segunda-feira, dezembro 12, 2005

Inteligência e concentração

L.Rodrigues

Vamos jogar esta noite contra a melhor defesa da Europa! Dito assim, poderia ser um pouco assustador. Mas se pensarmos que essa defesa é composta por Janício, José Fonte, Auri e Nandinho… Ou seja, o Setúbal tem-se valido pelo todo, e não pelas partes. Sintetizando, é um adversário difícil, mas extremamente acessível. Afirmação ambígua? Passo a explicar:

O Setúbal assenta o seu jogo, quer no Bonfim quer fora de casa, numa táctica defensiva que insiste em dar toda a iniciativa de jogo ao adversário, sendo raros os momentos em que, sequer, aposta no contra-ataque. Quando o faz, tem duas cambiantes: ou pela direita, ou pela esquerda.
- pela esquerda, utiliza normalmente 3 jogadores: o médio-volante que dá início ao ataque e coloca a bola na ponta esquerda e que rasga pelo meio, o homem que recebe a bola na esquerda e a conduz pelo meio-campo adversário até que a meio do meio-campo cruza e o ponta-de-lança que se encosta aos centrais, fazendo-se valer do seu poderio físico. Nos casos em que o contra-ataque tem uma pausa, regra geral no momento em que o jogador que recebe a bola na ponta esquerda se encontra frente a frente com o lateral, o médio direito ou Janício, lateral direito muito rápido, sobe e entra pelo lado direito. O homem da esquerda, nestes casos, acaba por puxar sempre a bola para o pé direito e corta-a para a área. Se sair largo, ou em caso de corte, um colega estará na outra ponta ou o homem que lançou o ataque (geralmente Dembelé) está à espera de ganhar a 2ª bola.
- pela direita, geralmente aposta em contra-ataques mais directos e com menos intervenientes, sendo que o meio-campo lança a bola na ponta direita (ou no extremo ou em Janício se este estiver a subir) e este conduz a bola individualmente o mais que possa até despejar para a área.

Muita atenção à pressão do Setúbal, que após estes contra-ataques é geralmente muito alta, feita pelos homens que subiram, à excepção de Janício, com Ricardo Chaves a encostar muito alto. Isto faz com que normalmente os adversários tenham de trocar a bola entre a defesa, não conseguindo sair imediatamente para o contra-ataque, pausando o jogo e permitindo o restabelecimento das marcações.

Defensivamente, o Setúbal é uma rocha, uma vez que é uma equipa muitíssimo concentrada e que, encostada às cordas, defende muito bem e, curiosamente, fazendo muito poucas faltas, evitando ao máximo os contactos, apostando antes na correcta povoação dos espaços.

A receita para vencer em Setúbal será simples, e garantirá, à partida, o empate a zero: jogar defensivamente, entregarmos nós o controlo do bola ao Setúbal, e apostar não na quantidade, mas sim na qualidade dos contra-ataques. Ou seja, apostar no contra-ataque apenas nos momentos em que apanhamos o Setúbal em contra-pé. Nunca entrar em loucuras com subidas de muitos jogadores, desguarnecendo a rectaguarda e, muitíssimo importante, jogar sempre com a razão e não com o coração. Porque a jogar com o coração, o Setúbal é campeão do mundo, honra seja feita aos seus profissionais.

Em suma, precisamos de concentração absoluta e ser muito inteligentes, de forma a garantir o empate e, sendo eficazes, trazer uma vitória importante.

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