Rosa
II Divisão: 12ª jornada
Belenenses x Atlético


19/12/2004 - Domingo

18:15 - Futebol
Madeira: Estádio Engº Rui Alves
Superliga - 15ª jornada
Nacional - Belenenses


quarta-feira, dezembro 15, 2004

Vamos apagar a luz... Novamente!!!


A 11ª jornada da Liga TMN acontece já na próxima 6ª feira, 17 de Dezembro, pelas 19h15 no Pavilhão Acácio Rosa, onde o Belenenses recebe o Benfica, no segundo jogo contra esta equipa esta época.

O Benfica vem de uma vitória nos Açores, frente à equipa do Lusitânia, ganhando por 1 ponto, onde o resultado final foi de 77-78. O Benfica ocupa actualmente a 2ª posição da tabela classificativa, com 10 jogos, 7 vitórias, e 3 derrotas.



Por seu lado, a moral da equipa azul está em "alta" após uma vitória justa e merecida sobre o Ginásio por 91-84, num jogo altamente emotivo, sofrido e competitivo. Ambas as equipas lutaram pelo resultado e proporcionaram um belo espectáculo a quem se deslocou ao pavilhão Acácio Rosa, no passado Domingo. Os Guerreiros ocupam neste momento o 5º lugar da tabela classificativa, com 9 jogos, 7 vitórias, e 3 derrotas, destacando o facto do Belenenses ter uma jornada atrasada, que se vai realizar apenas a dia 5 de Janeiro de 2005, contra o Barreirense, em casa deste.

De atenções viradas exclusivamente para as competições nacionais, o Belenenses mostrou na jornada passada que o único caminho a seguir é “para cima”, e encontrou no colectivo a sua melhor arma para fazer frente a uma equipa que se mostrou incansável e que nunca deu o jogo por vencido. Todos os jogadores azuis deram o melhor de si, demonstrando o “Guerreiro” que há dentro de cada um, e dando, mais uma vez, uma prova de confiança aos seus adeptos e apoiantes, que desta feita, também não desiludiram e compareceram ao pavilhão para apoiar e motivar a equipa que tanto orgulho têm dado ao Clube.

Após uma jornada vitoriosa no futebol, onde a equipa azul derrotou o Benfica nuns expressivos 4-1, também no passado Domingo, espera-se a “dobradinha” no basket! Assim, esperamos casa cheia para apoiar os Guerreiros, num jogo que promete ser disputado e emotivo, visto que nenhuma das equipas quer perder a oportunidade para arrecadar mais uns pontos. A equipa do Benfica não vai querer perder também no basquetebol, e vai com certeza apelar também ao apoio dos seus sócios, para se deslocarem ao pavilhão do Restelo, para os apoiarem na luta pelo resultado.

Após o dia de trabalho, do último dia desta semana, desloque-se na direcção do Pavilhão Acácio Rosa, e venha aproveitar um final de tarde bem passado, assistindo ao que se espera ser um bom jogo de basquetebol acima de tudo. Vamos encher o nosso pavilhão com vozes “azuis” de apoio e de confiança, e mostrar que somos grandes!!! Venha apoiar os nossos "Guerreiros" no último jogo deste ano de 2004, e descubra a surpresa que eles guardaram para si!!!

Não esqueça: 19h15, no Restelo, contra o Benfica!!! Sente a tua equipa, já na próxima 6ª Feira, 17 de Dezembro, pelas 19h15, no Restelo, não faltes!

Se por alguma razão (uma muito boa razão!!!!) não puder acompanhar os “Guerreiros” nesta jornada a contar para a Liga TMN, a equipa do site vai estar presente e fornecer-lhe todos os pormenores desta partida, em directo e em exclusivo, com actualizações em cada 2 minutos, no Live no site: www.belenensesbasket.com

Acompanhe a sua equipa em todos os jogos, em qualquer sítio, à distância de um click, através da Internet!!!

Visite-nos e deixe o seu contacto! Teremos todo o gosto em enviar-lhe sempre as últimas novidades sobre a nossa equipa de basquetebol!

SINTETIZANDO O PASSADO - Parte I – De 1919 a 1940


Para finalizar a nossa viagem pelo passado, e antes de caracterizarmos o presente e perspectivarmos o futuro (afinal o objectivo e ponto de chegada e objectivo deste trabalho), com o que nos parecem ser os direccionamentos que o clube deveria seguir, propomo-nos fazer um breve resumo de 85 anos de história (não nos cingindo, pois, aos cerca de 35 anos que temos de memórias pessoais). Lembraremos as diferentes fases da vida do Belenenses, os seus triunfos e desaires, os seus sucessivos e distintos estados de alma e de saúde, os seus problemas e desafios. Pensamos que é um resumo que nunca foi feito, e em que se coligem dados que geralmente não se têm em conta, por se acharem dispersos

Mesmo numa síntese, a extensão do tema leva-nos a uma divisão em 4 partes. Começamos hoje, grosso modo, pelas primeiros 20 anos.

* * *


Surgido em 1919, o Belenenses, embora tenha tido o incentivo de uma ou outra individualidade prestigiada, começou por ser sentenciado, e alvo de profecias de morte rápida, nomeadamente por pessoas afectas ao Benfica, e considerado como um clube de gente de classes humildes, de quase arruaceiros – os “rapazes da praia”. Na verdade, o Belenenses apareceu como um clube lutador, rebelde, inconformado e ambicioso.

Cheio de vitalidade, com o sangue na guelra, o Belenenses, movido pela alma heróica e animosa dos seus fundadores, por um amor intensíssimo ao ideal clubista (hoje quase inimaginável), e por um dinamismo pujante e insaciável, partiu para o combate com bravura e valentia inquebrantáveis. Nunca se temia um confronto, nunca se aceitava conformadamente uma derrota, exigia-se de adversários e instâncias dirigentes o mesmo desportivismo galhardo e genuíno, franco e leal, que caracterizava as gentes de Belém. “Quando Belém acaba um jogo, há sempre lágrimas. É o clube popular por excelência. O seu entusiasmo sincero e comovedor, cheio de ingenuidade talvez, é assim enorme como um gigante de alma primitiva”.

Ávidos de todas as conquistas, sonhadores de todos os horizontes, os belenenses não descansam nem adiavam propósitos: chegaram para disputar palmo a palmo todas as competições futebolísticas vigentes (logo na primeira época, foram finalistas do Campeonato de Lisboa), procuraram rapidamente os contactos internacionais (primeiro jogo internacional com o Sevilha, em 1921), alargaram-se quase de imediato à prática de várias modalidades, nomeadamente as mais populares, além do Futebol (Atletismo e Ciclismo em 1921; Natação, em 1925; Pólo Aquático, em 1926; Ténis de Mesa, em 1927, Basquetebol, Râguebi e Hóquei em Campo, em 1928; Andebol, em 1932), expandiram-se sob a forma de filiais e delegações (as 2 primeiras em 1927; 6 anos depois, tinham crescido para 27!), albergaram desde logo figuras míticas do futebol português (o fundador Artur José Pereira, durante décadas considerado o melhor jogador nacional de todos os tempos; Pepe, o jovem talento, cuja morte, em 1931, deu lugar à primeira grande lenda do desporto português, e à maior manifestação de pesar no campo futebolístico aquando do seu funeral, acompanhado por milhares de pessoas; Augusto Silva, que se tornou capitão da Selecção Nacional em 1929 e o jogador mais com mais internacionalizações de sempre, cinco anos depois).

Este período culmina em 1933 e pode ser dividido em duas grandes metades:

1) Até 1926, incluindo a conquista de Taças importantes (Taça Mutilados da Guerra, Taça O Século, Taça Camões, Sporting / Belenenses / F.C.Porto...), taças realmente muito importantes na época - a ponto de serem tão ou mais ambicionadas que as vitórias em campeonatos - e a perseguição da conquista de um Campeonato, que ia fugindo por pouco, até à vitória no Campeonato de Lisboa (na altura, quase tão relevante como o Campeonato de Portugal) desse ano.

2) A partir de 1926, inclusive, conquistas cada vez mais relevantes e repetidas.

Praticamente todos os anos havia um feito relevante no futebol, como se pode ver em seguida:

1920 – Vice Campeão de Lisboa.
1921 – 1º jogo internacional, com vitória 2-0 sobre o Sevilha. Conquista da Taça Sporting / Belenenses / F.C.Porto
1922 – Primeiro jogador do Belenenses na Selecção Nacional. Conquista da Taça O Século
1923 – Posse definitiva da imponente Taça dos Mutilados da Guerra
1924 – Conquista da Taça Camões
1925 – Vice Campeão de Lisboa
1926 – Campeão de Lisboa. Vice Campeão de Portugal
1927 – Campeão de Portugal. Vice Campeão de Lisboa
1928 – O Belenenses, com 4 atletas, é o clube mais representado na Selecção Nacional presente nos Jogos Olímpicos, no seu primeiro grande momento
1929 – Campeão de Portugal. Campeão de Lisboa. Pepe marca 10 golos num jogo do Campeonato de Lisboa, o que constitui record de todos os campeonatos. Pepe obtém 36 golos no Campeonato de Lisboa, marca máxima de todos os Campeonatos. O Belenenses passa a ser o clube com mais jogadores representados na selecção nacional de futebol, o que manterá até 1935. Augusto Silva torna-se capitão da Selecção Nacional.
1930 – Campeão de Lisboa, com record de golos marcados num só campeonato
1931 – Vice Campeão de Lisboa
1932 – Campeão de Lisboa. Vice Campeão de Portugal
1933 – Campeão de Portugal. Vice Campeão de Lisboa. Pela 6ª vez consecutiva, melhor ataque do Campeonato de Lisboa.

