quarta-feira, maio 11, 2005

Análise da época

Luciano Rodrigues

Artigo publicado no Blog Futebol Acima de Tudo, com a colaboração do Blog do Belenenses:

Após uma temporada 2003/04 para esquecer, em que o Belenenses viveu em constante aflição até aos últimos minutos do último jogo, eis que em 2004/05 o Belenenses tem vindo a cumprir os seus objectivos, a conquista de um lugar tranquilo na tabela, mas que fica muito aquém das reais potencialidades dos seus jogadores e das naturais expectativas dos seus adeptos.

Esta época, apesar de preparada um pouco em cima do joelho (Carvalhal foi contratado no final de Maio de 2004), foi preparada com um fio condutor e objectivos bem definidos. No entanto, foi impossível conseguir construir uma verdadeira equipa, na medida em que ficou a faltar a construção de um ataque a sério, tendo-se recorrido aos empréstimos de Lourenço e Rodolfo Lima.

Na baliza manteve-se Marco Aurélio, uma das referências máximas do clube e um guarda-redes de extraordinária valia. No lado direito da defesa, Amaral revelou-se um dos melhores laterais da Superliga, em especial na primeira volta. No eixo da defesa, Pele estabilizou finalmente como central e mostra-se um dos melhores centrais portugueses da actualidade. A seu lado, iniciou a época Rolando, um “miúdo” de 19 anos (proveniente dos Juniores) com um largo futuro pela frente mas ainda com dificuldades próprias da sua inexperiência. A defesa ganhou outra consistência quando o “eterno” Wilson voltou à titularidade. Do lado esquerdo da defensiva, a época iniciou-se com um “pesadelo” chamado Cristiano (outro empréstimo) e só estabilizou na 2ª volta, com o regresso de Sousa após prolongada lesão e no lado contrário aquele onde nos habituámos a ver a sua total entrega.

Relativamente ao meio-campo, a época iniciou-se com um losango formado por Andersson, Marco Paulo, José Pedro e Juninho Petrolina. Este meio-campo, apesar de possuir 2 jogadores com características mais defensivas, era um verdadeiro “passador”. Andersson é um valioso médio-centro, mas a trinco pouca utilidade tem. A seu lado, Marco Paulo, tendo de se desdobrar entre o meio-campo defensivo, o ataque e as coberturas às subidas do lateral, tinha sérias dificuldades. Juninho Petrolina, de facto, teve um início auspicioso que não se confirmou e tem sido uma verdadeira decepção na 2ª metade da época. Quanto a José Pedro, a grande revelação da pré-temporada, foi a grande desilusão desta época: tem todas as potencialidades para ser um grande jogador de futebol, mas a sua pouca entrega ao jogo e a ausência de sentido prático a jogar é capaz de “tirar a paciência a um santo”. Neca, que iniciou a época no banco, foi ganhando cada vez mais ascendente no plantel na 2ª volta e é, de facto, um jogador de futebol a sério. Mesmo em baixo de forma, é precioso quer a defender, quer a atacar. Mas a grande contratação da temporada foi efectuada em Janeiro, e dá pelo nome de Rui Ferreira. Este trinco, proveniente do Vitória de Guimarães, veio trazer ao meio-campo a agressividade e entrega que lhe faltava, conseguindo libertar Marco Paulo de ter de se desdobrar em tantas frentes e ganhando o Belenenses uma enorme consistência defensiva.

No ataque, tem residido o verdadeiro “drama” do Belenenses. O 2º melhor ataque da 1ª volta tem um nome, Henri Antchouet. Com a sua lesão em Fevereiro, intercalada com regressos ainda sem as melhores condições físicas, o Belenenses pura e simplesmente desapareceu do ataque. Lourenço, em mais de 30 jogos oficiais, a maioria no 11 inicial, ainda não logrou marcar um golo de bola corrida (tem 4 golos, todos de penalty) e tem sérias dificuldades em, sequer, segurar a bola. Rodolfo Lima tem sido uma absoluta nulidade, apesar de já ter conseguido marcar um golo. Catanha veio em Janeiro, mostrou excelentes pormenores, mas a equipa não tem extremos e é incapaz de conseguir cruzar bolas para a área adversária, pelo que já foi dispensado. Também em Janeiro veio Paulo Sérgio, emprestado por ano e meio, e este tem mostrado uma enorme garra, apesar de visíveis limitações físicas e técnicas, jogando um futebol muito “juvenil”. No entanto, o ataque do Belenenses nos últimos 3 meses da temporada tem vivido do seu labor. Destaque ainda para Jorge Tavares, um júnior de 18 anos, que é o jogador com o melhor rácio minutos jogados/golos na Superliga, uma vez que precisou de apenas 24 minutos em campo em Coimbra para marcar um golo.

Perspectiva-se, para a próxima época, um Belenenses mais consistente, assente numa espinha dorsal criada nesta temporada e que, com alguns retoques, pode levar o Restelo de volta a dias mais risonhos.

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