quinta-feira, outubro 02, 2008

Vai um Pastelinho? VII



Amigos belenenses,

A paciência tem limites e a minha esgotou-se na passada segunda-feira. Vejo os jogos do Belenenses e o que é que observo? Uma equipa sem norte, sem fio de jogo, totalmente desorientada no seu posicionamento em campo.Uma equipa esforçada é certo, com alguns argumentos do meio-campo para a frente mas totalmente incapaz de se manter coesa e organizada, chegando a meio da primeira parte a observar-se algo só admissível no final da segunda: uma equipa partida ao meio, apenas com introdução e conclusão, totalmente ausente do indispensável desenvolvimento táctico que, em 80% dos casos, é o responsável pela marcação de golos. Seja qual for a visão de Mior para o nosso futebol, esta anda perdida algures entre o campo nº 2 e o balneário. Em campo somos praticamente zero, e essa é que é a verdade.

Já fui muito criticado (e talvez com razão) por ter aproveitado a pouca qualidade dos nossos reforços para fazer textos com algum humor. Não querendo insistir na mesma tecla (tenho vontade de tudo menos de rir presentemente), cumpre-me todavia esplanar o porquê de o ter feito. Reparem, quando se diz que um central, por exemplo, não está adaptado ao nosso futebol mas que revel aqualidades, normalmente estamos perante uma ausência de ritmo competitivo desse jogador quando confrontado com o futebol europeu, perante factores de desconhecimento táctico ou falta de arcaboiço para as cargas físicas ministradas nos treinos. Todavia, a esse jogador a quem se apontam em simultâneo qualidades e inadaptação, veêm-se pormenores de bom futebol, vê-se capacidade para varrer uma área, vê-se bom jogo de cabeça. Os nossos centrais, acumulando com a inadaptação ao nosso futebol, dão constantemente roscas na bola fazendo-a subir em pirueta de volta à nossa área (não é Sr. Carciano?), são papados em velocidade (o que ainda se desculpa) não se opondo depois aos remates que são feitos à nossa baliza (não é Sr. Mateus?), entram em campo e a primeira coisa que fazem é abalrroar os jogadores adversários, sem pejo ou qualquer vestígio de nexo (não é Sr. Vanderlei?), perdem lances na área em que a sua vantagem é de 6 contra 1 e passam o resto da semana a falar de um fora-de-jogo que (e alguém já os devia ter avisado disso) todos nós sabiamos por antecipação que não seria marcado.

Podem dizer-me, “não estás a dar tempo ao tempo” ou “é uma equipa totalmente nova.” Tretas! Se querem que vos diga, os meus pensamentos futebolísticos actuais, andam centrados nas nossas descidas de divisão e em como, com excepção da super-equipa do Ramos Lopes, todas eram superiores à actual. E andam a questionar-se também sobre quem poderá ser o bombeiro deste verdadeiro incêndio que um senhor de que não quero lembrar o nome mas que cujo apelido é o mesmo que o meu, ateou no Restelo. Jaime Pacheco? Carlos Brito? Marinho Peres! Tragam o homem até ao final da época, ele é brasileiro, ele percebe de bola a rodos e consegue dar moral até a uma equipa que seja a estrela da Liga dos Últimos; e mantenham-no depois por cá, como uma espécie de consultor para o futebol profissional, como uma plataforma segura para ir buscar jogadores ao Brasil, como um homem da casa que só nos sabe dar alegrias.

Quanto ao Casemiro Mior, não lhe tenho rancor nem sequer considero que seja mau treinador. Há coisas que pura e simplesmente não resultam por muitas voltas que lhes queiramos dar. Com este plantel, ele estava praticamente despedido por antecipação e a queda da direcção tornou tudo ainda mais impossível de gerir. Fazendo uma retrospectiva aos nossos resultados a coisa não é preta, é infernal: entre particulares e oficiais fizemos doze jogos. Duas vitórias, três empates e sete(!!!) derrotas. Marcámos nove golos e sofremos dezanove(!!!). As vitórias foram contra os colossos Atlético e Mafra e só por isso não deviam contar, sendo que já levámos chapa 3 do Estrela e do V. Setúbal, com os últimos no Restelo.

Contra equipas que joguem no escalão principal de Portugal ou Espanha, o registo torna-se medonho: 7 jogos, 0 vitórias, 2 empates, 5 derrotas. Golos marcados: 4, golos sofridos: 17 (!!!). Se a isto juntarmos que perdemos com o Leiria da Vitalis no Restelo e também não ganhámos em casa ao Covilhã, eu, se fosse o Mior, não estava à espera que me despedissem, era eu que me enchia de brio por entre o rubor de vergonha da minha cara e me ia embora!

Mas a indemnizaçãozinha é tão choruda não é mister?

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