Em 1933, com 3 vitórias no Campeonato de Portugal (e ainda finalista em 2 outras edições e 4 vitórias no Campeonato de Lisboa), com o maior número de jogadores presentes na Selecção Nacional, o Belenenses é o 1º clube nacional em termos de poderio e sucessos futebolísticos (no mesmo período, o Benfica ganhara 2 Campeonatos de Portugal e 2 Campeonatos de Lisboa; o Sporting, 1 Campeonato de Portugal e 5 Campeonatos de Lisboa; o F.C.Porto, 3 Campeonatos de Portugal). Não havia dúvidas: afirmara-se claramente como um grande clube, uma força temida e respeitada. O entusiasmo e mística dos seus jogadores e da sua gente era proverbial. A celebração dos seus 14 anos de vida, foi um reflexo vibrante dessa natureza e dessa pujança. (Hoje em dia, e desde há umas duas décadas, com pequenas excepções, tem-se instalado exactamente o espírito oposto!... E essa, quanto a nós, é a grande doença do Clube).

* * *


Começa então, até ao início da década de 40, um período de obtenção e alargamento de estruturas, de ganhar corpo e solidez, de alargar o campo dos seus sucessos. É um ciclo de grandes realizações patrimoniais:

1931 - Inauguração do corpo central de bancadas no Estádio das Salésias. Abertura de delegação na baixa lisboeta.
1934 - Bancadas do Estádio das Salésias são aumentadas. Construção de Pista de Atletismo nas Salésias, a melhor do país.
1936 - Bancadas do Estádio das Salésias são aumentadas. Construção de Pista de Atletismo nas Salésias, a melhor do país
1937 - Salésias tornam-se 1º campo relvado de Portugal
1938 - Estádio das Salésias, o melhor de Portugal, é pela primeira vez palco de jogo da selecção nacional de futebol, que ali disputará todos os encontros realizados em Portugal até 1942
1939 - Estádio das Salésias aumenta capacidade para 21.000 pessoas
1940 - Inicia-se publicação de boletim mensal. Beneficiação da pista de Atletismo nas Salésias
1941 - Iluminação do Campo de Basquetebol nas Salésias (custeada integralmente por Acácio Rosa)

É, também, um ciclo de conquistas em outras modalidades além do Futebol:

1934 - Militão Antunes vence 1º Lisboa-Porto em Ciclismo
1936 - Campeão de Lisboa em Basquetebol Feminino. Campeão de Lisboa de Corta Mato, por Equipas. João da Silva Marques, Recordista Ibérico, em Natação. Joaquim Manique ganha o Campeonato Nacional de Fundo, em Ciclismo.
1937 - Campeão de Lisboa em Basquetebol Feminino. Campeão de Lisboa em Ténis de Mesa. João da Silva Marques, recordista nacional de 100, 200 e 400 metros bruços. Maria Júlia Silva, Campeã Nacional em Atletismo e Natação
1938 - Campeão de Lisboa em Basquetebol Feminino. Campeão de Lisboa de Ténis de Mesa. Campeão Nacional de Corta-Mato por Equipas. Manuel Nogueira, Campeão Nacional e de Lisboa de Corta Mato. Estafeta Cascais-Lisboa em Atletismo. Joaquim Manique, Campeão Nacional de Fundo, em Ciclismo
1939 - Campeão de Portugal em Basquetebol Masculino. Campeão de Portugal em Basquetebol Feminino. Campeão de Lisboa em Basquetebol Feminino (3ª vez consecutiva). Campeão Nacional de Corta-Mato por Equipas. Manuel Nogueira, Campeão Nacional de Corta Mato. Lucília Silva, Campeã Nacional em Basquetebol e Atletismo
1940 – Campeão de Lisboa de Andebol (de 11). Campeão Nacional e de Lisboa de Corta-Mato por Equipas. Manuel Nogueira, Campeão Nacional de Corta Mato e Campeão Nacional de 5.000 metros (pela 3ª vez) e 10.000 metros (pela 2ª vez) em Pista
1941 - Campeão de Lisboa de Andebol (de 11). Campeão de Lisboa, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juniores, em Basquetebol Masculino

Deve-se notar que, na altura, em muitas modalidades, ainda não havia Campeonatos Nacionais, pelo que o Campeonatos de Lisboa tinha quase a importância de um título nacional, pois fora do distrito de Lisboa a única grande força era o F.C.Porto.

É, ainda, um ciclo de progressivo e pioneira abertura ao desporto feminino (Natação, Atletismo, Basquetebol, Ciclismo, Hóquei em Campo...).

É um ciclo, enfim, de aumento significativo de sócios:

1926 – 1 660
1934 – 2 900
1936 – mais de 4 000
1945 – 6 800

No Futebol, como consequência dos investimentos referidos, o Belenenses teve menos sucesso do que nos anos anteriores mas, tanto no Campeonato de Lisboa, como no Campeonato da I Liga ou Campeonato Nacional, só uma vez baixou do 4º lugar, conquistou algumas 2ªs posições e foi habitualmente 3º classificado, continuando a marcar boa presença no Campeonato de Portugal até à sua última edição em 1938, e na sua sucessora, a Taça de Portugal:

1934 – 3º no Campeonato de Lisboa (melhor defesa)
1935 – 4º no Campeonato da I Liga mas chegando à última jornada em condições de ser Campeão e tendo tido o melhor ataque e a maior diferença de golos. 3º no Campeonato de Lisboa
1936 – 4º no Campeonato da Liga. Finalista do Campeonato de Portugal. 3º no Campeonato de Lisboa
1937 – Vice Campeão Nacional, lutando pelo título até à última jornada. Semifinalista do Campeonato de Portugal. 4º no Campeonato de Lisboa
1938 – 3º no Campeonato de Lisboa
1939 – 4º no Campeonato Nacional. 2º no Campeonato de Lisboa
1940 – 3º no Campeonato Nacional, com a melhor defesa. Finalista da Taça de Portugal. 3º no Campeonato de Lisboa

Com tudo isto, o Belenenses adquirira uma força sólida e estruturada, encarando com optimismo o futuro.

terça-feira, dezembro 14, 2004

O mercado invisível

Que o campeonato português é pouco competitivo, pelo menos se atendermos às classificações finais, é uma ideia profundamente enraizada em adeptos, jogadores, dirigentes, imprensa e até mesmo no estrangeiro. De facto, os mesmos 3 estão sempre entre os 3 ou 4 primeiros classificados, com algumas honrosas excepções, nos últimos anos fruto de um Boavista em crescimento e com apoios “estranhos”. Fala-se muito do proteccionismo dos árbitros, do poderio económico de 3 clubes face aos restantes, do facto da grande maioria dos adeptos do país se distribuírem exclusivamente por 3 clubes, da falta de ambição dos mais pequenos, da Comunicação Social só se preocupar com 3 clubes, entre muitos outros factores. Mas há um que nunca vi realçado e que é, no meu entender, talvez a maior causa para este desnível: a inexistência de mercado interno de transferências.

Se os clubes com poder financeiro, que o têm maioritariamente porque vendem para o estrangeiro, voltam a fazer o dinheiro circular lá para fora, só marginalmente o futebol português conseguirá ganhar realmente algo com essa venda, por muito boa que ela seja. Repare-se no ridículo: Porto contrata Paulo Ferreira por 200.000 contos, vende-o passados 2 anos por 4.000.000 de contos (20 vezes mais!) e apressa-se a gastar esse dinheiro, na sua maioria, em jogadores estrangeiros. Mas o Paulo Ferreira, lateral campeão europeu de clubes e vice-campeão europeu de selecções, custou ao Porto 4 vezes menos que um “jeitoso” lateral Argentino, Hugo Ibarra, que nunca provou ser sequer um jogador de bom nível…

Antchouet, o nosso “querido trapalhão”, vale quanto aos olhos de um Benfica ou Sporting? 200.000 contos? E se ele jogasse num Neuxatel Xamax, Tirol Innsbruck, AZ Alkmaar ou La Louviére??? Aí seria uma pérola africana, “the next big thing”, um Eusébio em potência, e valeria 3 ou 4 vezes mais??? Como é possível um médio mediano como Rodrigo Tello (como ele há a pontapé na 2ª B) custar 1,6 milhões de contos, mas não darem os 100.000 contos da cláusula de rescisão de Neca há 2 anos atrás, na altura em que o jogador azul até estava na Selecção A? Estará também ligado ao facto de, passados 4 anos sobre a contratação do Chileno, vir a público que o clube de origem só recebeu 300.000 contos? Onde param os restantes 1,3 milhões???

Quantos e quantos jogadores fora do círculo dos 3 clubes com mais poder financeiro não têm capacidade para representar as suas cores? Então, a minha questão é: será que é uma questão estratégica, de forma a enfraquecer os que já à partida são mais fracos, não negociar com eles de forma justa? Será que Bossio é melhor que Marco Aurélio (que heresia!!!)? Será que Kmet é melhor que Wender? Será…?

Esta situação ridícula, em que todo o investimento é dirigido ao exterior por parte dos poucos que têm condições para dinamizar o mercado, leva a que o “mercado” pura e simplesmente não exista. Quantas transferências existem que não envolvam os 3 clubes com mais poder financeiro? Falo de transferências de jogadores que demonstraram valor onde estavam e por quem um clube pagou algum dinheiro “concreto”, não falo das típicas transferências portuguesas: o Hélder Rosário não vingou aqui vai para o Boavista, o Tiago não vingou no Benfica vai para o Leiria, o Cândido Costa não vingou no Porto vai para o Braga, etc, etc, etc… Isso não são transferências de um mercado normal, mas pura e simplesmente uma troca de “refugo” entre uns clubes e outros, isto sem por em causa o valor dos envolvidos, que muitas vezes se vem a manifestar no clube seguinte. Faz lembrar os leilões de automóveis usados, maioritariamente utilizados por negociantes do ramo para “rodarem” carros com pouca saída.

Para mim, esta situação resulta claramente de uma tentativa de estrangular os pequenos levada a cabo pelos grandes. Mas não é só aqui que quero chegar. É que nem para o estrangeiro se consegue vender um jogador por uma verba decente, pois toda a Europa sabe que jogadores portugueses, excepto dos 3 clubes maiores, são a maior “pechincha” que existe! Por dois motivos óbvios: se os maiores clubes do país não pagam nada por eles, então é de desconfiar ; se aparece um qualquer Albacete, Al-Alhy ou Wolves com meia dúzia de tostões, eles são essenciais para pagar os 4 meses de ordenados em atraso mais as reparações na bancada que está quase a cair, e o que sobra ainda dá para mais 3 ou 4 brasileiros!!!

