quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Rui Jorge - Entrevista ao Jornal do Belenenses

L.Rodrigues

Quais são as suas primeiras impressões sobre o Belenenses?
O Belenenses é aquilo que eu já estava à espera. Um clube organizado, com um bom grupo, pelo que foi fácil integrar-me.

Esteve parado nos últimos 6 meses. O que fez durante esse tempo? Pensou abandonar a carreira?
Fiz muita coisa… mas não pensei abandonar a carreira, sempre pensei continuar a jogar. A minha prioridade era sair para o estrangeiro, mas não se concretizou. A partir daí, ponderei continuar em Portugal e, sendo o Belenenses um dos clubes interessados, foi aquele que mereceu a minha preferência. Como é óbvio, durante este tempo nunca parei, porque em alta competição não se pode parar, muito menos durante 6 meses. E fiz outras coisas que normalmente não tenho tempo para fazer, nomeadamente passear com a minha mulher, porque ela trabalha e os fins de semana é um período que eu nunca tenho livre. Portanto, estar ao fim de semana com a família e amigos foi a principal diferença.

Depois de ser finalista da Taça UEFA, passados 2 meses fica no desemprego. Acha que o futebol português é ingrato?
Não sei se será uma característica exclusiva do futebol português. Acho que se passa a nível global, porque o futebol é uma vida muito compacta em que temos cerca de 10 anos para a nossa “vida útil” enquanto jogador e, passado esse tempo, estamos sujeitos a tudo. Mas já o sabemos, pois vemos o que se passou com quem passou essas situações antes de nós. O futebol é ingrato, mas a verdade é que continuo a fazer aquilo que quero e que me dá muito prazer.

O que é que o levou a aceitar o convite do Belenenses?
Tinha outros convites, mas o Belenenses é um histórico do futebol português e tem, quer na estrutura técnica, quer no plantel, pessoas que conheço.

Ainda se sente na posse de todas as suas capacidades?
Sinto que após 6 meses de paragem, vou ter alguma dificuldade em apanhar o ritmo normal. Nunca estive tanto tempo sem competir, portanto também não sei bem como será, mas sei que os meus companheiros me vão ajudar. Evidentemente, ao longo da carreira vamos perdendo algumas capacidades, e não o podemos ocultar. Mas a verdade é que vamos ganhando outras capacidades, apesar de o que se ganha nem sempre compensar o que se perde. Senão, seria toda a gente melhor jogador aos 40 anos que aos 20. Mas acho que ainda posso manter um bom nível exibicional e contribuir para o clube com as coisas que aprendi ao longo dos anos.

E quais são, agora, os seus objectivos pessoais?
Eu não funciono em termos de objectivos pessoais e não os tenho delineado. Durante a minha carreira sempre fui um elemento de grupo, e aqui no Belenenses serei também. Penso que isso é o mais importante no futebol e, se toda a gente perceber isso, as equipas terão muito mais sucesso. Não estabeleço, claramente, objectivos pessoais.

E em termos colectivos?
No imediato, sair desta situação pouco cómoda para o nosso clube é o primeiro objectivo. Depois, logo se vê, mas para já temos de encarar é este objectivo.

Mas o plantel do Belenenses não tem capacidade para muito mais?
Isso é fácil de dizer! Se perguntar às pessoas de Penafiel, Guimarães ou Sporting, dirão exactamente o mesmo. Quando se constrói um plantel, é sempre com o fito de fazer melhor, mas nem sempre se responde às expectativas. Para demonstrar que temos um bom plantel, temos de dentro do campo demonstrá-lo. Até ao momento isso não tem acontecido, esperemos que daqui para a frente altere um bocadinho.

Ainda sonha com a selecção?
Bom, voltamos à questão dos objectivos pessoais. Não sonho, quero é fazer o meu trabalho em prol do Belenenses e, neste momento, acima de tudo competir.

Assinou por ano e meio com o Belenenses, pensa continuar a competir depois do final do contrato?
Como já falámos anteriormente, ainda o ano passado estava na Final da Taça UEFA e depois estive 6 meses sem jogar. O futebol ensinou-me que não se fazem grandes planos e, como é uma vida muito curta, não penso nisso. Penso no próximo treino, no próximo jogo, e isso logo se verá quando chegar a altura.

Partilhe connosco o melhor e o pior momento da sua carreira…
O melhor momento é impossível de definir, tive muitos momentos bons e iria, assim, desvalorizar alguns deles. Já quanto aos piores, mais facilmente são identificáveis. Houve o caso do acidente do Rui Filipe, meu companheiro e que foi um momento muito marcante para mim, mas em termos meramente desportivos será a derrota na final da Taça UEFA, e o facto de eu próprio não ter conseguido jogar essa final da Taça UEFA terá sido o momento mais negativo na minha carreira.

Como tem corrido a ambientação ao balneário?
Todos, sem excepção, têm sido acolhedores e simpáticos, mas também não esperava outra coisa e sei que posso contar com eles.

Para finalizar, uma mensagem aos adeptos do Belenenses…
Confiem na equipa e acreditem que o plantel vai fazer tudo por tudo para vos dar alegrias. Independentemente das coisas correrem bem ou mal, e esperamos sinceramente que corram bem, podem contar com entrega e empenho de todos para que todos nós, adeptos e jogadores, possamos ir para casa satisfeitos. Acreditem que esta é a nossa vida e sentimos muito os resultados.

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