terça-feira, maio 24, 2005

A ASSISTÊNCIA NO JOGO COM O VITÒRIA DE SETÚBAL

Eduardo Torres
Penso sinceramente que não se deu o devido apreço às medidas tomadas pelos dirigentes do Belenenses no que respeita à assistência do jogo com o Vitória de Setúbal.

Não se tratou apenas de baixar os bilhetes para preços lógicos e de isentar os sócios da quota extraordinária. Talvez mais importante ainda, foi o facto, já salientado pelo Cruel Pastel Azul, de, finalmente, se ter voltado a pensar a distribuição de lugares no estádio. Ao fim de décadas de desinteresse pela questão, acrescento eu.

É verdade, há décadas que não há no Belenenses uma cultura “de massas!, de “povo”, de fazer do Restelo um lugar entusiástico, eventualmente um inferno (para as equipas adversárias, e no bom sentido, entenda-se). É lamentável que assim tenha sido. Como já tenho escrito repetidamente, falta de entusiasmo traz mais frieza, pouco publico traz mais desertificação (o contrário também é verdade, claro!). Desde 1987 que, época após época, temos menos público! Foram precisos 18 longos anos, durante os quais senti o Belenenses definhar, para, enfim, se reagir.


continua...

O que é o resultado de décadas de indiferença (e de maus resultados e de transmissões televuisivas às carradas, etc.) não se pode agora reverter de um dia para o outro. O público presente, menos de 5.000 pessoas, pode ser considerado decepcionante face às medidas tomadas. Mas, se olharmos de forma mais atenta, verificamos que:

1. Num jogo destes, a feijões, o normal seria estar apenas um terço da assistência que esteve presente;

2. Assim, em vez da desolação, tivemos um estádio relativamente composto, que não envergonhou nem confrangeu (antes impressionou pela sua grandeza e beleza a quem foi pela primeira vez), e com um mínimo de ambiente e calor;

3. Pude verificar que os não “habituais” foram os mais entusiastas a aplaudir e a gritar – gente das filiais, miudagem do Topo Norte a gritar empenhada e repetidamente “Belém!” (senti isso ao vivo pois, na 2ª parte, saí do meu lugar habitual e fui experimentar o Topo Norte), etc. É preciso fazer algo – neste caso continuar a fazer algo – para não estarem sempre apenas os já cansados “rançosos” do costume (nos quais me incluo) e injectar gente com vida e alegria: devolver a chama ao clube!

4. A escassa venda de bilhetes deve-se não só ao pouco interesse que o jogo despertava mas a um aspecto essencial: não se publicitou que, agora sim, os preços eram acessíveis. Só se adere àquilo que se conhece. Nesse aspecto, o teste não foi conclusivo – felizmente. Com publicidade nos jornais, e anúncios em estabelecimentos das zonas de grande implantação do Belenenses, muito mais gente virá. Muitíssimo mais gente, estou convencido! Continuamos a ser o 4º clube em número de adeptos!

5. Claro que, como já disse, não é fácil reverter imediatamente o processo de desertificação. Verificámos, por exemplo, que dadas as medidas tomadas e que fizeram aumentar o público em outras partes do estádio, diminuiu a presença nos sectores de convites da Bancada Nascente. Mas, não tenhamos dúvidas: sem as medidas tomadas, o público seria, no máximo, uns 40% do que esteve presente. Se persistirmos (em vez de desistirmos), se dermos novos passos, se se publicitar (e nisso todos podemos e devemos colaborar também), podemos passar a ter regularmente, mesmo contra equipas de pouca nomeada, assistências na ordem das 10 mil pessoas.

E isso significa ter ambiente, calor e alegria. Mais do que ter muitas vitórias, um grande clube tem muita gente! Queremos ou não ser um grande clube?

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