Imaginemos que Antchouet jogava no AZ Alkmaar, da Holanda, um campeonato ao nível do nosso em termos de expressão europeia. Imaginemos que levava 10 golos nesta altura do campeonato, depois de ser o melhor marcador da equipa nos últimos 2 anos, tinha 24 anos e um futebol que, mais ou menos trapalhão, é eficaz. Imaginemos agora que o mesmo Nantes que anda “de olho” em Antchouet, do Belenenses, andava de olho no Antchouet do AZ Alkmaar… parece-vos que o valor de um e outro são iguais? Não falo do valor técnico, que é exactamente igual. Falo daquilo que o Nantes estará disposto a pagar. Tirem as vossas conclusões.

Mas já que falo do Nantes, é engraçado analisarmos o campeonato Francês. De facto, é comum dizer-se que é um campeonato menor da Europa (como o nosso), mas apesar disso as suas equipas fazer sempre boa figura nas competições europeias e com um dado adicional: hoje é o Lyon, amanhã o Bordéus, ontem o PSG, ante-ontem o Saint Ettiene e depois de amanhã o Mónaco. E pelo meio, o Lille faz uma surpresa, o Grenoble levanta a Taça e o Rennes é campeão. Ah, e se for preciso ainda há tempo para o Ajaccio erguer a Taça Intertoto. Comparem com o nosso campeonato. Questionem o porquê…

É um facto que os melhores jogadores franceses não jogam em França. Aliás, quase a totalidade da selecção francesa que encantou o mundo há uns anos jogava no estrangeiro. No entanto, as equipas francesas mantiveram sempre uma prestação constante e são sempre um adversário complicado e com bons jogadores, muitos franceses e alguns estrangeiros de bom nível. É até curioso que as maiores figuras do campeonato sejam estrangeiros, e por vezes jogam em equipas do meio da tabela. Mas isso resulta de em França haver um mercado interno que é claramente abastecido pelas vendas dos melhores jogadores para o estrangeiro, receita essa que em grande parte é investida no mercado interno. E, dessa forma, encontramos clubes com disponibilidade financeira (hoje uns, amanhã outros) para investirem em jogadores de qualidade, e não nos famosos “contentores de brasileiros”, na esperança que apareça mais um Deco no meio de cada 1.000 ou 2.000 que demandam a terras lusas. E cria-se um ciclo vicioso que só pode dar frutos.

Mas volto a repetir: parece-me mais do que o eterno provincianismo português (o que vem de fora é que é bom), uma estratégia de quem “manda” no futebol português. Mas isto está a mudar, e quando um dos 3 andar a lutar para não descer e perceber que o que Mourinho disse pode ser verdade (com 3 jogadores do Leiria pode-se ser campeão), se calhar já vão tarde de mais… espero bem que sim.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Agenda osbelenenses 2005


Por apenas 3,00 €, pode ter sempre consigo:

Agenda pessoal para 2005
Palmarés, Modalidades e Efemérides
Futebol, Râguebi, Andebol e Futsal
Calendários, Resultados e Estatísticas


À venda na Loja Azul, Papelaria (no complexo de piscinas) ou por encomenda por correio electrónico utilizando o seguinte endereço: newsletter@osbelenenses.com, indicando o nome e morada para envio à cobrança (custos de envio a cargo do comprador)

Compre, Ofereça, Divulgue!


Agenda osbelenenses 2005

Sabia que...
- em 4 de Maio de 2003, o Belenenses sagrava-se Campeão Nacional de Râguebi pela 5ª vez?
- em 27 de Outubro de 1929, o nosso saudoso Pepe marcava 10 golos num só jogo oficial, a contar para o Campeonato de Lisboa?
- em 26 de Maio de 1946, o Belenenses conquistava o Campeonato Nacional da 1ª Divisão em Futebol?
- o Belenenses ganhou 8 Campeonatos Nacional de Andebol em Juniores?
- o Belenenses foi várias vezes Campeão de Portugal de Atletismo, em Equipas Femininas?
- na Semana 8 de 2005 (14 a 20 de Fevereiro), se joga a Jornada 22 da Superliga, com o F.C. Porto, e que em 66 jogos efectuados no Restelo, o Belenenses venceu 26, empatou 17 e perdeu 23?
- que se joga nessa mesma semana a Jornada 18 da Liga TMN em Basquetebol, deslocando-se o Belenenses à Madeira para jogar com o CAB?
- que o Belenenses recebe o Vitória de Setúbal no Pavilhão Acácio Rosa, a contar para a jornada 17 do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, Série B de Futsal?

Tudo isto e muito mais, à sua mão, em qualquer momento ou lugar...
Por apenas 3,00 €



Publica-se este ano, pela primeira vez, a agenda osbelenenses.
Nela se pode encontrar tudo o que de essencial consta, habitualmente, das agendas pessoais que, na transição de ano, a maior parte de nós se acostumou a adquirir.
Mas há muito mais do que numa vulgar agenda:
Apresentação institucional do Clube, com informações úteis, descrição do complexo desportivo, nº de sócios, de praticantes e de troféus conquistados, bem como um resumo do seu riquíssimo palmarés em algumas das principais modalidades.
Calendários e Plantéis do futebol jovem ao profissional, bem como os do Andebol, do Basquetebol, do Futsal e do Râguebi. Tudo quanto é essencial para acompanhar e registar as épocas dessas diferentes modalidades.
Agenda semanal resumindo as actividades desportivas em cada semana, incluindo a estatística do encontro da Superliga marcado para a semana respectiva.
Mais de 300 efemérides, dispostas ao longo dos dias, recordando factos notáveis da vida do Belenenses e suas figuras carismáticas.

Quem adquirir esta edição (aliás, por um valor muito acessível) estará também a contribuir para o desenvolvimento e propaganda do clube e das suas actividades. Sendo esta edição uma iniciativa de um grupo de Belenenses, a mesma não tem fins lucrativos individuais, revertendo o lucro da venda para o clube, na forma de donativo.
Se compramos agendas pessoais e cadernos desportivos todos os anos, por que não adquirir algo que tem um superior conteúdo, ajudando um pouco o nosso clube? Por isso atrevemo-nos a sugerir:

Compre, Ofereça, Divulgue!


A agenda está à venda na Loja Azul e na Papelaria (complexo de piscinas). Em alternativa, pode proceder à encomenda por correio electrónico, enviando o seu pedido para newsletter@osbelenenses.com, indicando o seu nome, a quantidade desejada e a morada para envio à cobrança (custos de envio a cargo do comprador).

Notas soltas... Benfica



Algumas notas sobre o jogo de ontem:

- Grande vitória, mas como o nosso treinador disse são só 3 pontos. Foi apenas um jogo.

- Temos o segundo melhor ataque da Superliga com 25 golos mas apenas o 6º melhor goal average (+4).
- Já nos jogos em casa, temos o melhor ataque e o melhor goal average com 18 golos marcados e 7 sofridos.


- Relativamente ao campeonato do ano passado temos os mesmos 18 pontos à 14ª jornada.

- Antes desta jornada Antchouet tinha marcado cerca de 43% (9 em 21) dos golos do Belenenses. Agora tem 40% (10/25). Ou seja, estamos a ficar menos dependentes do goleador gabonês.

- Gostei muito das exibições de Anderson e dos golos do José Pedro.

- O equipamento utilizado, que ouvi dizer que se chama "Equipamento Pepe", é lindo! Parece que vai ficar disponivel em Janeiro. Podem reservar 1 para mim!

domingo, dezembro 12, 2004

4-1... vitória normal da melhor equipa.


Esta noite, o Belenenses deu uma lição de futebol ao Benfica, que tem um orçamento 8 ou 9 vezes superior. Foi uma vitória normal e tranquila de uma equipa claramente superior e que teve na equipa de arbitragem o adversário mais complicado. No entanto, a espaços com futebol absolutamente delicioso, controlámos completamente o jogo e poderíamos ter marcado ainda mais 2 ou 3 golos, no que valeu ao Benfica a classe de Moreira.

Com Simão "desaparecido", fruto de uma marcação brilhante de Amaral (à meia hora Trapattoni colocou-o à direita, mas mesmo aí Cabral chegou "para as encomendas"), só mesmo Moreira valeu ao Benfica neste jogo. De resto, foi uma equipa completamente manietada e sem qualquer ponta de categoria aquela que hoje visitou o belíssimo Estádio do Restelo. Só Carlitos, entrado na 2ª parte, conseguiu jogar futebol, e dos seus pés nasceu o único golo dos encarnados.

Mas a lição mais importante a tirar deste jogo penso que foi entendida por Carvalhal: Andersson tem de jogar com um trinco a sério atrás, e aí temos equipa para sonhar! Pelé fez um jogo belíssimo e deu oportunidade a que Andersson brilhásse, sendo o motor de uma equipa, esta noite, demolidora. Está visto Mister, temos de jogar com um trinco a sério. Ainda bem que anda a ler os Blogs!

Parece-me injusto destacar pela positiva ou negativa algum jogador azul neste jogo, mas gostava de fazer 2 ou 3 comentários: José Pedro fez finalmente um bom jogo, de luta, entrega e lucidez ; Andersson jogou finalmente onde sabe e fez uma exibição deliciosa ; Wilson, tantas vezes por mim criticado, fez um jogão e assim tem lugar de caras no onze ; e por fim, obrigado por aquele toque de classe Antchouet!

Relativamente ao público, estava um estádio bem composto, com umas 15.000 a 20.000 pessoas. O público azul esteve inexcedível nesta partida, também porque a equipa acabou por "puxar" por ele. Esperemos que o público continue a cantar do início ao fim dos jogos, contra todos os adversários e também contra as adversidades. Só me entristece ouvir no fim do jogo os eternos insatisfeitos que acham que jogámos mal porque podíamos ter ganho por mais, porque tivemos sorte, por isto e por aquilo. É por este desvalorizar das nossas conquistas que andamos numa travessia de deserto há 50 anos. É pela falta de orgulho no que conseguimos. Venha o Nacional e vamos lá jogar assim, e a vitória espera por nós.

