quinta-feira, dezembro 29, 2005

Recordação do "15" e do "CM"

L.Rodrigues

Ao ler umas trocas de comentários no Blog Terceiro Anel, em que se falava do jogo Championship Manager (hoje em dia, Football Manager, o “verdadeiro” mudou de nome) e das estrelas desconhecidas do jogo, veio-me uma recordação à memória. Falava-se de nomes que se vieram a mostrar como Quaresma ou Ibrahimovic, e de outros que nunca se mostraram, como Tonton Zola Moukouko ou Kennedy Bakircioglu. E, até mesmo, daqueles que nunca existiram na realidade, de que o exemplo maior é esse mito, Tó Madeira de seu nome, “jogador” do Gouveia.

A esta hora estão aí uns 90% dos bloguistas azuis a pensar que eu ensandeci de vez. Porque raio havia de estar a falar disto???

Em primeiro lugar, porque nos últimos dias tenho vivido perseguido pela ideia de que o Ivanildo vem aío único lado positivo da coisa, é que não é o Carlitos! Sinceramente, até é um miúdo que aprecio, mas o Ivanildo??? Não há por aí nada melhor? Porra, eu nem gosto particularmente do Marco Ferreira, mas ele acabou de rescindir com o Penafiel… ok, tinha decidido que antes de se confirmar, não voltava a falar no assunto, portanto fico por aqui.

Voltando ao tema do dia, lembrei-me de uma história que vem do baú das recordações e me apetece partilhar convosco: afinal é Natal, estamos naqueles dias entre o Natal e o Ano Novo em que nada de especial se passa e já toda a gente tem montes de planos para a noite de passagem de ano e só nós tememos passar a meia-noite na BP do Restelo.

Corria o Verão de 1996 (meu Deus, já lá vão quase 10 anos, parece que foi ontem) e vinha da Baixa no 15, num fim de tarde como tantos outros. Sempre tive um prazer imenso em andar no 15, por toda a “aura” que o envolve e transforma Lisboa num “postal turístico”. “Topar” os carteiristas, ver cinquentões de fugir a piscar o olho a uma sueca, conhecer alguém estrangeiro numa altura em que a Internet pouco desenvolvida estava e a máxima comunicação “on-line” era uma BBS de Miraflores onde jogava Risco e consultar o e-mail de quando em vez (na verdade, durante uns 3 anos recebi 2 e-mails de um amigo Dinamarquês, e o meu e-mail era o do meu irmão!). Escusado será dizer que rara era a viagem no 15 em que não travava conhecimento com um músico Húngaro que ia actuar no CCB ou com um casal de idosos Sul-Africanos encantados com o fim de tarde lisboeta.

Eis então, toda a ligação entre Championship Manager e o “15” . Na altura, havia sido lançado uns meses antes, pela primeira vez, o Championship Manager português, uma edição da desaparecida Bimotor. Era viciadíssimo no jogo e fui Campeão Europeu com o Belenenses 6 vezes em 8 épocas. Na minha equipa pontificavam jogadores como Raul (sim, o do Real Madrid!), Lito, Acuña e Monga (vá, não se riam). Era uma equipa verdadeiramente demolidora.

Ia então eu no “15” quando se senta à minha frente um casal pelos seus 30 anos, com ar estrangeiro. Uns minutos depois, e já lhes estava a dar indicações, pensando serem espanhóis. Depois de lhes explicar o que me perguntaram, rapidamente lhes perguntei de onde eram. Santiago, Chile, foi a resposta. Perguntam-me então se eu conhecia alguém chileno, ao que eu respondi de imediato Ivan Zamorano, apesar do meu primeiro pensamento ter ido para Clarence Acuña, o “patrão” da minha equipa do CM. Mas, afinal, eu tinha contratado o jogador ao O’Higgins (nunca mais na vida conheci um jogador que lá tenha passado), nem eles o deviam conhecer. Cala-te boca.

Perguntaram-me então se eu não conhecia mais ninguém do Chile, e eu aí, a medo, respondi um jogador do O’Higgins chamado Clarence Acuña. Cheio de medo porque não sabia se o raio do jogador chileno não seria uma invenção dos tipos do CM!

Veio então o impensável: o homem desatou a rir-se que nem um perdido, a mulher ficou lívida a olhar para mim, e eu sem perceber o que se passava. Até que a Chilena, muito devagar, me perguntou se eu conhecia o Clarence Acuña, do O’Higgins. Eu disse que sim, e aí descobri que ele era irmão do marido dela!!! De realçar que na altura o Acuña teria uns 20 anos, era desconhecidíssimo, não jogava na selecção e eles estavam do outro lado do mundo. Eu fiquei encantado e eles pasmados! Encontrei o irmão do Acuña no 15!!!

Curioso como um jogo pode trazer-nos tantas memórias. O Championship Manager traz-me muitas memórias ao longo dos últimos 12 anos. Desde o Bari de Gianluca Ricci, ao Hartlepool de Tony Skedd, ao Crewe Alexandra de Danny Murphy ou, ultimamente, ao Belenenses de Marco Aurélio. Em época natalícia, aqui fica o meu reconhecimento pelos milhares de horas de felicidade que o Championship Manager me proporcionou em 12 anos.

Sem comentários: