sexta-feira, março 02, 2007

Escrever Direito - Sem Vergonhices...





Há uns tempitos que não escrevia nada mas hoje algo me deu imensa vontade. Bastou ler os resumos do jogo de ontem nalguns jornais desportivos. Em especial a crónica de “O Jogo”…é inacreditável como há coragem para se escrever determinadas coisas como se da mais pura verdade se tratasse. Então não é que o moço de recados destacado para dar a conhecer aos que não estiveram presentes em Braganca, as incidências do jogo (é isso que faz um jornalista, não é?), um tal de Adriano Calh…desculpem…Palhau, termina a sua crónica dizendo que “A equipa lisboeta reentrou mais forte e o Bragança já não tinha a mesma coesão e capacidade de resposta. Não se estranharam, pois, os golos que permitiram a cambalhota no marcador, mas só uma má decisão da equipa de arbitragem fez com que o jogo acabasse mais cedo.”…Oi? “só uma má decisão da equipa de arbitragem fez com que o jogo acabasse mais cedo.”??? Então mas depois, quando faz a análise ao árbitro diz que “Paulo Costa não conseguiu passar ao lado da história do jogo. Aos 69' perdoou um penálti ao Bragança, quando Ximena derrubou Eliseu na área, depois do avançado ter desviado a bola do guarda-redes. Já no final dos descontos, invalidou um golo legal a Josivan, que daria direito a prolongamento.”…Hein? É preciso ter lata, de facto…Então se perdoaram um penalti ao Braganca aos 69 minutos e se no fim do jogo, apenas no fim do jogo, terão anulado um golo ao Braganca, pode-se dizer que “só uma má decisão da arbitragem fez com que o jogo acabasse mais cedo”? Vamos lá pensar, amigo… se o tal penalti de que fala tivesse sido efectivamente marcado, o resultado passaria para 3-1, logo, aí é que o jogo teria, ou podia ter, terminado. E se o Braganca eventualmente fizesse mais um golo, no tal lance alegadamente legal, então ficaria 3-2. De qualquer das formas o jogo só acaba quando o árbitro apita, certo? Vamos lá rever esses conceitos, para ver se depois não escrevemos coisas sem nexo e só para ver se chamamos a atenção com os habituais truques do “coitadinhos que eles são de uma região portuguesa pouco populosa e não mereciam ser prejudicados”…

Mas se continuarmos a ler o diário em causa, deparamo-nos com um justíssimo (!!!) resumo do jogo de Braganca, feito por Fernando Rola, um dos comentadores residentes (afinal o mal vem de cima ou dos lados, como quiserem), no qual é dito que foi um jogo “(…) onde Paulo Costa negou o golo do empate ao Bragança a segundos do fim, inviabilizando o prolongamento.”. Foi, portanto, diz o senhor, “a lei do mais forte”. Que bonito…que bela forma de resumir os 90 minutos de Braganca, sr. Rola…Ora então, o Belenenses, esse clube sem paralelo mundial no que respeita à arte do gamanço, veio retirar ao Bragança as pouquinhas possibilidadezinhas de seguir em frente na Taçinha, essa que é a competição por excelência dos injustiçadinhos, dos fraquinhos e dos oprimidinhos...

Tenho pena, muita pena mesmo, de não ter lido a crónica do comentador em causa, naquelas situações em que fomos violentamente esbulhados em nossa casa, contra equipas mais fortes, entre golos mal anulados, penaltis não assinalados (já chegaram a ser 3 no mesmo jogo), expulsões premeditadas e outras derivações. É que nesses casos nunca somos vítimas. Nunca somos vítimas de um sistema que, só quando interessa, está feito para proteger o mais forte. Começo a concluir que para isso seria necessário estarmos fora da I Liga ou fazer parte de uma cidade com menos de 5.000 habitantes. É que estamos naquela linha ténue em que para a comunicação social não somos carne nem peixe, em que não somos suficientemente coitadinhos (e ainda bem, por um lado) para se levantarem vozes em nossa defesa quando defrontamos equipas do nosso campeonato (em especial aquelas que sabemos) e em que somos grandes o bastante para se resumir o jogo de ontem como “foi a lei do mais forte”…

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