Para finalizar, a arbitragem. Podem dizer que não nos podemos queixar, que o penalty foi assinalado, e tudo o mais. Mas que foi tendenciosa é inegável. Paulo Paraty fazia de tudo para conseguir livres em frente à nossa baliza, para poupar amarelos ao Benfica e "dá-los" ao Belenenses. O lance entre Petit e Cabral na 2ª parte em que o nosso jogador é amarelado e Petit não vê o 2º amarelo é uma das anedotas desportivas do ano. Aliás, a Petit foi perdoada a expulsão pelo menos duas vezes. Bem como a Fyssas, cujo cartão amarelo deveria ser o 2º, logo minutos após uma entrada vergonhosa sobre Amaral que entrava completamente sozinho na área. E também Manuel dos Santos, nos últimos minutos, deveria ter sido expulso por falta sobre Antchouet. Mas, na minha opinião, bem pior que isso foi o apitar constante a favor do Benfica e a inclinar o campo para a nossa baliza. Mas quando se é incontestavelmente superior a uma equipa banalíssima...

PARABÉNS A TODOS, jogadores, equipa técnica e adeptos. A continuar assim, podemos de facto sonhar!

Vitória!!! Belenenses, 4 - Benfica, 1


O Belenenses bateu esta noite o Benfica or 4-1, no nosso magnífico Estádio do Restelo. Os golos foram apontados por Zé Pedro (2), Antchouet (1) e Lourenço (1 g.p.).

sábado, dezembro 11, 2004

Oportunidade única!

Este jogo com o Benfica tem tudo para que o Belenenses consiga uma grande vitória que possa relançar esta temporada. A um Belenenses praticamente na máxima força, opor-se-à um Benfica que discute a liderança mas é uma desilusão, e com uma defesa completamente remendada. Ora se a defesa do Benfica geralmente se porta mal, que dizer da defesa para este jogo? Oportunidade única meus caros!
O Belenenses tem todas as condições para se superiorizar ao Benfica nesta partida, bastando para tal jogar concentrado, com garra e ambição do primeiro ao último minuto. O nosso ataque terá pela frente uma dupla de centrais em que Argel avança de exibição desastrosa em exibição desastrosa e terá a seu lado um miúdo de 19 anos que se vai estrear... o que podemos querer mais? Para além disso, um dos principais jogadores do Benfica nesta temporada, Manuel Fernandes, está castigado...

Temos de encarar este jogo com uma nova postura que teima sempre em fugir das equipas azuis: garra e ambição. Vemos Estoril, Rio Ave ou Académica jogarem contra os "3 do costume" como se fosse o jogo das suas vidas. Não custa assim tanto, são 11 para 11, 22 braços e 22 pernas de cada lado. Já sabemos que normalmente eles têm mais 3 jogadores na equipa (é preciso referir quem?), mas como os jogadores medíocres que têm, talvez dê para compensar e continuarem a ser 11 para 11. Só temos de QUERER ganhar. E jogar futebol.

Espero sinceramente que não se repita a táctica de Alvalade, de tentar segurar o empate até ao intervalo e só depois tentar no contra-ataque qualquer coisa. Este Benfica é fraco e tem de ser posto sobre pressão, nomeadamente tirando-lhes o controlo do jogo (o que é especialmente difícil, ainda para mais com Manuel Fernandes de fora).

Gostava muito de ver as bancadas repletas de azul. Serão distribuídos 5.000 balões azuis, mas espero que sejam pelo menos o dobro de adeptos azuis. A ver vamos...

A confiança reina entre o plantel

Numa rápida troca de palavras com Marco Aurélio, Eliseu, Pelé e Tuck, foi fácil perceber que há para amanhã um espírito de vitória no seio da equipa, que se espera "transpire" para as bancadas, onde o público TEM de apoiar a equipa. Aliás, entrevistei hoje Pelé para o Jornal do Belenenses, e há uma frase que ele disse e que me parece ser importante, pelo que aqui vai a inconfidência em primeira mão: "acho que muitas vezes o público até começa por ajudar no início do jogo, mas à mais pequena infelicidade passa para uma postura de contestação que acaba por não ser a melhor ajuda." Já agora, não se esqueçam de ler o Jornal deste mês onde poderão ler a entrevista completa.

Não nos podemos esquecer nunca do nosso papel de adeptos. E por muito que não gostemos do jogador X, do treinador Y ou da táctica Z, é o nosso clube que está em campo e ele precisa do nosso apoio. Portanto, vamos perder a vergonha e vamos todos cantar, aplaudir, pressionar o adversário, gritar, rir e chorar. Estamos num jogo de futebol, não estamos na ópera.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

SOLIDARIEDADE: DÊ UM POUCO DO QUE TEM... A QUEM NADA TEM


Tal como nos anos anteriores, e depois dos sucessos obtidos reconhecidos pelas entidades públicas, a Fúria Azul organiza mais uma vez uma campanha de solidariedade tendo em vista a ajuda de aqueles que mais precisam.
Este ano a campanha destina-se a apoiar a Instituição de Solidariedade de Carnaxide, que realizam um bom trabalho com crianças e jovens, mas como associação sem fins lucrativos que são, precisam de apoio.
Como estamos em época festiva, a Fúria Azul vai ajudar da maneira que pode e pede a todos os sócios que se associem a esta iniciativa.
A recolha de brinquedos e/ou livros terá lugar no Estádio do Restelo dia 12 de Dezembro no jogo Belenenses - Benfica.
Todo material entregue será dado á instituição social que por sua vez será oferecido ás crianças e jovens e que de igual forma permitirá o aumento da sua biblioteca e a dinamização do seu ATL.

De uma forma tão facil e simples podemos ajudar algumas crianças.

Junta-te à Fúria Azul nesta campanha solidária, contribui para um Natal melhor e ajuda-os a ajudar quem precisa !

O Blog do Belenenses agradece ao Blog Armada Azul por nos ter notificado!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Palavras que foram ditas... 31 - (DES)PUDORES


No jornal “A Bola”, de 21 de Novembro de 2004, escreveu o nosso consócio Homero Serpa palavras que merecem amplamente ser citadas:

"Claro que já ouvi histórias semelhantes no passado e, até, assisti a factos intrigantes, que concederam e tiraram títulos nacionais. O meu clube, o Belenenses, do qual não falo aqui com a insistência que vejo noutras crónicas em relação a outros emblemas, protegidos e abençoados pelas audiências, que são tão vastas que me dão a ideia do país ser, agora, habitado aí por uns vinte milhões de cidadãos, o Belenenses, dizia eu, perdeu, pelo menos, um campeonato devido a misteriosos erros de arbitragem.


Ainda, outro dia, o Carlos Gomes, antigo e bom guarda-redes do Sporting, confirmou um desses lapsos no célebre jogo dos quatro minutos, nas Salésias. Carlos Gomes contou um episódio autêntico, eu poderia ir lá atrás, montado na máquina do tempo, e descobrir situações semelhantes. Mas se nem a cruz de Cristo salvou o Belenenses de injustiças, por que razão havia eu de trazer a estes modernos tempos atitudes premeditadas ou apenas casuais impeditivas dos êxitos do Belenenses com óbvios reflexos na caminhada dos clubes? O iconoclasmo ficou assim a manchar pessoas, o problema é saber-se se de facto as melindrou ao ponto de sentirem remorsos, creio que não, uma vez que foram procedimentos ardentemente perfunctórios."

Nestes dois magníficos parágrafos, o grande Homero Serpa põe a nu dois pontos do maior interesse para nós:

1º O contraste entre o pudor – o escrúpulo – com que belenenses como ele falam do clube quando escrevem para jornais que se supõem independentes (mas onde se podem encontrar gabinetes cheios de adereços do Benfica...adiante...), e o despudor e o inescrúpulo com que adeptos de alguns outros clubes se pronunciam. O mais grave é que Homero, quando fala, assume claramente que é do Belenenses, como, justiça seja feita, faziam no passado Ribeiro dos Reis, Aurélio Março e Carlos Pinhão relativamente ao Benfica, ou Vítor Santos e Carlos Miranda, relativamente ao Sporting. Hoje, o que assistimos, nos jornais desportivos e não só, é à mais venenosa de todas as práticas: sob a máscara, debaixo do fingimento da independência, jornalistas medíocres e ignorantes, fazem a propaganda descarada dos seus cubes...mas são imparciais! Subtil mas certeiramente, Homero Serpa denuncia esse facto.

2º Como relatamos pormenorizadamente em outro artigo, esteve o Belenenses várias vezes em condições de ser campeão, para além daquela época em que conquistámos o título. E, em alguns casos, situações anómalas impediram-nos de alcançar esse objectivo. Se tivesse sido com outros clubes, seriam escândalos nacionais, até hoje. Mas assim... O facto é que essas anomalias sucederam e, sem elas, o presente poderia, talvez, ter sido bem diferente...

Campeonatos que quase se ganharam

(Texto da autoria de Eduardo Torres)

Espero que todos os Belenenses saibam (será que todos sabem?) que ganhámos 1 Campeonatos Nacional (em 45/46) mas serão muito menos os que saberão as outras ocasiões em que também estivemos à beira de obter o título. Parece-nos importante deixar isso claramente expresso, fazendo um resumo dessas situações:

ÉPOCA DE 34/35 – Foi o primeiro Campeonato da chamada I Liga. Há que mo conte no número dos Campeonatos Nacionais (o que parece lógico, apesar da diferente designação), há quem não conte.

Esteve quase a ser um excelente começo para o Belenenses. No final do Campeonato, os 4 primeiros ficaram assim escalonados:

1. F.C.Porto – 22
2. Sporting – 20
3. Benfica – 19
4. Belenenses – 19

No entanto, a três jornada do fim, o Belenenses liderava, com 18 pontos, seguido do Sporting com 17, e do F.C.Porto e do Benfica com 16. Uma derrota contra o Benfica tornou as coisas mais difíceis mas, à entrada da última jornada, o Belenenses ainda podias ser campeão, encontrando-se a 1 ponto do Porto e do Sporting. No entanto, a vitória do F.C.Porto e a nossa derrota nessa última jornada deitaram tudo a perder e acabámos no 4º lugar, contra toda a expectativa gerada.

