sexta-feira, março 18, 2005

Um Presidente com P grande

Sequeira Nunes concedeu ao Record aquela que poderá muito bem ser a sua última entrevista na qualidade de presidente do Belenenses. Quem gosta do clube e acompanha a sua vida quotidiana não pode ficar indiferente a este momento especial: Sequeira Nunes entra para a galeria dos presidentes não por questões meramente administrativas, ou simplesmente porque cumpriu o seu mandato. Entra porque conquistou esse lugar entre os mais importantes e ilustres sócios do clube.

É verdade que nem sempre concordei com as suas decisões e/ou declarações. Aliás escrevi-o aqui sempre que achei necessário. Mas não confundo a árvore com a floresta e no balanço de muitos anos dedicados ao Belenenses ressalta uma dedicação enorme, um amor ao clube que é para todos evidente e um trabalho que fica ao dispor dos sócios, dos atletas e técnicos, de futuros corpos gerentes.

A entrevista de hoje resume de forma mais ou menos completa o mandato de Sequeira Nunes. O presidente fala das obras no Complexo, das últimas prestações no futebol profissional, dos sucessos no futebol juvenil e da projecção da generalidade das modalidades do clube. Sai nitidamente satisfeito com a sua prestação, e não é para menos: o clube projectou-se no panorama do desporto nacional de forma ainda mais brilhante.

O problema é o futebol: ao contrário do que diz Sequeira Nunes não é verdade que se tenha mantido o nível da história do clube, nem sequer com os três resultados finais abaixo do 10º lugar (um 5º, um 7º e um 9º). O Belenenses não é, e Sequeira Nunes sabe-o muito melhor que eu, um clube que se satisfaça com um 5º lugar desgarrado. Esta deve ser aliás uma mágoa para um presidente que, mais que ninguém, deve ter desejado e lutado por trazer o Belenenses de volta aos resultados de outrora.

Cometeu alguns erros, mas é verdade que, tal como diz, nem nessa altura os sócios abandonaram o clube... Nem lhe faltaram ao respeito. Ainda bem.

Da entrevista ficam ainda outras ideias:
- a bingodependência, tantas vezes referida pelos sócios;
- o projecto imobiliário, como solução para esta bingodepndência (que pode de facto fazer variar as fontes de receitas, mas dificilmente será a solução para a bingodependência);
- a recusa em falar de Manuel José...

Ficamos também a saber que Mendes Palitos terá convidado para integrar a sua lista alguns actuais membros da direcção, que aliás fazem parte da Lista B (do Eng.º Cabral Ferreira) ou a apoiam... Enfim, é um dado interessante que merece ser analisado por todos.

Pela minha parte digo aquilo que já referi no passado: que Sequeira Nunes foi um bom presidente e que ganhou, por mérito e dedicação ao clube, um lugar entre os maiores e mais ilustres sócios do clube. E agradeço-lhe tudo o que deu ao Belenenses. Sem ele o clube não teria parado, é verdade... mas consigo projectou-se com mais força.

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