segunda-feira, maio 09, 2005

A janela da minha avó

Luciano Rodrigues

Era certinho. Vitória do Belenenses implicava bandeira colocada na janela de casa da minha avó, ali na Rua Nova do Calhariz, a caminho das Salésias, a caminho do Restelo… Lembro-me tão bem de sair dos jogos no Restelo e ir com o meu pai a casa da minha avó, e à chegada já ela tinha a bandeira pendurada na janela, anunciando a quem passasse a vitória do nosso clube.

Honestamente, não sei se a minha avó assistiu a algum jogo do Belenenses no Restelo, ou até mesmo nas Salésias. Lembro-me unicamente de uma vez em que a minha avó nos acompanhou ao futebol, já lá vão 16 anos. Foi na final da Taça de Portugal disputada no Jamor, onde a minha avó esteve a meu lado a gritar pelo nosso Belém, tendo-nos depois acompanhado à Praça do Império, onde foram recebidos os “heróis” azuis. E também ela não conseguia conter a emoção do momento.

Do Belenensismo da minha avó, recordo-me perfeitamente das histórias que contava do meu avô, das vezes em que chegava a casa das Salésias e só tinha vontade de rasgar o cartão… imaginem se ele conhecesse este Belenenses! E lembro-me perfeitamente de ela ouvir, na rádio, os relatos do nosso Belém. Curiosamente, as lembranças que tenho dela a ouvir relatos, trazem-me à memória relatos feitos por Jorge Perestrello.

Hoje em dia, cada vez que passo à porta do nº 36, olho sempre para a janela. E ainda hoje, tantos anos volvidos (a vida corre), continuo a ver aquela bandeira.

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