ÉPOCA DE 1936/37 – no 3º Campeonato (da Liga), a duas jornadas do fim, o Benfica comandava com 22 pontos, seguido do Belenenses com 19. Na penúltima jornada, o Belenenses venceu o Benfica por 1-0, nas recém arrelvadas Salésias (1º Estádio de Portugal com essa qualidade), através de um golo de Varela Marques. Ficou assim tudo em aberto para a última jornada, com o Belenenses só a um ponto dos encarnados, esperando que estes não ganhassem o seu encontro com o F.C.Porto, nas Amoreiras – o que não seria nenhum milagre, a acontecer...

Mas não sucedeu o que, ao contrário, veio a ocorrer 18 anos depois. O Benfica goleou o F.C.Porto, e a classificação final ficou assim ordenada:

1. Benfica – 24
2. Belenenses – 23

ÉPOCA DE 1942/43 – Depois de um período de grande expansão patrimonial (1934, expansão das bancadas e construção de pista de Atletismo, a melhor do país, nas Salésias; cobertura da bancada central, em 1936; arrelvamento do campo, em 1937; expansão das bancadas em mais 5.000 lugares de peão, aumentado a lotação para 25.000, em 1939; início de publicação de excelente boletim mensal e beneficiação de Pista de Atletismo, em 1940; iluminação do campo de Basquetebol, em 1941), o Belenenses iniciou em grande a década de 40. Em 39-40, 40-41 e 41-42, foi 3º, nos dois primeiros casos com a melhor defesa do campeonato. Em 42/43, a classificação final ficou assim ordenada:

1. Benfica – 30
2. Sporting – 29
3. Belenenses –28
4. União de Lisboa – 20
5. Olhanense – 18
6. Académica – 16
7. F.C.Porto– 14
8. V.Guimarães – 14
9. União do Barreiro – 10
10. Leixões - 2

Mas, a dizer a verdade, o Belenenses teria sido um justo vencedor. Fez uma carreira extraordinária. Teve o melhor ataque, a melhor defesa, e o melhor goal-average: 78-20. Em casa, contou por vitórias os jogos disputados. Goleou o Sporting por 5-0, o F.C.Porto por 4-0 e o Benfica por 5-2. E venceu ainda o Unidos de Lisboa por 2-0; o Olhanense, por 8-0; a Académica, por 2-0; ao V.Guimarães, por 12-0; o Unidos do Barreiro, por 5-2 e o Leixões por 2-0. Deve-se destacar o nosso goleador Rafael (Campeão em 1946), que assinou 20 golos em 18 jogos.

Somando os golos nos jogos do Belenenses disputados em casa e fora de casa, o Belenenses superou todos os outros clubes participantes:

Belenenses – Benfica – 7-6
Belenenses – Sporting – 6-2
Belenenses – União de Lisboa – 7-0
Belenenses – Olhanense – 12-0
Belenenses – Académica – 6-2
Belenenses – F.C.Porto – 5-3
Belenenses – V.Guimarães – 13-3
Belenenses – Unidos do Barreiro – 13-2
Belenenses – Leixões – 9-2


Então, porque perdemos o campeonato?

Duas arbitragens vergonhosas foram decisivas: justamente as que ditaram as nossas derrotas em casa do Sporting e do Benfica. No primeiro caso, com um golo injustamente anulado ao Belenenses; no segundo caso, com 2 penalties para o Benfica que só existiram na imaginação do árbitro. Bem diz o Homero Serpa...

Ainda assim, à entrada da última jornada, a 2 pontos do Benfica e a 1 ponto do Sporting, com o Benfica a jogar fora e dispondo nós de vantagem sobre ambos os adversários em caso de empate, podíamos ainda ser campeões.

E essa hipótese parecia ganhar consistência a 45 minutos do fim. Ao intervalo o Belenenses ganhava tranquilamente ao Leixões, o Sporting estava em dificuldades com o Unidos do Barreiro, e o Benfica estava a sofrer (e empatado) em Coimbra, contra a Académica. No final, porém, o Benfica ganhou por 4-3, e o Sporting acabou por se desembaraçar, vencendo por 5-1, de pouco ou nada valendo o triunfo do Belenenses sobre o Leixões por 5-0.

ÉPOCA DE 51/52 – Nesta época, que se iniciou com uma vitória por 4-3 sobre o campeão Sporting, com 2 golos de Matateu na sua estreia oficial, a classificação final ficou assim ordenada:

1. Sporting – 41
2. Benfica - 40
3. F.C.Porto - 36
4. Belenenses – 36
5. Boavista - 25
6. Covilhã - 25


A três jornadas do fim, o equilíbrio dos 4 primeiros era total: estavam empatados com 35 pontos! E o Belenenses, em caso de empate, seria sempre o vencedor, em todas as circunstâncias. Mas as últimas jornadas não nos correram de feição.

Refira-se, contudo, que o Belenenses concluiu o campeonato invicto em casa, cedendo apenas 2 empates, e que, no cômputo dos 2 jogos, tinha vantagem contra todas as equipas, com excepção do F.C.Porto e do Atlético, com os quais registou igualdades por 2-1 em todos os jogos.

ÉPOCA DE 54/55 – Foi o famoso campeonato que o Belenenses perdeu a 4 minutos do fim. A classificação final ficou assim:

1. Benfica – 39
2. Belenenses – 39
3. Sporting – 37
4. F.C.Porto – 30


Reproduzo aqui, com ligeiras alterações, o que em tempos escrevi:

“As ruas de Belém – de Belém e da Ajuda, particularmente as contíguas ao Estádio das Salésias – haviam-se coberto, tinham-se engalanado de bandeiras, de colchas, de flores, e de símbolos e cores azuis para o que deveria ser a festa do 2º título de Campeão Nacional do Belenenses.

Mas, fatidicamente, aquele fim de tarde de um Domingo no fim de Abril de 1955 haveria de terminar não na festa sonhada e merecida mas num mar de lágrimas... o dia em que Belém se encheu de lágrimas!

Por ironia do destino, foi a segunda vez que Belém assim chorou de tristeza, revolta e impotência, e a primeira fora 24 anos antes, com a morte daquele com cujo nome, justamente, se baptizou o Estádio das Salésias, onde se viveu o drama daquele 24 de Abril de 1955: José Manuel Soares “Pepe”.

Infelizmente, muitos dos que presenciaram aquele acontecimento já não estão entre nós e, portanto, (já) não há assim tantos que tenham assistido ao vivo e que, portanto, conservem na memória, tanto a dos sentidos como a da alma, o que nós só podemos imaginar, com o que nos contaram, com o que lemos.

Mas... tentemos, sim, imaginar, tentemos situar-nos nessa tarde. Faltam 4 minutos – só 4 minutos! – para terminar o último jogo desse Campeonato Nacional; o Belenenses está a ganhar 2-1 ao Sporting, essa vitória assegura-lhe o título, os verdes estão praticamente conformados, os jogadores da camisola azul com a Cruz de Cristo trocam a bola entre si, guardam-na (sobretudo o mestre Di Pace, exímio nisso, com a sua fina técnica), esperando o apito final do árbitro. O Belenenses parecia irresistível: depois de um mau começo de campeonato, uma arrancada extraordinária, uma grande sucessão de vitórias, a chegada ao 1º lugar, a sua manutenção, a vitória no último jogo, frente a um rival forte, mais um título, a reafirmação da grandeza, da força, da alma belenense... E imaginemos, porque é assim que nos contam: as ruas cheias de flores, bandeiras e colchas nas janelas e nas sacadas, em sinal de apoio, o clamor “Belém! Belém! Belém!” (sempre o nosso grito de guerra, seja em raiva ou em triunfo), os chapéus que se atiram ao ar em sinal de júbilo, os abraços que se trocam, os foguetes que estalam à volta do estádio... E de repente, sem que nada o fizesse esperar, numa jogada inverosímil, o Sporting empata, e oferece o título ao Benfica... e os corações azuis estilhaçados, pelo menos dilacerados, com a força do destino que nos atingiu tão duramente, como nunca fizera, nem voltou a fazer, a nenhum outro clube português!

O Belenenses não começara bem o campeonato e, à 7ª jornada, já estava a 5 pontos do Benfica. Após uma reaproximação, perdeu à 12º jornada com o Braga, em casa, ficando a 4 pontos do líder Benfica, e a 3 do Sporting e do Braga (e, já agora, com 1 ponto de vantagem sobre o F.C.Porto). Então, começa a cavalgada belenense, com vitórias seguidas, ambas fora, sobre o Sporting (2-1) e sobre o Porto (1-0), na última jornada da 1ª volta e na primeira da 2ª volta. Até ao final, foram 14 jogos seguidos sem perder, com apenas 3 empates, incluindo o do último jogo, e também o que disputou no recém-inaugurado Estádio da Luz (0-0), à 20ª jornada. O Belenenses alcançou a liderança à 23ª jornada, vencendo o Sporting da Covilhã por 4-0 enquanto o Benfica perdia por 3-0 com o F.C.Porto. Nas 24ª e 25ª jornadas, com vitórias sobre o Lusitano de Évora (2-0, em casa) e sobre o Braga (3-2, fora), o Belém manteve a liderança.

Assim, à entrada da 26ª e última jornada, o Belenenses estava em 1º lugar com 38 pontos, o Benfica vinha a seguir com 37, o Sporting ocupa o 3º lugar com 36. Só o Belém depende de si próprio para ser campeão. Sê-lo-ia ganhando ao Sporting, ou até empatando, caso o Benfica, na Luz, não ganhasse ao Atlético. O Benfica depende do resultado do Belenenses. Poderia ser campeão se, nessa última jornada o Belenenses perdesse e eles empatassem ou se, como aconteceu, ganhassem e o Belenenses empatasse. O Sporting ainda tinha hipóteses mas muito remotas. Para conquistar o título, teria que combinar dois factores: ganhar ao Belenenses e esperar que o Benfica perdesse.

