segunda-feira, janeiro 21, 2008

Entrevista a José Anes

Entrevista ao Presidente da Assembleia-Geral do Belenenses, publicada no Correio da Manhã.

José Manuel Anes, presidente da assembleia geral do Belenenses, diz que um castigo de seis pontos ao clube no caso Meyong “seria uma enormidade” e que preferia que as eleições fossem realizadas em Março.

Correio da Manhã – Tentou demover o presidente Cabral Ferreira de se demitir?

José Manuel Anes – É um homem profundamente atingido pela doença. Custou-me ver, porque é um amigo. Era uma decisão irreversível.

– Teve conhecimento do processo de transferência de Meyong?

– Não. Foi um processo que o presidente assumiu numa primeira fase e depois passou a pasta a Carlos Janela. Pode ter havido deficiência de articulação, mas esta é uma história que tem de ser reconstituída. Estou convencido de que, independentemente das falhas técnicas que possam ter havido da parte do Belenenses, há responsabilidades fora do clube, em Portugal e no estrangeiro, de instituições e de particulares. O Belenenses tem direito ao contraditório, não estamos condenados e não estamos numa ditadura.

– O Belenenses deve ser punido?

– Estou convencido de que o clube não vai ser punido. Se fosse, só seria com a Naval. Nunca seis pontos, apenas três.

– Carlos Janela vai depor pelo Belenenses na Liga sobre Meyong...

– Não é surpresa para mim. Sou amigo de Carlos Janela. Presto homenagem à atitude muito digna dele.

– Já há data para as eleições?

– Por mim, seriam já em Março, mas penso que serão em Maio. Se for em Maio, à luz dos estatutos, a direcção completa o mandato e tem automaticamente mais dois anos. Se for antes disso tem de haver novas eleições em 2009. Está nos estatutos.

– Que passos é que Cabral Ferreira vai dar esta semana?

– Entrega-me amanhã [hoje] a carta de demissão. Na quarta-feira vou ter uma reunião no Restelo com o Conselho Geral e logo a seguir vou emitir um comunicado com a decisão sobre a data das eleições. Estou num processo de consulta de opiniões.

– Como analisa a atitude da Liga e da Federação?

– Em qualquer país do Mundo, uma Federação ou Liga não podem apenas organizar um campeonato e receber as quotas. Deveria haver gabinetes de aconselhamento. Não sei o que se passou, mas adivinho que terá havido qualquer falha de aconselhamento, sem excluir responsabilidades de Espanha. O Belenenses não deve arcar com todas as responsabilidades.

– Como vê o eventual regresso de Janela por outra lista?

– Há um conflito vivo que poderá não ser muito aconselhável para que ele integre uma lista, mas isso é uma decisão dele, inerente à condição de associado do Belenenses.

– Falou com Meyong?

Não, nem o conheço pessoalmente. Contudo, estão a ser cerceados ao Meyong os direitos de trabalhador. Tenho muita pena que ele não esteja em condições de jogar.

PERFIL

José Manuel Anes tem 63 anos e é sócio do Belenenses há 52. Licenciado em Química e doutorado em Antropologia Cultural e Social é professor universitário e Criminalista. Iniciado maçon em 1988, foi Grão-mestre da Grande Loja Legal de Portugal de 2001 a 2004.

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