segunda-feira, janeiro 10, 2005

Carta à LCB

Tal como havia prometido, elaborei uma pequena exposição à Liga de Clubes de Basquetebol acerca dos acontecimentos de ontem, no jogo Belenenses-Queluz. Fi-lo em nome individual, claro, uma vez que não estou mandatado para falar em nome de mais ninguém, nem do clube. O teor da carta é o que se segue:

Exmos. senhores,

1.

Não sendo eu um conhecedor profundo do basquetebol, nem habitual frequentador dos Pavilhões, foi com surpresa que ao longo do último ano e meio me fui aproximando da modalidade, acompanhando de forma apaixonada o decorrer das competições de escalão superior.

Esta minha aproximação à modalidade deveu-se fundamentalmente à crença de que o basquetebol em Portugal é um desporto colectivo com elevado grau de credibilidade, bem jogado e em crescendo. Na verdade, não estaria a ser sincero se não dissesse que um jogo de basquetebol é portador de uma componente de espectáculo e emoção que dificilmente se encontra em competições de outras modalidades, colectivas e individuais.

E nem o facto de ser sócio e adepto do Clube de Futebol “Os Belenenses” me impediu, ao longo das últimas duas épocas, de perceber que no basquetebol apenas existem dois resultados possíveis, e que quase sempre a equipa vencedora o é com justiça, seja ela aquela pela qual “torço” ou a adversária.

Creio não faltar à verdade quando afirmo que os associados do Belenenses têm uma enorme capacidade de suportar derrotas (ao contrário de outros sócios de outros clubes que connosco disputam competições em várias modalidades), sempre que elas são justas e se devem ao mérito da equipa adversária.

2.

No passado domingo – dia 09.01.2005 – estive no Pavilhão Acácio Rosa para assistir ao jogo entre as equipas do Belenenses e do Queluz, respectivamente 2ª e 1ª classificadas da Liga TMN. E fui na perspectiva de assistir a um jogo de superior qualidade técnica e a um espectáculo desportivo limpo e inteiramente transparente.

Todavia, ao longo do jogo e principalmente nos momentos críticos do mesmo, foram os presentes confrontados com erros de arbitragem clamoroso, totalmente inaceitáveis numa competição profissional na qual se encontram envolvidos valores desportivos e até financeiros de grande importância.

A duas equipas de primeira juntou-se uma terceira equipa (a de arbitragem) de segunda, a qual apitou a pedido, demonstrando-se extraordinariamente permeável à pressão do banco do Queluz (Alberto Babo mostrou-se uma vez mais mestre na matéria).

Na verdade, e após um jogo disputadíssimo, foi a equipa de arbitragem a decidir no primeiro prolongamento a sorte do jogo, ao oferecer ao Queluz 2 lançamentos da linha de “lance livre” e posse de bola (inacreditável falta técnica a Luís Costa, depois de por exemplo Watkins ter passado toda a partida a discutir decisões dos árbitros, sem qualquer repreensão ou falta técnica averbada). Todos os presentes – incluindo os numerosos adeptos do Queluz presentes – ficaram estupefactos perante tamanha falta de bom senso.

E porque me senti verdadeiramente roubado (uma vez que paguei do meu bolso para ver um jogo que não se decidiu entre os 10 jogadores em campo), resolvi apresentar a título pessoal um protesto à Liga, o qual poderá ser ignorado ou não (depende de vós), mas que corresponde à minha genuína vontade de expressar publicamente a minha indignação perante a monstruosidade a que assisti no Restelo.

Porque a equipa do Belenenses não tem culpa nenhuma do que se passou, vou continuar a acompanhar a temporada dos “Guerreiros”. Mas não tenho ilusões acerca do desfecho deste campeonato. Tal como o do ano passado, parte da sorte das equipas não é decidida por aqueles que deveriam ser os principais e únicos protagonistas – os jogadores e técnicos.

Com os meus melhores cumprimentos

Rui Vasco Silva
Sócios 3887 do Clube de Futebol “Os Belenenses”

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