E como foi essa última jornada? O Benfica ganhou ao Atlético por 3-0 mas convencido de que tal vitória de nada lhe valia (na altura, quase não havia transístores portáteis para ouvir os relatos). Porque, entretanto, o que se passava no Estádio José Manuel Soares Pepe (Salésias)?


O jogo começou da melhor maneira para nós. Logo aos 2 minutos, Perez marcou para o Belenenses, após centro de Dimas. Tudo bem encaminhado… até aos 17 minutos: Penalty contra o Belenenses, por falta desnecessária (os nervos?...), e o empate para o Sporting. Aos 31 minutos, o primeiro caso do jogo: Di Pace bateu o guardião sportinguista mas o árbitro anula o golo, e parece que bem, por mão do mestre argentino.

Aos 42 minutos, regressa a alegria: Matateu, de cabeça, após centro de Dimas, volta a pôr o Belenenses a ganhar por 2-1. E assim se chegou ao intervalo.

Na 2ª parte, mais dois ou três lances polémicos: mais um golos anulado ao Belenenses, uma bola que terá estado dentro da baliza sportinguista e que o árbitro não considerou golo e ainda um eventual penalty (não assinalado) sobre Matateu. O desafio corria célere para o final, e quase só se jogava no meio campo do Sporting, que não criava qualquer jogada de perigo, enquanto o Belenenses perdera já algumas oportunidades de fazer o 3º golo. Então, aos 86 minutos, houve um ataque do Sporting, através de um lançamento longo, um defesa do Belenenses (Figueiredo, segundo ouvi contar) terá escorregado, há um primeiro remate de um jogador do Sporting a tabelar num defesa azul e a sobrar para Martins, que empatou, apesar da tentativa desesperada de Martins.

Terminado o jogo, os jogadores belenenses ficaram muito tempo em campo, incrédulos, muitos banhados em lágrimas, alguns prostrados no chão, em desânimo e angústia.

E em lágrimas permaneciam ainda muitos já nas cabinas, num silêncio tremendo, enquanto o nosso treinador Fernando Riera, segundo se contou no jornal “A Bola” do dia seguinte, “bastante nervoso, media a cabina a passos largos, pontapeando de quando em vez uma hipotética bola…”. Segundo confessou 40 anos mais tarde em entrevista ao mesmo jornal, arrependia-se de não ter feito recuar mais alguns jogadores, para segurar o resultado. E à mesma distância, dizia: “De todo o coração, digo que o Belenenses foi o meu primeiro e grande amor futebolístico”.

No lado do Sporting havia alguém que, tendo cumprido o seu dever profissional, tinha igualmente o coração despedaçado, porque era o azul de Belém que ele amava: D. Alejandro Scopelli, o grande jogador belenenses dos anos 30 e 40, e mais tarde, em 72/73, o treinador que nos conduziu a um outro 2º lugar.

Após o jogo recusou-se a prestar declarações; à noite telefonou a Riera, manifestando o seu pesar. No dia seguinte, foi procurar o seu amigo belenenses Calixto Gomes e, com ar triste e abatido, pediu desculpa pelo sucedido! Três dias depois, presta então declarações públicas, ao jornal “A Bola”. E fê-lo nestes termos, que mostram bem por que equipa, no fundo do coração, ele realmente torcia: “A minha opinião é a de que o Belenenses adoptou o melhor sistema para a sua equipa. A prová-lo está o facto de a sua baliza não ter, verdadeiramente, passado por momentos de grande perigo. O golo de Martins saiu duma jogada confusa. Com a vantagem de 2-1, os jogadores do Belenenses cobriram bem a bola e lançaram bons contra-ataques que poderiam ter dado, sem favor, outro golo. Creio, sinceramente, que o plano do jogo era o melhor e se o resultado tivesse terminado 2-1, como podia ter acabado, todos agora elogiariam o sistema”.

E, a terminar, foi ainda mais claro: “Falei como profissional. Agora, no aspecto sentimental, confesso que o resultado não foi o melhor e lamento muito que o Belenenses, que tinha feito o bastante para ser campeão, não tenha conseguido o seu objectivo”. Alejandro Scopelli, um belenenses eterno!

É impossível não pensar como teria sido o futuro do Belenenses se não tivesse havido aquele acidente. Foi numa altura crucial e, por isso mesmo, muito má: pouco depois consumar-se-ia o abandono das Salésias, em que tanto se investira em termos de dinheiro, de esforço e de coração, abandono arbitrariamente imposto por um alegado plano de urbanização que nunca se efectivou; construiu-se, a partir de uma pedreira, o Estádio do Restelo (que valorizou todo o espaço circundante, o qual passou a ser zona de luxo, valorizando/inflaccionando em flecha os terrenos, com que a Câmara fez ricos negócios de venda), e tudo o que se investiu no novo estádio deixou o clube com uma dívida enorme que se tornou galopante, com terríveis consequências; estava a chegar a época do verdadeiro profissionalismo, ainda que não tão “feroz” como o de hoje; em breve viriam as competições europeias, com toda a projecção que trouxeram aos clubes que nelas podiam brilhar, situação que o Belenenses não teve condições de aproveitar. Se tivesse ganho esse título, haveria um Belenenses mais forte para enfrentar todos esses desafios, para continuar a ombrear lado a lado nas compitas com os seus rivais tradicionais, especialmente os de Lisboa, isto é, o Benfica e o Sporting. Repare-se que se tivesse ganho aquele título, o Belenenses passaria a ter 2 vitórias num total de 17 campeonatos, ficando o Benfica com 4, o Sporting com 9 e o F.C.Porto também com 2 (se não considerarmos as 4 edições experimentais da I Liga, com 3 títulos do Benfica e 1 do Porto): um manifesto equilíbrio, embora com o Sporting, então, destacado. E quem pode dizer o que seria o futuro do Benfica que, desde 44-45, só tinha sido campeão em 49-50, indo os restantes campeonatos para o Sporting e o Belenenses?

Tudo indica, pois, que hoje teríamos um Belenenses com mais força, com mais sócios e simpatizantes (porque, queiramos ou não, mesmo num clube como o Belenenses, são as vitórias que trazem mais adeptos....), com mais títulos no seu palmarés. Em contrapartida, não teríamos nos nossos anais esse episódio tão único, simultaneamente tão triste e tão belo, que afinal também faz parte da caracterização do Belenenses; nem teríamos talvez este tão entranhado sentimento de amor feito de resistência, porque muito da nossa história é um combate pela sobrevivência, contra as adversidades de todo o género. Como escreveu um dia, num belo editorial, Alexandre Pais, ao tempo director do Jornal do Belenenses: “O evitar do cataclismo tem sido o milagre permanente deste clube nobre e atormentado, tantas vezes infeliz”…

Entretanto... 50 anos depois (mais vale tarde que nunca...), ficou claro que não foi apenas o infortúnio mas erro(s) da arbitragem que tirou aquele título ao Belenenses.

No jornal “A Bola” de 23 de Outubro de 2004, o guarda redes sportinguista naquele jogo, o grande Carlos Gomes veio afirmar de modo inequívoco que num dos lances polémicos (que faria 3-1 para o Belenenses), a bola esteve mesmo dentro da sua baliza, claramente, pelo menos 20 centímetros além da linha. Só que o árbitro não viu(?). E assim se foi um título...

ÉPOCA DE 58/59 – Neste ano, em que mais uma vez o Belenenses ficou invicto em casa, a classificação final foi a seguinte:

1. F.C.Porto – 41
2. Benfica – 41
3. Belenenses – 38
4. Sporting – 31
5. V.Guimarães – 29
6. V.Setúbal – 27

Depois de um começo irregular, o Belenenses foi-se aproximando do Benfica, que liderou durante muito tempo. O F.C.Porto, curiosamente, também não começou bem. O Sporting esteve sempre fora da luta pelo título. O V.Guimarães, pelo contrário, teve um excelente começo e andou algumas jornadas em 2º lugar. Temos fotografias do jogo em que o Belenenses venceu os vimanarenses por 2-0 no Restelo. A moldura humana é impressionante: a central está cheia, cheíssima, o mesmo acontecendo com o anel superior do Topo Norte (na altura com 14.500 lugares em pé). A bancada do lado do Tejo estava habitualmente cheia, por também ter preços bem populares. Ou seja, uns 35.000 espectadores, quase todos do Belenenses!

Em 1 de Fevereiro de 1959, o Belenenses, empatado com o F.C.Porto e a 3 pontos do Benfica, recebeu a visita do Benfica. Grande enchente no Restelo, apesar da grande tempestade que se fez sentir. Esgotou-se a lotação (que era então de 44.000 lugares). Uma multidão impressionante resistiu estoicamente a um jogo que talvez devesse ter sido adiado. O estado quase impraticável do terreno prejudicou a equipa mais leve e tecnicista – a do Belenense (claro!...). No último minuto, depois de o Belenenses muito porfiar para chegar à vantagem, Matateu, na marcação de um pontapé de canto, fez a bola entrar na baliza do Benfica. Inusitadamente, o árbitro anulou o golo, alegando que apitara anteriormente, por a bola ter saído pela linha de fundo! Ninguém (imprensa incluída) ouviu o tal apito. A reacção de desespero dos jogadores encarnados mostra que tão pouco eles o tinham ouvido. A trajectória da bola tornava impossível que tivesse saído pela linha de fundo. Mas o árbitro não validou o golo. E impediu a vitória do belenenses, que o deixaria, moralizadíssimo e em grande forma, a 1 ponto apenas do líder Benfica, e com 1 ponto de vantagem sobre o F.C.Porto (que acabou por ser campeão).

Face ao enérgico e exemplar protesto do Belenenses (que na altura não se encolhia...), o jogo veio a ser repetido a 1 jornada do fim. Mas então, a 3 pontos do líder, o Belenenses já não podia ser campeão (registou-se um empate 1-1). No entanto...como teria sido se tivesse ganho, como merecera, algumas jornadas antes?


Em resumo: o Belenenses ganhou um campeonato mas quase ganhou outros seis. Falar em 3 grandes, como se sempre tivesse havido 3 grandes, é uma deturpação abusiva da história. Porque permitimos que tal aconteça?!

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Basket: Taça Europa FIBA


A deslocação dos Guerreiros à Hungria não foi feliz. Após estarmos a vencer os primeiros dois períodos, o Albacomp deu a volta ao resultado e a partida terminou com o resultado de 86-77.
Com este resultado pode terminar o sonho europeu do Belenenses. Mas ainda existe a possibilidade de sermos repescados. Vamos esperar pelos resultados dos jogos dos outros grupos...

Classificação:
1. Albacomp 6/1
2. Boncourt 3/3
3. Belem 2/4
4. Brno 2/4

Para mais informações sobre o jogo e a equipa consulte: www.belenensesbasket.com.

ANDEBOL: Belenenses 30 - Setubal 20


O Belenenses realizou uma excelente exibição e conseguiu quase o impossivel. Ao bater o Vitória de Setúbal por um diferença de 10 golos conseguiu o apuramento para a Final Four da Taça da Liga a realizar em Espinho.

Classificação do grupo 3:
1. Belenenses - 2 jogos, 1 derrota - +4 golos
2. Vitória Setubal - 2 jogos, 1 vitória - -2 golos
3. Ginásio Sul - 2 jogos, 1 vitória - -2 golos

O sorteio da Final Four realizar-se-á amanhã, quinta-feira, pelas 15.00h, no Salão Nobre da Câmara Municipal da cidade sede da Taça LPA.

ANDEBOL: jogo decisivo


O Belenenses tem com hoje uma tarefa bastante dificil, se quiser garantir um lugar na Final Four da Taça da Liga.
Além de necessitar da vitória no jogo de hoje frente ao Vitória de Setúbal precisa também de ganhar com uma diferença muito confortável de golos.


A Taça da Liga disputa-se com três grupos de três equipas, com os primeiros classificados a grantirem o apuramento para a "final-four", que será organizada pelo Sporting de Espinho.

No grupo 3 da competição o Vitória venceu o Ginásio Sul por 8 golos de diferença enquanto que o Belenenses perdeu por 6 golos.

Classificação:
1. Vitória Setubal - 1 jogo, 1 vitória - +8 golos
2. Ginásio Sul - 2 jogos, 1 vitória - -2 golos
3. Belenenses - 1 jogo, 1 derrota - -6 golos

terça-feira, dezembro 07, 2004

Basket: Nós acreditamos


Já na próxima 4ª Feira, dia 08 de Dezembro, pelas 18h30 horas locais (17h30 hora nacional), joga-se a 6ª e última jornada referente à primeira fase de qualificação da Taça Europa FIBA. Os Guerreiros deslocam-se até à Húngria, mais propriamente a Székesfehérvar, para defrontar a equipa do Albacomp.

Líderes do grupo do grupo B da Conferência Central e os únicos já apurados para a próxima fase desta competição, o Albacomp irá receber o Belenenses num ambiente emotivo e concerteza ruidoso, onde se verificou noutras partidas, uma média de 1500 espectadores por jogo. As restantes 3 equipas, incluindo o Belenenses poderão sair apuradas para a próxima fase, visto que se encontram todas com 2 vitórias e 3 derrotas. Em caso de vitória da equipa da Cruz de Cristo, ainda se terá de ver o cest average, ou seja, a diferença de pontos marcados e pontos sofridos, que neste momento é favorável ao Belenenses. Um facto importante a levar em consideração, é que por altura da partida em questão, já será conhecido o resultado que opõe as outras 2 equipas do grupo, e desta forma, a equipa do Belenenses tem vantagem por passar a saber exactamente o que é preciso para o seu apuramento.

O Belenenses vem de 2 importantes e motivadoras vitórias, tanto para a Taça Europa FIBA, como para o campeonato nacional da Liga TMN. O último encontro para as competições europeias, o Belenenses recebeu os suíços do BC Boncourt e venceu de forma categórica por 100-64. Já para a Liga TMN, os azuis deslocaram-se à Madeira, para defrontar o CAB e acabaram por derrotar os locais por um resultado expressivo de 78-97.

O Albacomp, na última jornada europeia, derrotou o A Plus ZS Brno em casa por 86-80, num jogo equilibrado e onde ambas as equipas mostraram vontade de ganhar.

A tabela classificativa neste momento apresenta a seguinte hierarquia:
1. Albacomp 4/1
2. Belenenses 2/3
3. A Plus ZS Brno 2/3
4. BC Boncourt 2/3

A comitiva da equipa do Belenenses parte para a Húngria esta terça-feira, dia 07 de Dezembro, jogará na quarta, 8, e finalmente, regressará a casa na quinta, 9, de preferência com uma vitória na mala e um apuramento na bagagem.

Sendo este jogo num país distante e sendo impossível para a maior a grande maioria de nós “Belenenses” acompanhar a equipa, não perca em directo e em exclusivo, a evolução do resultado do jogo, com actualização em cada 1 dos períodos do jogo, em Live no site: www.belenensesbasket.com

Acompanhe a sua equipa em todos os jogos, em qualquer sítio, à distância de um click, através da internet!!!

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Dias muito complicados...

Vivemos por esta semana dias difíceis no Restelo. O pesadelo que vivemos a época passada e que queríamos rapidamente esquecer, e que durante alguns meses pareceu longe de se repetir no futuro próximo, surge agora como uma sombra que volta a pairar sobre o nosso Belenenses, que se revela ano após ano capaz de se envolver nas situações mais estranhas que se possam imaginar.
Partimos para esta época com renovadas, e pareciam fundadas, esperanças de uma época de transição, porém livre de sobressaltos. 13 jornadas volvidas, estamos exactamente como na época passada, com os mesmos pontos e as mesmas interrogações no horizonte. Apenas temos alguns factores que nos dão o pouco ânimo que na época passada por esta altura já nos escapava: um guarda-redes que se mantém sólido, um patrão da defesa que nos faltava, um patrão do meio-campo (mas sem ajuda, ganhar um patrão da defesa roubou o pronto-socorro do meio-campo) e um avançado que já ultrapassou o estatuto de trapalhão que se enganava, e que agora é um goleador que se atrapalha. Tirando isso, o mesmo deserto de ideias, a mesma falta de fio de jogo e de vontade de correr e suar a camisola.

Sentimo-nos, obviamente, orgulhosos da quantidade de “produtos” das escolas que são escolhas regulares do treinador e mostram o seu valor. Sentimos que Amaral, quando joga na sua posição, é um grande reforço. Sentimos que Petrolina, numa equipa que saiba o que quer, pode ser um diamante. Sentimos que Cabral é útil. Sentimos que Rodolfo Lima e Lourenço não se revelam a mais-valia que é condição imprescindível para se recorrer a empréstimos, que acabam sempre por beneficiar mais quem empresta do que quem pede o empréstimo. Sentimos que José Pedro, em quem depositámos tantas esperanças (e com razão se nos basearmos no seu potencial), continua a dar razão a Jaime Pacheco, que se encantou com ele nos primeiros tempos mas depressa percebeu que “não era por ali”.

Sentimos claramente que não temos extremos. Que temos uma táctica ridícula e que vai vivendo do génio de Petrolina e da vontade férrea de Antchouet, bem como da estoicidade de Marco Aurélio e das omnipresentes dobras de Pele. Começámos a época com 2 extremos no plantel, ambos do lado esquerdo. Um foi titular um jogo, quando entrava era decisivo e, com ou sem motivo, foi despedido. O outro, um jovem com elevado potencial a extremo esquerdo, tem de ir jogando alguns minutos de vez em quando a defesa esquerdo, onde não é bom nem mau, simplesmente é…

Veja-se o ridículo do nosso meio-campo típico: Andersson, Neca, José Pedro e Juninho Petrolina… um médio-centro e 3 (três) criativos!!! Quem joga nas pontas??? José Pedro à esquerda e um dos outros 2 à direita… coisa que nenhum deles sabe fazer! Queremos jogar pelo meio, mas como se jogamos muitas vezes com o Antchouet sozinho na frente e, na melhor das hipóteses, com 2 avançados “porta-chaves”? Aqui sinto-me à vontade: nunca concordei com a dispensa do Ceará. Tosco, mau, etc, era um ponta-de-lança forte e volto a insistir que o Detinho também não valia um “caracol” e era o abono de família do Antchouet no Leixões, abrindo espaços e ganhando bolas para o Gabonês rasgar.

A questão é: como é que com este meio-campo “obtuso” não há espaço para Eliseu??? Já que nenhum dos criativos defende, e um deles atrapalha mais do que ajuda… até ando com saudades do Marco Paulo. Pode ser lento e jogar sempre para trás e emperrar o jogo, mas pelo menos joga. E sabe-se colocar, sabe ocupar espaços, não o vemos parado.

Algo tem de mudar, e agradecia sinceramente que Carvalhal optasse por fazer as alterações necessárias e não inventar, fazendo-nos começar os jogos a perder para depois emendar e fazer o óbvio. Amaral a médio-interior?????

Vamos mas é a jogar à bola e a suar a camisola. Sinto-me tão triste, jamais pensei que no início de Dezembro iria estar a dizer esta frase tantas vezes repetida a época passada. Mas é um facto… sofrer é a nossa sina. São mesmo mais tristezas que alegrias, por mais que queiramos o contrário.

domingo, dezembro 05, 2004

Quem é irresponsável?

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Achei relativamente bem a contratação de Carvalhal (dos treinadores portugueses disponíveis, era uma das melhores opções) mas nunca me entusiasmei com ela, por não ver razões para tal. Por várias vezes alertei contra o endeusamento que dele se fez em certa altura, lembrando que dessa idolatria até à diabolização quando as coisas corressem mal, e fosse preciso encontrar um bode expiatório, iria um pequeno passo. Nunca alinhei em frases do género “o Professor Carvalhal é que sabe”, “estou optimista, porque confio no Carvalhal”, a certa altura muito populares. Deixei escrito, pode ser verificado. Digo isto, porque acho que devemos ser coerentes. E assumir os nossos erros e responsabilidades. Como tenho repetido, “o Belenenses somos todos nós” e todos somos responsáveis nos triunfos ou nos insucessos.
Sempre me espantou a frase muitas vezes repetida: “este ano está a trabalhar-se de uma maneira diferente, no Restelo”. Fomos violentamente acusados e insultados, por pessoas alegadamente responsáveis e atentas, quando mostrámos a nossa incredulidade perante essa frase, e quando sustentámos que o clube é muito mais do que isso, permanecendo (quase) tudo por fazer. Por mais que tentasse, não via assim tantas diferenças; e, nas que via, umas eram para melhor, outras para pior. Melhorou-se um pouco em falar menos e actuar mais no que respeita a contratações; ficou-se na mesma, na sistemática falta de garra, de “raiva” (no bom sentido), de ambição e de paixão; piorámos ainda na mediocridade dos objectivos anunciados e no recurso a um carregamento de empréstimos vindos do Benfica e do Sporting.

O recurso a empréstimos no nosso clube, negação chocante da sua própria identidade se os jogadores em causa vierem do Benfica, do Sporting ou até do F.C.Porto, sempre esteve ligado, no passado, a descalabros organizativos e classificativos, consequência lógica do facilitismo, do imediatismo, da menorização e da reveladora falta de orgulho, motivação, ambição e auto-estima. Diga-se o que se disser, os factos são incontestáveis – por isso que os defensores desse tipo de empréstimos sempre lhes respondem com o inevitável silêncio. Contra factos, os argumentos são difíceis.

Defendeu-se os empréstimos com argumentos como o “o Benfica, o Sporting e o Porto também recorrem a eles”, esquecendo que nunca pedem jogadores emprestados aos seus rivais (excepto em reciprocidade), e sim a clubes estrangeiros, pois ainda não perderam o que no Belenenses, entre muitos dirigentes e adeptos, se perdeu já: o orgulho, a identidade, a verdadeira paixão. Por isso, naturalmente, os adeptos desses clubes gozam connosco e dão-nos pancadinhas paternais nas costas quando referem os jogadores que nos emprestam, por serem “amigos”. Pelos vistos, há quem goste. Eu não, nunca, jamais!

Defendeu-se os empréstimos com argumentos como “quem sabe se com esses jogadores [Cristiano, Rodolfo Lima, Lourenço] não vão aumentar muito as assistências” – e aí está a grande qualidade que trouxeram (um buraco no lado esquerdo da defesa; dois avançados que juntos, ao cabo de 13 jornadas, marcaram um – um! – golo sem ser de penalty) e as grandes assistências no Restelo a mostrar o valor desse argumento...

Defendeu-se, enfim, o recurso a empréstimos do Benfica e do Sporting com o argumento de que “o Mónaco pediu o Morientes emprestado e foi semifinalista da Liga dos Campeões”, como (já não digo se o Rodolfo Lima fosse o Morientes...) se o Real Madrid e o Mónaco fossem velhos rivais do mesmo campeonato – como são (foram?) o Belenenses, o Sporting e o Benfica -, e como se fosse o Mónaco, à escala, um exemplo a seguir... O Mónaco é um clube elitista, frio, sem raízes populares. Nesses clubes, sem casta e sem paixão, é normal que se aceite, como bom negócio, os empréstimos, até porque não há rivais específicos. Mas... é essa frieza que queremos? O nosso modelo, é sermos o Mónaco de Portugal ou o Boavista II? Dispenso, obrigado.

E foi-se alegremente para os empréstimos. Em número quase igual ao das contratações a valer: Juninho, Amaral e Zé Pedro. Infelizmente, o Sandro nunca teve uma oportunidade; e o Cabral terá sido um recurso face à lesão de Sousa.

O ambiente morno-frio que se instalou no Restelo, a continuada falta de ambição que persiste no clube, sublinhada pela velho, revelho e retrógrado recurso aos empréstimos de Sporting e Benfica, o porreirismo vigente e o horror a “ondas” e a paixões que vêm caracterizando largos sectores do nosso clube (como me custa reconhecê-lo!) têm um efeito paralizante, entorpecedor, anestesiante em técnicos e jogadores. Treinadores tidos por bem sucedidos e ambiciosos chegam ao Restelo, fazem o discurso da praxe que estão num grande clube blá-blá-blá, e logo aderem tranquilamente ao cinzentismo e à mornice, ao espírito do qualquer coisa serve, e ficam a ganhar currículo (o nome do Belenenses ainda tem força – a quanto tem resistido!), sem ambição ou com ambições medíocres, assumindo na prática (em flagrante contradição com o discurso inicial) que não descer de divisão já é bom. E o incrível é que o podem fazer... O vazio e a frieza das bancadas e a falta de orgulho e ambição de alguns dirigentes tudo permitem!

Podem, sim, treinadores gerir a sua carreira independentemente dos resultados, e nisso todos temos culpa. Se forem treinadores sobremaneira preocupados e envaidecidos com o seu “curriculum”, com a sua imagem, e com os aplausos de uma comunicação social que, na maioria, conhece tanto do Belenenses como eu conheço de gramática chinesa, podem até continuar a colher os louros de (supostamente) estarem “a jogar um futebol bonito, atacante, que não abdica dos princípios” e estarem “a fazer uma carreira que está exceder as expectativas mais optimistas de adeptos e dirigentes!!!”.

E é isto que se passa com Carvalhal e a maioria do plantel. É isto que o ambiente que se vive no nosso clube, nas ausências e omissões, nas mentalidades pequeninas e anti-ambiciosas (exacto, não só não ambiciosas de como anti-ambiciosas) de dirigentes, no conformismo e afastamento dos adeptos, permite que se faça com todo o à vontade.

Volto ao início: sejamos coerentes e responsáveis! A carreira decepcionante (pelo menos para quem alimentou ilusões) da equipa de futebol, tem males que são globais, que são de adeptos e dirigentes e só depois se propagam a técnicos e jogadores. Se a nossa mentalidade não mudar, bem podemos trocar de treinadores e jogadores, que só por milagre chegaremos aos lugares de topo...

Acho que seria bom pensarmos nisso, antes do próximo linchamento moral do treinador que antes se endeusou. E, se não me levam a mal, sobretudo os que (ir)responsavelmente acusaram de irresponsáveis e outros epítetos piores os que só querem o bem do clube, já viram muita coisa, são livres e independentes, e não ficam encantados com dois dedos de conversa de treta. Nunca pretendi gostar ou saber mais do clube do que quem quer que seja mas tento ser coerente e justificar o que defendo com argumentos, sem ir atrás de idolatrias ou diabolizações. E já agora, torcendo sempre (em pensamento e aplausos e incentivos) pelo sucesso do clube, independentemente de quem seja dirigente, treinador ou jogador, seja ele qual for... Uma coisa é certa: se me tivesse equivocado tão flagrantemente, teria a hombridade de o reconhecer e de dizer que estava enganado!

Acho que o optimismo pode ser um estado mental muito saudável mas, por um momento, sejamos realistas: estamos mal, estamos longe de lugares cimeiros, irremediavelmente longe, e começamos até a abandonar lugares tranquilos. Escassos pontos nos separam da “linha de água”. A menos de metade do campeonato, com o calendário que temos pela frente nos próximos 6 jogos (4 deles fora, e uma recepção ao Benfica), realisticamente, é difícil aspirar a mais do que não passarmos por fortes dores de barriga...

E agora? Dia a dia o clube perde vitalidade, apesar dos heróis que lutam contra a maré; época após época (e esta, é mais uma) se adia e compromete o encontro com o futuro; dia a dia são menos os que ainda têm viva a noção do grande clube que fomos, não para repetir o discurso anestesiante dos pergaminhos mas para aí recolher garra e inspiração para novas conquistas a realizar. Entretanto, no futebol profissional, o treinador repete um discurso narcisístico (com bastante auto-elogios explícitos ou implícitos), que seria razoável se estivéssemos a fazer um belíssimo campeonato, mas que, assim, se assemelha a um autismo; não vemos garra e capacidade de luta na equipa; já se anuncia novo contentor de emprestados do Benfica e do Sporting (apesar dos péssimos resultados dos que já vieram), logo aclamados por alguns que (desculpem-me a franqueza) nada parecem aprender com a experiência; fala-se, além do mais, da necessidade de reforçar a equipa.

Sou contra. Sou não apenas contra (mais) empréstimos, como contra a vinda de novos jogadores em Janeiro. Essa vinda só se justificaria se constituísse um trunfo adicional para lutarmos pelos lugares cimeiros ou se a situação classificativa e a (falta) de qualidade do plantel fizessem temer a descida de divisão.

Chegar aos lugares de topo, é já uma quimera. Infelizmente, não estamos muito longe dos lugares de aflição mas penso que temos plantel para não passarmos por esse sofrimento.

De modo que julgo que, em termos de contratações, se deve guardar cartuchos para a próxima época, que espero planeada (então sim!) de maneira diferente, com outro ambiente, aspirando aos lugares de topo. E, até lá, com este plantel, que se acorde o treinador para duas realidades:

* Estamos mais perto do Inferno do que do Céu.
* Cuide da sua imagem só depois de cuidar dos interesses do clube, a que serve como profissional, e a quem a qualidade do trabalho prestado está longe de satisfazer.

Espero, entretanto, que se assegure rapidamente o reforço (reforço a sério!) da equipa para a própria época. A meu ver, far-se-á necessário um comandante para a defesa (se Sandro continuar a não ter oportunidades), um defesa esquerdo de raiz, um trinco, um médio ala direito, um médio ala esquerdo e dois avançados (um jogador possante de área e um outro, que até pode vir de escalão secundário).

Seja como for, o problema fundamental não está nos jogadores. Em última instância, nem está no treinador. Pergunto-me mesmo se está em certos dirigentes actuais, ou se estes não são mais do que o eco da doença que vem minando o clube.